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A professora Karine Salazar Stencil, no Pequeno Príncipe: “O atendimento aqui é ótimo, os médicos são cuidadosos, mas a espera mata” | Daniel Caron/Gazeta do Povo
A professora Karine Salazar Stencil, no Pequeno Príncipe: “O atendimento aqui é ótimo, os médicos são cuidadosos, mas a espera mata”| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

Errata

Ao contrário do que foi informado no texto original da matéria "O plano é pago, mas o atendimento parece cada vez mais com o do SUS", a adesão ao Sistema Nacional de Atendimento Médico (Sinam), da Associação Médica do Paraná (AMP), não é totalmente gratuita. É preciso pagar uma anuidade de R$ 85 para ter direito à carteirinha e a descontos em consultas, exames e cirurgias. O Sinam fica na Rua Cândido Xavier, 602, Água Verde, e atende pelo telefone (41) 3019-8689.

A informação foi corrigida.

Operadoras põem culpa na alta dos custos e até nos usuários

Mais clientes significam mais receita. A dos planos de saúde mais que dobrou em seis anos, passando de R$ 37,3 bilhões em 2005 para R$ 83,4 bilhões no ano passado. Mas estabelecimentos e operadoras reclamam da alta nas despesas, que acompanha de perto o faturamento, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Leia matéria completa.

Alternativa

Rede própria ajuda a atender à demanda

Parte da solução para a massificação dos planos de saúde está na verticalização dos serviços, ou seja, na construção de estruturas próprias de atendimento por parte das operadoras. A Unimed do Brasil, que reúne 370 cooperativas regionais pelo país, apostou na fórmula e tem hoje a segunda maior rede própria – a primeira é a das Santas Casas, que vem sofrendo com a falta de recursos. Atualmente, são 100 hospitais, 178 pronto-atendimentos próprios e 6.854 leitos próprios da Unimed.

"Há algum tempo já enxergamos a tendência de diminuição de leitos no país e a necessidade de investimento próprio, até mesmo pela dificuldade em se pagar valores mais justos aos prestadores em algumas regiões do país", diz o presidente da entidade, Eudes Freitas de Aquino.

Aquino diz que as cooperativas da Unimed devem alcançar a marca de 19 milhões de clientes até o fim deste ano – eram 15 milhões em 2009. "As cooperativas estão crescendo, mas não no ritmo que gostaríamos. A rede própria é uma forma de atender essa demanda crescente."

Institutos e associações ajudam na hora do aperto

Quem não tem plano e não quer desembolsar o valor integral de uma consulta ou exame pode recorrer a institutos ou associações de profissionais que subsidiam parte dos gastos. O MedPrev é um deles. O instituto, que não cobra adesão e nem mensalidade, concede descontos para consultas e exames particulares.

Para os médicos, a vantagem é a atração de novos pacientes. Em média são 500 pessoas atendidas e 180 carteirinhas emitidas por dia. O instituto se sustenta cobrando um porcentual de cada consulta, para custear o atendimento.

Encaixe

Segundo a gerente de atendimento do MedPrev Curitiba, Rosangela Santos, não é fácil encontrar especialistas como infectologias e reumatologistas, mas mesmo assim o instituto tenta agilizar o atendimento. "Cada profissional encaminha as datas em que pode atender, e vamos encaixando os associados", diz.

Outro serviço similar é o Sistema Nacional de Atendimento Médico (Sinam), que no estado é administrado pela Associação Médica do Paraná (AMP). É preciso pagar uma anuidade de R$ 85 para ter direito à carteirinha e a descontos em consultas, exames e cirurgias. Para aderir, basta ir à sede da AMP, preencher uma ficha de inscrição e apresentar RG, CPF e comprovante de residência. O Med Prev pede o preenchimento de uma ficha cadastral no site e a retirada de uma carteirinha na unidade mais próxima, depois.

Aonde ir

O MedPrev fica na Rua Rua Senador Alencar Guimarães, 229, Centro, e atende pelo telefone (41) 3303-0101. Mais informações em www.institutomedprev.org.br/curitiba. O Sinam fica na Rua Cândido Xavier, 602, Água Verde, e atende pelo telefone (41) 3019-8689. Detalhes no site www.amp.org.br/2011/sinam

Quem tem plano de saúde está encontrando atendimento cada vez mais parecido com o do sistema público brasileiro. Guardadas as devidas proporções – a população que depende do serviço público é 3,25 vezes maior que a clientela de convênios –, o paciente de plano enfrenta longas esperas em pronto-atendimentos e dificuldades para agendar consultas e para fazer exames.

Boa parte desses problemas está ligada ao crescimento do número de beneficiários nos últimos anos, em descompasso com o tamanho da rede assistencial. De 2005 a 2011, enquanto o número de clientes de planos cresceu 33% no Paraná, chegando a quase 2,5 milhões de pessoas, a quantidade de leitos fora do SUS aumentou apenas 10% – eram 229 beneficiários por leito, hoje são 277. O número de hospitais privados também caiu no estado nesses sete anos, de 250 para 210, segundo o Datasus.

A manhã e o início da noite são os horários de pico nos pronto-atendimentos privados de Curitiba. Foi próximo das 20 horas que a reportagem encontrou a professora Karine Salazar Stencil, de 36 anos, na emergência do hospital Pequeno Príncipe, semana passada. Ela estava com a mãe e as duas filhas – a menor, de um ano e oito meses, tinha febre. "O atendimento aqui é ótimo, os médicos são cuidadosos, mas a espera mata. Só para registrar a entrada já é meia hora, imagina lá dentro [na espera dos consultórios]."

De acordo com o coordenador da emergência do Pequeno Príncipe, Nilton Kiesel Filho, o aumento na demanda começou a se intensificar no fim de 2010. "Foi quando decidimos manter o atendimento máximo, de oito consultórios, nos períodos com mais movimento", diz. Foi também em 2010 que o Nossa Senhora das Graças, outro hospital privado que atende crianças na emergência, tomou uma decisão: cortou os adultos do atendimento por planos (com exceção das mães que precisam de serviço obstétrico), dando prioridade aos pacientes infantis.

Médicos versus empresas

Nos dois hospitais, parte dos efeitos sentidos se deve também ao embate de médicos com operadoras por maiores honorários. Alguns profissionais alegam que não estão conseguindo mais manter os consultórios, e por isso fecham os espaços ou optam por privilegiar a clientela particular depois que conquistam um bom número de pacientes. "No caso do pediatra, menos de 1% da demanda resulta em algum procedimento mais caro. A remuneração vem mesmo das consultas, que estão baixas", comenta Kiesel Filho.

As emergências do Vita Batel e do Sugisawa também têm seus momentos de pico. A jornalista Danielle Milarski ficou três horas no primeiro e duas horas e meia no segundo, no dia seguinte, para conseguir ser diagnosticada. "No primeiro dia tive de sair antes de ser atendida porque tinha horário para buscar meus filhos na escola. No Sugisawa tive de voltar ao plantão três horas depois para confirmar o diagnóstico de traqueobronquite com os exames, que não ficariam prontos antes. É uma espera cansativa", desabafa.

"Eu compreendo que a pessoa que procura o hospital quando não consegue marcar uma consulta, mas o paciente não urgente realmente vai esperar uma hora ou mais", comenta o diretor regional do Vita, José Octávio da Silva Leme Neto. Segundo ele, mais de 80% dos pacientes que procuram os pronto-atendimentos da rede são classificados com as cores azul e verde, que significam pouca ou pouquíssima urgência no sistema de triagem.

Colaborou Igor Castanho, especial para a Gazeta do Povo

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