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Em um momento de incertezas sobre o comportamento das commodities, especialistas contam com a estabilização dos preços após a tempestade da crise externa. A percepção é de que o forte viés altista dos últimos anos não deve retornar tão cedo, mas a recente queda das cotações limita o espaço para novas desvalorizações acentuadas.

A visão é de analistas e executivos que participaram nesta quarta-feira (17) de seminário sobre o tema em Londres. "As commodities estão sofrendo com os temores sobre a retração da demanda. Não vamos voltar para aquele mercado altista (bull), mas haverá recuperação e estabilização depois que a fase atual passar", afirmou à Agência Estado o presidente do conselho da consultoria GFMS Limited, Philip Klapwijk.

Para ele, as cotações hoje já refletem a perspectiva de desaquecimento do consumo global e começam a representar oportunidade de compra. "Acho que o ouro já atingiu o piso a US$ 750,00 e agora parece desvalorizado", disse. Segundo o executivo, quando a turbulência com a crise no setor financeiro dos Estados Unidos se amenizar, os investidores verão que o dólar e os juros já não são boa opção e começarão a voltar para as commodities. Por isso, projeta o ouro a US$ 900,00 até o final do ano.

"Acho que o petróleo não cai muito mais do que já estamos vendo, desde que a Ásia não seja afetada por uma forte desaceleração", acredita Mark Lewis, diretor da Energy Market Consultants, lembrando que o consumo chinês tem sido o condutor desse mercado "Por enquanto, não temos evidência de retração asiática."

Ele reconhece, no entanto, que o momento é de muita instabilidade. "A palavra correta é medo, há muito medo e incerteza", disse. Não só pela situação delicada dos bancos norte-americanos, mas também porque os parâmetros do mercado de petróleo foram totalmente alterados nos últimos anos, criando uma situação nova e desconhecida. Entre 1985 e 2003, a cotação média do óleo ficou em US$ 20,00. Em 2004, a situação começou a se alterar e quando a commodity chegou a US$ 40,00 muitos achavam que o PIB mundial iria sofrer e esse patamar não se sustentaria. "Mas o mundo não acabou com o petróleo nem a US$ 50,00, nem a US$ 60,00."

Segundo Lewis, desde o ano passado as condições de demanda e oferta têm se mantido praticamente estáveis, mas os preços passaram por oscilações bruscas. Ele avalia que os fundamentos estão por trás do comportamento, mas não deixa de considerar o papel da especulação, já que o volume de participantes "não comerciais" no mercado futuro disparou. Isso colocou muita sensibilidade nos preços, que reagem fortemente aos diversos fatores e acabaram relacionados à trajetória do dólar. "Tenho tentado racionalizar o comportamento do mercado, mas está cada vez mais difícil."

Do ponto de vista do fundamento, ele chama a atenção para o fato de a demanda por gasolina nos Estados Unidos ter começado a desaquecer em maio deste ano. "A redução do consumo de gasolina nos EUA é a forma mais dolorosa de fazer um ajuste de curto prazo no mercado", afirmou, sobre a retração recente da commodity.

Os norte-americanos respondem por 40% da demanda por gasolina no mundo e seus carros usam três vezes mais combustível do que os europeus. Outro mercado que sente os efeitos da perspectiva de desaquecimento é a platina.

O presidente da GMFS Limited, Paul Walker, estima que a demanda vai cair para 7,3 milhões de onças neste ano, de 7,7 milhões de onças em 2007. Como resultado, haverá um pequeno superávit no mercado, após os déficits registrados nos últimos anos. Até então, o aumento da produção de carros a diesel vinha estimulando o preço da platina, usada na fabricação dos catalisadores desses veículos.

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