O período de recessão prolongada no Brasil sugere que a probabilidade de calotes de empresas deve continuar a aumentar no País em 2016 para níveis não vistos desde 2008, ano marcado pela crise financeira mundial, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI) em relatório divulgado nesta quarta-feira (27).
No documento, o FMI avalia a situação do endividamento corporativo de cinco países – Brasil, Colômbia, Peru, México e Chile – e nota que a economia brasileira é a que tem maior risco de crescimento de defaults, influenciada pela recessão histórica no país. Além disso, a queda dos preços das commodities e o alto patamar do dólar também contribuem negativamente para a piora da situação financeira das empresas brasileiras.
Na avaliação do diretor para o departamento de Hemisfério Ocidental do FMI, Alejandro Werner, companhias estatais respondem por cerca de 30% do endividamento das empresas na América Latina. No caso do Brasil, ele citou em entrevista a jornalistas hoje, a situação desafiadora da Petrobras, mas o economista ressaltou ainda que companhias privadas na América do Sul também vêm apresentando deterioração de indicadores.
Para lidar com o maior risco de crédito, os bancos no Brasil podem precisar elevar as provisões para devedores duvidosos e os níveis de capital em 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) durante o período 2016/2017, estima o FMI. A exigência do Brasil é maior do que para a média dos cincos países estudados, que no conjunto podem precisar de 0,5% do PIB em reforços no período.
No Chile e no México, por exemplo, o FMI nota que a probabilidade de aumentos de calotes é baixa neste ano e no próximo, enquanto a Colômbia pode ter alta moderada. Nos cincos países, o estudo do FMI nota que os bancos têm exposição alta ao crédito corporativo nestes mercados. Está em 35% no Chile, cerca de 28% no Brasil e de 8% no México.
Tensões
O FMI adverte no relatório divulgado hoje que, apesar de a situação dos bancos brasileiros parecer sólida no momento, uma continuada piora da economia pode afetar o desempenho dos tomadores de crédito, ou em outras palavras, pode ajudar a aumentar a inadimplência. A situação das empresas vem piorando, o que se reflete na queda de lucro, dos recursos no caixa e aumento dos níveis de alavancagem.
Em um relatório divulgado durante a reunião de Primavera do FMI em Washington, os economistas da instituição alertaram que “tensões” podiam aparecer no balanço dos bancos brasileiros, na medida em que tanto as famílias como as empresas ficaram mais endividados nos últimos anos e a deterioração da economia afetou a saúde financeira dos agentes.
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