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Na decisão de quarta-feira foi interessante ir ao Alto da Glória como espectador. Serviu para refletir quantas emoções uma partida de futebol provoca no ser humano.

O clima criado e a paixão transformam as pessoas. Foi uma noite emocionante. Observando os torcedores, lembrei de uma estrofe de Roberto Carlos, "se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi". O antes, o durante e o depois. As transformações quase instantâneas, as reações desiguais, a explosão. Espécie de terapia do grito. No final, a compreensiva frustração coxa-branca. Ninguém tem sangue de barata. Passados esses dias, porém, refletindo sem tanta emoção, creio que os torcedores já entendem de forma diferente.

O amadurecimento glorifica os estágios evolutivos. O Coritiba não perdeu as duas finais da "Copa do Brasil", o Coritiba esteve em duas finais, como Holanda foi três vezes vice-campeã mundial e ganhou respeito por isso. Assim como o Paraná Clube ganhou espaço, embora perdendo uma final da Sul-Minas contra o Grêmio, com o Pinheirão abarrotado. Ou o Atlético, que disputou uma final de Libertadores com o São Paulo, ganhando a mídia de toda a América, embora perdendo o título. Chegar a uma final tem um valor significativo que a nossa cultura esportiva ainda não alcançou, emperrada que está no conceito "ou é campeão ou não vale nada".

Impunidade

Diego Henrique Raab Gonciero, um garoto de 16 anos, torcedor do Paraná Clube, foi assassinado há duas semanas, com um tiro no rosto. O menino estava com vários amigos da torcida organizada Fúria Independente, da qual fazia parte, na frente da sede no Jardim Botânico. Não havia briga, não havia drogas, era apenas uma confraternização. Testemunhas afirmam que passaram três carros disparando contra o grupo, e um deles foi identificado – era um Prisma de cor branca.

Caso morressem dez ou mais torcedores, ganharia as manchetes do mundo, na proporção das chacinas de universidades dos Estados Unidos ou do massacre hediondo ocorrido anos atrás na Escola do Realengo, no Rio. Mas a vítima foi "uma só": Diego. Será que a comoção acontece "apenas" quando ao número de vítimas atinge dois dígitos? Estranha-me o silêncio em torno do caso. Nenhum movimento, nenhuma pista do celerado autor por parte da polícia, nenhum ato de solidariedade pública – além, é claro, dos colegas de Diego. Não foi um disparo acidental. Não foi bala perdida que tirou a vida do garoto. Foram 15 disparos! Uma saraivada de balas contra um grupo enorme e indefeso. E que matou um inocente, desarmado, sem nenhuma passagem policial, de apenas 16 anos.

O monstro que assassinou o menino, está solto. Talvez até indo aos estádios de futebol disfarçado de torcedor.

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