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Bono, o filhote da Tuiuti, está com três meses e virou o xodó do curso de Veterinária. | Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
Bono, o filhote da Tuiuti, está com três meses e virou o xodó do curso de Veterinária.| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Técnica é usada para melhoramento genético de animais de competição

Diferentemente do que ocorre na reprodução assistida de bovinos, feita principalmente para a pecuária, a reprodução de equinos ocorre quase exclusivamente para fins de competição – e movimenta muito dinheiro. "Hoje o cavalo é um animal de esporte e essa técnica é desenvolvida, principalmente, em haras de criação", explica o professor Carlos Eduardo Camargo, coordenador do grupo de estudos em reprodução equina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). O preço de um cavalo jovem com boa genética varia de R$ 15 mil a R$ 30 mil.

Segundo o professor, a principal motivação dos criadores para estimular esse tipo de manipulação é o melhoramento genético, a fim de obter animais cada vez mais competitivos, aptos a disputarem corridas e diferentes provas equestres.

À disposição

A transferência de embriões torna-se necessária porque animais de competição devem estar disponíveis o ano inteiro, mas os potros gerados dessas éguas são os mais valiosos. Para resolver o impasse, permite-se que a égua fique prenha, mas, logo que o embrião é gerado, transferem-no para uma "barriga de aluguel". Assim, o filhote de um garanhão e de uma égua campeã pode nascer de uma égua comum, que contará com o repouso e cuidados necessários, enquanto os pais biológicos competem.

Camargo conta que a PUCPR possui três cavalos gerados por inseminação artificial com sêmen congelado e um por transferência de embrião, fruto de um processo igual ao que gerou Bono, da Tuiuti. (JDL)

A fazenda experimental da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) ganhou em março um novo e aguardado morador. Bono é o primeiro potro nascido de inseminação artificial gerado na instituição. Embora o procedimento seja comum em clínicas veterinárias que trabalham com a reprodução de equinos, são poucas as universidades que ensinam a técnica na prática, chegando a gerar um novo animal. O domínio da técnica é um importante diferencial para os estudantes no mercado de trabalho, dizem especialistas.

Conforme conta a coordenadora do curso de Medicina Veterinária, Ana Laura Angeli, a inseminação ocorreu em abril de 2013 e, desde então, os 11 meses de gestação foram cuidadosamente acompanhados pelos alunos. "Havia muita torcida a cada ultrassom", diz. Segundo ela, o momento de maior entusiasmo foi quando a prenhez foi confirmada. O resultado positivo constatava que tanto a inseminação como a posterior transferência do embrião de uma égua para outra haviam sido bem sucedidas.

Todo o processo, que durou pouco mais de um ano, foi conduzido no Centro Rural Universitário – Fazenda Pé da Serra, propriedade rural da UTP em São José dos Pinhais, onde estudantes de graduação e pós-graduação em Veterinária fazem aulas práticas. Foram várias as etapas acompanhadas pelos acadêmicos, como a sincronização do cio de égua doadora e receptora, a inseminação artificial; a coleta do embrião e inclusão em outro útero; e, finalmente, a confirmação da prenhez e o acompanhamento da gestação na receptora.

Realização

Depois de tanto tempo de expectativa, Ana Laura conta que toda a equipe se sente realizada. "É gratificante. As técnicas são delicadas e os riscos de não dar certo são grandes."

Bono está prestes a completar três meses, deve ser um futuro garanhão na fazenda experimental ou em algum haras, mas já se tornou o xodó do curso de Medicina Veterinária da UTP.

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