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O episódio envolvendo o empréstimo do Cou­­to Pereira para o Atlé­­tico é apenas mais uma passagem reveladora da pequenez do futebol paranaense. Por aqui, reina uma rivalidade in­­fantil, capaz de transformar um simples aluguel de campo em um conflito colossal.

Invariavelmente, Atlético e Coritiba parecem dois irmãos que não se entendem, já velhacos, porque na meninice um ga­­nhou um pedaço de bolo com um morango a mais do que o outro. Sempre quando há uma discussão entre os dois, birras e chiliques são inevitáveis.

Nada a ver com a tal "rivalidade sadia" – aquela que um dia existiu e acabou engolida pela violência das torcidas (or­­ganizadas ou não). Falo de rancor, ressentimento, etc.

E o problema surge, principalmente, quando esses sentimentos deixam a arquibancada e contaminam os dirigentes, atrasando o desenvolvimento do nosso esporte. Tra­­­te­­mos dos dois casos mais recentes, quando o clubismo besta deu o tom.

O primeiro deles é o da final da Libertadores, em 2005. O Rubro-Negro brigava pelo título e não tinha onde jogar. Isso porque a Baixada não atendia ao regulamento da Conmebol, que exigia capacidade de público para 40 mil pessoas.

Pois bastou o Couto Pereira ser cogitado para o Coxa apressar-se em cravar que, não, o estádio não comportaria a partida – na oportunidade, o clube ainda apresentou um laudo afirmando que o Alto da Glória poderia receber pouco mais de 35 mil pessoas (hoje a capacidade é de 37.182).

Se o Couto conseguiria al­­cançar os 40 mil, não importa mais. É certo que sobrou paixão e faltou entendimento.

Agora, a pendenga da vez, novamente tratando da cessão do estádio alviverde.

Embora já soubesse da ne­­cessidade de sair da Arena, e que, naturalmente, teria de pro­­curar outro campo, Mario Celso Petraglia não titubeou em sacanear o Coritiba, ao fi­­nal do ano passado, chamando-o de "golfinho". "Eles caem [para a Segunda Divisão], voltam e caem", declarou o então candidato a presidente do Atlé­­­­tico.

Não foi a primeira manifestação jocosa do dirigente em relação ao rival. E, aliás, aqui va­­le uma breve digressão. É curioso o comportamento de Petraglia nas redes sociais. O mandatário atleticano não vacila em provocar, insultar ou "trollar" (gíria da internet para alguém cuja atitude consiste somente em desestabilizar) geral, para o delírio da petizada web-maníaca.

Mas, voltando, eis que o Fu­­ra­­cão, impedido de atuar na Bai­­­­xada, por causa das obras pa­­ra a Copa do Mundo, decide utilizar a casa do Coxa. E aí, Pe­­traglia teve de recorrer ao presidente da Federação Para­­na­­ense de Futebol, Hélio Cury. A alegação? "Se pedíssemos ao CFC não seríamos atendidos", contou o cartola rubro-negro. Que coisa, não?

E é desse jeito que o futebol do Paraná segue. Cada vez mais para trás.

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