Mercado imobiliário
Aluguéis ficam mais caros
Uma consequência natural da menor oferta de imóveis nesta temporada é o aumento nos valores de aluguel cobrados dos veranistas. O delegado do Creci em Matinhos, Michel Wolff, estima que neste ano os valores para locação vão ficar até 20% superiores aos de 2008. Outro fator que também influencia no preço é as férias escolares mais curtas neste ano, em função de mudanças no calendário por causa da gripe A (H1N1), o que deve concentrar o movimento nas praias em janeiro.
O mercado imobiliário do litoral do Paraná passa por uma valorização que coloca fim a uma década de estagnação. Nos últimos 12 meses, houve uma disparada de 60% no valor dos imóveis novos nas áreas mais nobres do município de Matinhos. O preço médio do metro quadrado subiu de R$ 1,4 mil para R$ 2,2 mil.O centro da valorização está na região de Caiobá, onde as placas de "vende-se" se tornaram mais raras e já há escassa oferta de imóveis para alugar. A percepção do mercado é que o processo de retomada do setor já está chegando aos municípios vizinhos de Guaratuba e Pontal do Paraná. Um dos fatores por trás do aquecimento é a nova população de professores e estudantes do Campus Litoral da UFPR, que adquirem imóveis na praia.
A procura maior pelo litoral não tem efeito apenas nos preços dos imóveis novos, mas também no valor de apartamentos e casas usadas. Corretores de Matinhos dizem que, dependendo da localização, os valores estão entre 20% e 40% mais altos do que no ano passado.
Defasagem
O reajuste ocorrido no último ano foi grande, mas agentes imobiliários ressaltam que o mercado ainda está longe de recuperar o que foi perdido na última década. "Nos anos 90, Caiobá era o terceiro metro quadrado mais valorizado do Brasil. Recentemente passou a ficar entre os mais baratos. E só agora que está começando a retomar preço", assinala o proprietário da Imobiliária Lada, Luiz Sérgio Lada, que está no mercado de Matinhos há 13 anos.
"O mercado já melhorou muito, mas está ainda inferior aos R$ 2,6 mil em média da capital. A tendência do litoral é se valorizar em relação a Curitiba, por ser na praia. Do jeito que a coisa vai, em breve alcançamos os valores de lá", diz o diretor da imobiliária Habimar, Amauri Maurutto.
Segundo o corretor, nos anos 90 havia 15 construtoras atuando no mercado de Caiobá. Durante o período de baixa, no entanto, apenas uma permaneceu. "Mas as construtoras estão olhando para as mudanças no balneário, há dinheiro novo entrando, e mais gente vindo negociar terrenos aqui", garante, apontando um grande prédio que está sendo erguido a duas quadras da praia.
Huber da Guia Rosa Filho, sócio da construtora HJ, está no mercado de Matinhos há 15 anos e atesta a recuperação do mercado. "Matinhos não tem mais muita área de expansão, não há muito mais onde construir. E quem tem imóvel não vende, porque percebe que está valorizando", diz.
A construtora Golpar, com sede em Curitiba, trabalhou no mercado de Matinhos entre 1989 e 1999. Saiu no período de baixa, e voltou a atuar no local há pouco mais de um ano hoje, tem dois prédios em construção e dois terrenos com obras em fase de implementação. O sócio da construtora Claudio Dalitz diz estar entusiasmado com as perspectivas da cidade. "Temos percebido a melhora em Matinhos há cerca de dois anos. Dependendo da rua onde você andava, conseguia contar 70 placas de vende-se. Hoje, na mesma rua, vai enxergar no máximo cinco", afirma.
O presidente do Sindicato da Habitação do Paraná (Secovi), Luiz Carlos Borges da Silva, confirma a percepção de revalorização do litoral. "Acabou a liquidação do nosso litoral. Você não vai mais encontrar aquela enxurrada de placas de imóveis à venda", afirmou. "É perceptível que há mais negócios, mais procura e interesse pelo local, e não é apenas para temporada. Este verão, aliás, será um bom teste para medirmos a retomada do interesse das pessoas em Matinhos", completou.
Aluguel
Com a movimentação do mercado de vendas, também caiu a quantidade de imóveis para aluguel. De acordo com o delegado do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Paraná (Creci) em Matinhos, Michel Wolff, cerca de 20% dos imóveis "flutuantes" que costumam ser ofertados para locação no fim de ano foram vendidos na baixa temporada. "A cidade tem uma demanda alta por imóveis, principalmente por causa daquelas pessoas que são vinculadas à universidade. Parte dos imóveis que era ocupada apenas na temporada passou a ter moradores fixos", diz.
Na Habimar, a carteira de imóveis para locação despencou 75% em 12 meses. "Na Praia Mansa, por exemplo, não há imóveis de frente para o mar disponíveis para venda. E isso não só comigo, mas com qualquer corretor", diz Maurutto.
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