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Pelo acordo, o consórcio vencedor assumirá as dívidas da TAP, que chegam a 1 bilhão de euros. | Alex Beltyukov/Wikimedia Commons
Pelo acordo, o consórcio vencedor assumirá as dívidas da TAP, que chegam a 1 bilhão de euros.| Foto: Alex Beltyukov/Wikimedia Commons

Transição

Em carta aos funcionários, o presidente da companhia, Fernando Pinto, afirmou que a TAP entra neste momento em um período de transição para depois entrar em um novo ciclo de crescimento. “No mundo atual e no quadro de forte exigência e competitividade, seria cada vez mais difícil a TAP continuar a expandir-se”, disse.

Americano-brasileiro, David Neeleman tem vocação para aviação

  • são paulo

O empresário David Neeleman, de 55 anos, está perto de se tornar dono de sua quinta companhia aérea. A portuguesa TAP será a primeira aquisição de Neeleman, nas demais – as americanas Jet Blue e Morris Air, a canadense West Jet e a brasileira Azul – ele foi um dos fundadores. Vendeu todas as empresas e, até a compra da TAP se concretizar, mantinha apenas o controle da Azul.

Filho de um jornalista americano que era correspondente no Brasil, Neeleman nasceu em São Paulo, mas se mudou para os Estados Unidos aos 6 anos. Ele voltou ao país na adolescência como missionário mórmon, ocasião em que aprendeu a falar português.

A certidão de nascimento brasileira lhe abriu portas em 2008 para montar uma empresa aérea no Brasil, um negócio que tem restrições ao capital estrangeiro. A Azul chegou ao mercado voando com aviões da Embraer, montou uma base operacional no aeroporto de Viracopos. De lá, montou um hub nacional, avançando em direção ao interior do país e, recentemente, ao mercado americano.

O consórcio integrado pelo empresário David Neeleman, dono da companhia aérea brasileira Azul, venceu o processo de privatização da companhia aérea portuguesa TAP. O resultado foi anunciado nesta quinta-feira (11) pelo governo de Portugal, na terceira tentativa de venda da companhia estatal em 15 anos. O grupo de Neeleman propôs um desembolso mínimo de 354 milhões de euros por 61% da TAP, mas o valor pode chegar a 488 milhões de euros, dependendo do resultado financeiro da companhia neste ano. Com parte do negócio, assume as dívidas da companhia, que somam cerca de 1 bilhão de euros.

A compra da TAP foi feita por meio do consórcio Gateway, formado por Neeleman, o empresário português Humberto Pedrosa, do grupo de transporte rodoviário Barraqueiro, e fundos de investimento que também são sócios da Azul. Pedrosa é dono de 50,1% da empresa que comprou a TAP, fatia que enquadra o grupo de investidores nas regras da União Europeia para companhias aéreas, que limita o capital não europeu a 49,9%. O governo português ainda oferecerá uma fatia de 5% da empresa para os trabalhadores da TAP. Além disso, o negócio fechado prevê uma opção de venda da fatia restante na mão do governo para os novos controladores.

O grupo de Neeleman disputava a TAP com o empresário Germán Efromovich, dono da companhia aérea Avianca. O Conselho de Ministros de Portugal informou que avaliou critérios como “reforço de capital, projeto estratégico e valor da transação” para escolher o comprador.

A maior parte dos recursos pagos para comprar a companhia será injetada na própria empresa e o governo português receberá um valor bem menor, que pode variar de 10 milhões de euros a 140 milhões de euros.

“O valor é reduzido, mas é importante. É um valor positivo e não negativo”, disse o secretário de Transportes do governo português e responsável pelo processo de privatização, Sérgio Monteiro, ao comentar que avaliações mostravam que, mesmo com o reforço de capital exigido na licitação, a TAP teria valor econômico negativo entre 36 milhões de euros e 140 milhões de euros.

O consórcio vencedor propõe injetar no curto prazo cerca de 340 milhões de euros na TAP. “A oferta vencedora apresenta mais dinheiro e mais recursos no curto prazo para fazer face aos desafios de tesouraria da TAP”, disse o secretário, justificando a escolha. A venda da TAP ainda será submetida às autoridades regulatórias da concorrência e da aviação de Portugal.

Integração de rotas com a Azul é o maior atrativo do negócio

  • SÃO PAULO

A integração entre as rotas da companhia aérea portuguesa TAP e as da brasileira Azul deve ser o próximo passo do empresário de David Neeleman, que será sócio das duas empresas. Com cerca de 35% de mercado na rota entre Brasil e Europa e com voos para 12 cidades brasileiras, a TAP poderá ser uma forte aliada para encher os aviões da Azul, que atendem cerca de cem municípios no país.

Procurado pela imprensa nesta quinta (11), Neeleman não quis dar entrevista. Em comunicado, ele e o sócio português Humberto Pedrosa disseram que o “compromisso de investimento e crescimento da TAP” é agora a “prioridade” deles.

De acordo com o consultor em aviação Nelson Riet, o maior valor da compra da TAP é justamente a possibilidade de integração com a Azul. “As duas empresas terão uma malha ótima, que pode aumentar a ocupação das aeronaves tanto da TAP quanto da Azul. E, para a Azul, acordos com a TAP poderão dar acesso ao mercado europeu.”

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