Na tentativa de se livrar de estoques indesejados e impulsionar as vendas, o comércio eletrônico se mobiliza para fazer uma espécie de “Black Friday” fora de época. Na semana que vem, duas plataformas de comércio virtual, o Buscapé e o Mercado Livre, preparam megaliquidações com descontos anunciados de até 70% em itens como eletrônicos, eletrodomésticos, artigos de informática e decoração, entre outros.
O mote é o dia do consumidor, comemorado em 15 de março. Mas, na prática, a intenção é dar um empurrão nos negócios que andam devagar por causa da crise. Nesta quinta-feira (10), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que as vendas de janeiro caíram 10,3% ante o mesmo mês de 2015. Foi o pior resultado para o mês nessa base de comparação desde 2001.
“Março é um dos meses mais fracos para vendas do 1º semestre porque o consumidor ainda está endividado com as compras de Natal e as liquidações de início de ano”, afirma André Ricardo Dias, diretor do E-bit/Buscapé.
A partir da primeira hora da quarta-feira, dia 16, até a meia-noite, o Buscapé coordena a megaliquidação com 650 lojas participantes, entre as quais estão grandes varejistas do comércio virtual, como B2W e CNova, por exemplo.
Dias diz que no evento deste ano o número de lojas participantes é maior e o desconto também: gira em torno de 50%. Segundo ele, o movimento mais agressivo ocorre, porque o volume de estoque em promoção é maior.
Já o Mercado Livre, que prepara uma liquidação para durar uma semana - entre os dias 14 e 20 de março - informa que vai oferecer descontos de até 70% para mais de 8 mil produtos. São cerca de 350 lojas participantes, entre as quais estão grandes varejistas, como Ricardo Eletro e Extra, por exemplo.
“Os varejistas têm motivos para fazer essa megapromoção”, observa o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabio Bentes. O último dado disponível de estoque apurado pela entidade mostra que, em fevereiro, 30,3% dos varejistas acumulavam estoques acima do desejado.
O quadro é mais crítico para os bens duráveis (34,9%, cujas vendas dependem de crédito e da confiança do consumidor na economia.
“O varejo como um todo continua superestocado e isso contamina o comércio eletrônico”, diz Bentes.
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