Conhecida por ter apenas estudantes mulheres a faculdade Murray Edwards, da Universidade de Cambridge, anunciou que passará a aceitar também alunos nascidos homens. A decisão foi tomada no fim de setembro, e tem gerado repercussão nos últimos dias.
“Muitos de nós na faculdade têm simpatia pela ideia de que gênero não é binário, e se preocupa que as identidades de gênero estreitas e as expectativas asssociadas a eles são danosas tanto para o indivíduo quanto para a sociedade em geral”, afirmou a instituição em um comunicado.
O texto afirma ainda que, a partir de agora, qualquer estudante que se identifica como mulher e “tenha dado passos para viver no gênero feminino” – mesmo não sendo reconhecido oficialmente como mulher pelo governo – poderá concorrer às vagas da faculdade.
As novas regras passam a valer no ano letivo de 2018.
Quebrando a tradição
Cambridge, a quarta universidade mais antiga do mundo (com oito séculos de existência), é também uma das mais conceituadas.
A Murray Edwards, fundada em 1954, era uma das três faculdades da Universidade de Cambridge a se manterem exclusivas para mulheres, e a primeira a fazer essa mudança. As outras duas instituições, Newnham e Lucy Cavendish, mantém a tradição de receber apenas estudantes do sexo feminino.
A decisão da Murray Edwards recebeu elogios de entidades que representam os transexuais, mas também causou críticas não só de conservadores, mas de defensoras dos direitos das mulheres.
A escritora Germaine Greer, que já lecionou na faculdade, afirmou em entrevista ao Telegraph que se a instituição realmente não acredita na existência de dois sexos, não deveria ser uma faculdade exclusiva para mulheres.
Para a militante feminista Victoria Smith, a mudança prejudica a causa das mulheres. “Como nós vamos continuar a separar recursos e oportunidades que são somente para elas se o termo que antes definia o status social delas hoje descreve um sentimento nebuloso?”.
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