O empresário David Neeleman, dono da Azul, pode contar com o crédito oficial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no investimento que promete fazer na aérea portuguesa TAP. A informação foi confirmada por duas fontes que acompanharam a privatização. A participação do banco, inclusive, foi destacada na proposta entregue pelo consórcio Gateway em Lisboa. Os vencedores, porém, ainda não solicitaram o crédito ao banco de fomento brasileiro.
Uma fonte do governo português informou que a proposta vencedora para a compra da TAP declara que há uma linha de crédito do banco brasileiro à disposição e que pode ser usada para financiar o investimento na companhia aérea de Portugal. A menção do crédito à disposição também foi confirmada por uma fonte brasileira ligada ao BNDES.
A proposta entregue pelo fundador da Azul praticamente promete o apoio do banco de fomento na operação. O texto afirma que o BNDES “não é ainda formalmente membro” do consórcio. “No entanto, estamos confiantes de que se juntará ao agrupamento dentro de semanas”, diz o documento entregue ao governo de Portugal pelo consórcio Gateway.
A entrada do BNDES aconteceria por meio de uma linha de crédito existente de apoio à internacionalização das empresas brasileiras. A operação, porém, pode ser polêmica. Vale lembrar que, pelas regras da União Europeia, o controle das empresas aéreas da região deve ser europeu. Portanto, o consórcio vencedor Gateway deverá ter obrigatoriamente 51% do capital de posse de sócios europeus, como o português Humberto Pedrosa.
Mesmo com o controle europeu do consórcio, a operação do banco brasileiro de desenvolvimento foi citada e destacada na proposta de compra da TAP. “Há uma carta de intenção que cita a possibilidade de entrada do BNDES no consórcio. O banco seria uma fonte de financiamento e não um acionista”, confirmou a fonte em Lisboa.
Etapas
Eventual financiamento do BNDES para a TAP precisaria de algumas etapas para ser concretizada. O consórcio Gateway ainda precisa solicitar o crédito e se adequar às condições da operação, explicou a fonte no Rio de Janeiro. “Então, poderíamos considerar eventual operação”, explica. “É bom observar que não há vinculação da proposta, nem comprometimento do BNDES com o consórcio vencedor”, completa a fonte ligada ao banco.
O governo português entendeu a inclusão do BNDES na proposta como “um gesto político” do apoio de Brasília à operação. A análise também é compartilhada no BNDES, mas a fonte esclarece que a linha citada também está à disposição de outras empresas. Procurado, o BNDES informou, via assessoria de imprensa, que não se pronunciará sobre o tema.
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