O Bradesco tem até o começo de agosto para fechar a compra do HSBC no Brasil. O prazo para negociar com exclusividade foi obtido na madrugada da terça (21). Se até lá não houver acordo, o Santander volta ao páreo. Há ainda quem aposte numa oferta surpresa do Itaú, que até agora se fez de desinteressado.
Sexto colocado no ranking, o HSBC é o último grande banco à venda no país; tão cedo não deve aparecer chance igual. Sua compra representaria levar de uma só vez 2,3% de um mercado liderado pelo centenário Banco do Brasil, cuja fatia é de 20%.
Com uma rede de 853 agências, uma carteira de clientes de alta renda e receitas de R$ 10,6 bilhões no ano passado, o banco pode ser vendido por um valor entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, segundo cálculos do Credit Suisse.
O detalhe é que a instituição que virou alvo de disputa entre os grandes bancos foi colocada à venda pela matriz em Londres porque não consegue crescer e dá prejuízo.
Quando os britânicos do HSBC chegaram ao Brasil, com a compra do velho Bamerindus no final dos anos 90, analistas de mercado previam que eles dariam uma lição de eficiência nos bancos brasileiros. Mesmo sendo um dos maiores do mundo, não emplacou no país.
O primeiro presidente, Michael Geoghegan, tentou abrir o banco aos sábados, como se faz em outros países, mas seu plano foi derrubado pelos sindicatos de bancários. Ao contrário do espanhol Santander, que cresceu rapidamente com a compra do Banespa e do Real, o HSBC preferiu abrir agências do zero para se expandir.
Esperava crescer vigorosamente com essa estratégia, mas não conseguiu. Mais conservador do que os outros na oferta de empréstimos, ficou para trás dos demais também nesse quesito. Isso tudo fez com que seu custo de operação hoje seja o dobro da média dos grandes bancos.
Nos últimos anos, a direção mundial do HSBC resolveu abandonar os lugares que não fazem diferença para a corporação. Para definir onde ficar e de onde sair, o comando da instituição usou critérios como perspectivas econômicas do país, cenário do setor, custo de funcionamento, retorno para os acionistas. A filial brasileira levou bomba em todos os quesitos.
Custos
Desde que foi colocado à venda, em maio, os analistas de mercado apontam o Bradesco como o favorito na disputa. Para ele, o HSBC seria uma chance de encostar no Itaú-Unibanco, hoje a maior instituição privada do país com 14,5% de participação.
Para o Santander, é a oportunidade de diminuir a distância para o Bradesco. Na análise feita pelo Credit Suisse, a filial brasileira do banco espanhol ficaria com 9,3% de mercado, mais perto do Bradesco, que hoje tem 11%.
O Itaú, na visão dos analistas, poderia entrar na disputa com uma estratégia defensiva, para não deixar o Bradesco, seu maior rival, chegar perto. Sua participação aumentaria para 16,4% . A instituição, no entanto, ainda não fez proposta firme.
Na lógica das instituições financeiras, o fator mais decisivo está na economia de custos que o comprador poderá fazer por meio da incorporação do HSBC.
Cálculos dos analistas apontam que o Bradesco tiraria mais vantagem da operação, com uma economia de custos de cerca de R$ 6 bilhões ao longo de quatro anos. Isso significa que se pagasse R$ 11 bilhões pelo HSBC, na prática a aquisição sairia por R$ 5 bilhões. Para o Itaú, essa economia seria de R$ 5,5 bilhões e, para o Santander, de R$ 4,5 bilhões.
A meta do Goldman Sachs, contratado pelo HSBC para fazer a venda, é concluir o processo até o início de agosto, mas o prazo pode se estender. Se tudo der errado, profissionais ligados ao HSBC dizem que as áreas de negócio, como a seguradora e a financeira, podem ser vendidas separadamente, até que não sobre mais nada no país.
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