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Agronegócio é uma das áreas mais promissoras no mercado de trabalho.| Foto: Michel Willian/Arquivo/Gazeta do Povo

O mercado de trabalho deve andar “de lado” no restante de ano e até o primeiro semestre de 2024. Apesar de o Banco Central já ter iniciado o ciclo de queda nos juros, a expectativa é de que a taxa Selic permaneça em patamares elevados neste ano. Atualmente, ela está em 13,25% ao ano, e a mediana das projeções de mercado indica que terminará 2024 em 11,75%.

A expectativa é de crescimento moderado na população ocupada, que em julho era de 99,3 milhões de pessoas. Esse avanço, porém, pode não ser suficiente para absorver o aumento da força de trabalho, de forma que não se descarta um pequeno aumento na taxa de desemprego nos próximos meses. Segundo o IBGE, a taxa de desocupação recuou para 7,9% em julho, retornando aos níveis do fim de 2022, mas o ponto médio das projeções de mercado para o fim do ano está em 8,2%.

O desaquecimento das contratações é visível no mercado formal. Nos sete primeiros meses do ano, o país gerou 1,2 milhão de empregos com carteira assinada, 28% menos que em igual período de 2022, segundo o Ministério do Trabalho.

Esse caminhar “de lado”, segundo o economista Lucas Assis, da Tendências Consultoria, tem a ver com a atenuação dos fatores positivos para o crescimento econômico, com menor contribuição direta e indireta da agropecuária e o esgotamento dos benefícios gerados pela normalização das atividades presenciais.

Uma reversão desse cenário, de acordo com o economista Rodolpho Tobler, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), somente será visível, na melhor das hipóteses, a partir do meio do ano que vem, com uma retomada da velocidade do crescimento econômico.

Carolina Cabral, executiva da Robert Half, diz que o último trimestre de 2023 vai ser estratégico na definição das contratações para o próximo ano. “É quando as empresas constroem e finalizam seu orçamento de contratações”, explica.

Agronegócio segue em alta

Mesmo com a dissipação dos efeitos da safra recorde, que segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deve atingir mais de 320 milhões de toneladas, a gerente da Michael Page, Juliana Ribeiro, acredita que o bom momento de contratações no agronegócio tem boas chances de continuar.

As expectativas de instituições financeiras e consultorias são de que a produção agropecuária continue crescendo nos próximos anos, ainda que em ritmo mais lento que o visto neste ano. O ponto médio das projeções de crescimento para o PIB do setor em 2024, segundo o boletim Focus, está em 2%.

“A safra recorde impactou no volume de contratações no agronegócio”, diz a especialista em recursos humanos. Os reflexos vão além da produção de grãos ou da indústria alimentícia.

Ela aponta que a demanda também é grande na indústria de papel e celulose; maquinário agrícola; insumos e agritechs.

O perfil cobiçado pelo setor vai além daqueles que têm fortes habilidades técnicas, apontam especialistas em recursos humanos. O mercado do agronegócio também está aberto a áreas como otimização de processos, estruturação de governança, implantação de novas tecnologias e análise de dados. “As pessoas interessadas têm de ter disponibilidade para mudança e um perfil de adaptação a novas tecnologias”, afirma Ribeiro.

Os perfis mais cobiçados nas cidades

Nas cidades, um dos perfis mais cobiçados pelas empresas é o de especialistas. Cabral, da Robert Half, aponta que a taxa de desemprego para esse tipo de profissional está em torno de 3,5%, bem abaixo do desemprego geral medido pelo IBGE, mais próximo de 8%.

“São profissionais com um conhecimento específico e que, muitas vezes, as empresas têm de buscar em outros lugares”, complementa a especialista da Michael Page.

As principais características deles, segundo a Gazeta do Povo apurou, são o foco permanente na inovação, a constante preocupação com atualização, flexibilidade e boas habilidades de comunicação.

A área de tecnologia vive um “boom”, com grandes movimentações de pessoal. “As empresas tradicionais estão à procura de gente”, ressalta Ribeiro. Entre as habilidades mais requisitadas estão conhecimentos em análise de dados (analytics), inteligência artificial, machine learning, indústria 4.0 e automação de processos industriais.

Cabral, da Robert Half, aponta que a transformação tecnológica vem criando novas funções no mercado de trabalho.

Outras áreas em que há grandes possibilidades são as de saúde, devido ao processo de fusões e aquisições pela qual passa o setor; logística; construção civil e infraestrutura. A executiva da Robert Half ressalta que há investimentos programados em grandes obras.

Também são bem demandados profissionais dedicados a controle de custos, especialistas em inteligência comercial, supply chain (compras e armazenamento) e tecnologias de transformação digital. Na área financeira, há bastante espaço para os profissionais dedicados a fusões e aquisições.

Época favorável para temporários

A temporada também é favorável para os empregos temporários, especialmente no varejo. Para Larissa Gonçalves, gerente de operações da Luandre, até mesmo o período que antecede datas importantes que impulsionam o comércio, como a Black Friday, o Dia das Crianças e o Natal, estará aquecido para quem busca uma oportunidade de recolocação.

“Percebemos que as empresas têm aumentado a estrutura de suas operações, o que gera a necessidade de um maior volume de profissionais para suprir essa demanda. Há uma busca muito grande das empresas pelo consumidor”, comenta.

Não há um perfil específico para esse tipo de profissional. “Basta ter 18 anos e o ensino médio. São vagas próprias para quem busca o primeiro emprego”, diz a gerente da Luandre.

A procura por temporários não se restringe apenas às funções operacionais. Há, também, uma procura grande por profissionais mais especializados, para trabalhar em projetos mais específicos, citam as especialistas. Entre essas áreas estão o e-commerce, o atendimento ao cliente e a logística.

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