O censo de sobrevivência dos pequenos negócios divulgado pelo Sebrae em julho foi comemorado por apontar que a mortalidade das empresas brasileiras, antes de se completar dois anos de atividade, é menor do que em países europeus. Além da observação óbvia de que a realidade econômica da maior parte dos países do velho continente é bem mais dramática que a brasileira, há um aspecto que não pode passar despercebido por empreendedores que é: o fechamento da empresa não é necessariamente algo ruim.
Mesmo conhecedor das adversidades enfrentadas pelas startups e conforme apresentado na coluna "O Vale da Morte das startups brasileiras é ainda maior", é fato que a grande maioria dos pequenos negócios no Brasil permanecem pequenos por anos e anos. Ciente ainda que no país é comum abrir um novo CNPJ para manter o enquadramento no Simples, permanece a constatação de que o empreendedor prefere não "falir" e manter-se numa condição de baixo crescimento, quando na verdade o melhor seria fechar o negócio.
Essa realidade é bastante comum (infelizmente) em nossas incubadoras, nas quais estão incubadas empresas por vezes, há mais de quatro anos. Novamente, independente das inúmeras adversidades, permanecer pequeno por um longo período é uma forte evidência de que há algo a ser ajustado na proposta de valor da startup, já que em última instância não há nenhum cliente comprando! Neste cenário a melhor decisão para o empreendedor sem sombra de dúvidas é fechar a empresa e iniciar um novo negócio.
Tal decisão não deve vista como um atestado de fracasso, mas como uma oportunidade valiosa de aprendizado. No novo negócio, o empreendedor levará uma bagagem importante que certamente permitirá crescimento mais acelerado da nova startup e se isso porventura ainda não ocorrer, a melhor decisão continuará sendo começar de novo.
Felipe Couto, coordenador do Senai Centro Internacional de Inovação
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