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Aumento no número de pessoas à procura de um trabalho, aliado a um corte no número de vagas existentes, contribuiu para o resultado de fevereiro | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Aumento no número de pessoas à procura de um trabalho, aliado a um corte no número de vagas existentes, contribuiu para o resultado de fevereiro| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A taxa de desemprego apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas seis principais regiões metropolitanas do país ficou em 5,9% em fevereiro de 2015. A taxa é a maior desde junho de 2013, quando ficou em 6,0%. O resultado foi ainda o mais elevado para os meses de fevereiro desde 2011, quando a taxa de desocupação estava em 6,4%, segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgados nesta quinta-feira (26) pelo IBGE. Em fevereiro de 2014, a taxa de desemprego tinha ficado em 5,1%.

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Em janeiro, a taxa de desocupação foi de 5,3%. O rendimento médio real dos trabalhadores registrou queda de 1,4% em fevereiro ante janeiro e redução de 0,5% na comparação com fevereiro de 2014.

Renda

A massa de renda real habitual dos ocupados no país somou R$ 50,0 bilhões em fevereiro, um recuo de 2,5% em relação a janeiro. Na comparação com fevereiro de 2014, a massa diminuiu 1,5%.

Já a massa de renda real efetiva dos ocupados totalizou R$ 50,7 bilhões em janeiro, uma queda de 19,8% em relação a dezembro de 2014. Na comparação com janeiro de 2014, houve redução de 1,4% na massa de renda efetiva. O rendimento médio real dos trabalhadores em fevereiro foi de R$ 2.163,20, contra R$ 2.194,22 em janeiro. Em fevereiro do ano passado, a renda média também era maior, R$ 2.174,35.

Procura

A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país está crescendo por causa de um aumento no número de pessoas à procura de um trabalho aliado a um corte no número de vagas existentes, segundo Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Esse crescimento da taxa de desocupação está relacionado ao crescimento da procura e redução da ocupação. Você tem os dois movimentos agindo ao mesmo tempo”, afirmou Adriana.

A taxa média de desemprego no primeiro bimestre aumentou de 4,9% em 2014 para 5,6% em 2015, de acordo com os dados da Pesquisa Mensal de Emprego.

“O que está acontecendo em 2015 diferente de 2014? Ao longo de 2014, o que a gente vinha observando era uma estabilidade na população ocupada. Não tinha expansão de postos de trabalho, mas também não tinha redução. E, em contrapartida, você tinha uma população desocupada que só caía”, lembrou a pesquisadora. “Então, a desocupação não pressionava o mercado de trabalho e também não havia dispensa de trabalhadores ocupados”, acrescentou.

Segundo Adriana, a população ocupada que estava mais estável em 2014 começa a se retrair, enquanto a população que estava desocupava e não pressionava a taxa começa a crescer. Além disso, a migração de pessoas para a inatividade vem contribuindo menos para conter o desemprego.

“O aumento da inatividade em fevereiro foi bem inferior em relação a anos anteriores. A população não economicamente ativa estava crescendo a números mais elevados, agora está crescendo menos, o que pode ter levado a um crescimento na desocupação”, sugeriu a técnica do IBGE.

Inativos

Adriana ressalta que o crescimento da população inativa começou a ocorrer mais significativamente em setembro de 2013. O fenômeno ajudou a conter a taxa de desemprego ao longo de 2014, apesar da estagnação na geração de novas vagas. “O crescimento da Pnea (população não economicamente ativa) foi a tônica de 2014. Continua crescendo, mas num porcentual menor do que aquele que chamava atenção da gente”, avaliou ela.

Em janeiro, houve até recuo na inatividade em relação a dezembro. Em fevereiro, o movimento de alta retornou, mas ainda não significativo estatisticamente, com aumento de apenas 0,4% em relação ao mês anterior.

Outros serviços

A dispensa de 229 mil trabalhadores na passagem de janeiro para fevereiro teve forte influência do segmento de outros serviços, segundo Adriana. A atividade cortou 165 mil empregados, queda de 3,7% no total de ocupados, de acordo com a pesquisa do IBGE. As áreas mais atingidas foram as de transporte, serviços pessoais e alojamento e alimentação.

O segmento de serviços pessoais - que inclui manicure, esteticista e cabeleireiro - dispensou 70 mil pessoas em fevereiro. O setor de alojamento e alimentação demitiu outras 34 mil pessoas. Já o transporte terrestre teve redução de 30 mil vagas. “Alojamento e alimentação é até um setor que não dispensaria tanto (nessa época do ano), porque tem carnaval, férias. Então, de fato, é um movimento que não teria tanto uma (influência da) sazonalidade”, avaliou Adriana.

No caso dos serviços pessoais, a pesquisadora reconheceu que há forte ligação do setor com a renda do trabalhador. O rendimento médio real dos ocupados caiu 1,4% em fevereiro ante janeiro. “É um tipo de atividade onde há um aumento de população ocupada em função de renda”, lembrou ela.

Ainda em relação a janeiro, a indústria contratou 12 mil funcionários em fevereiro, alta de 0,4% no total de ocupados. A construção demitiu 26 mil empregados, queda de 1,6%. O comércio fechou 57 mil vagas, redução de 1,3%. Os serviços prestados a empresas dispensaram 23 mil trabalhadores, recuo de 0,6%. Educação, saúde e administração pública contrataram 18 mil pessoas, alta de 0,5%. Os serviços domésticos absorveram mais 21 mil trabalhadores, alta de 1,5%.

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