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Veja quem pagará as obras nos estádios da Copa de 2014 |
Veja quem pagará as obras nos estádios da Copa de 2014| Foto:

Entrevista

Estudo prevê 7 elefantes brancos

Amir Somoggi, diretor da área de Esporte Total da Crowe Horwath RCS.

Dos 12 estádios que serão sedes da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, sete podem se tornar elefantes brancos terminada a competição. As praças de Brasília, Cuiabá, Fortaleza, Manaus, Natal, Recife e Salvador, todas bancadas por dinheiro público, são as fortes candidatas a não ter grande utilidade para as suas comunidades.

O diagnóstico surgiu após um estudo realizado pela Crowe Horwath RCS, sétima maior empresa de consultoria e auditoria do Brasil, sobre "Gestão do Ativo Estádio – Viabilidade econômico-financeira de estádios e arenas para a Copa de 2014". Amir Somoggi, diretor da área de Esporte Total da empresa, explica como contornar esse grave problema que se avizinha dos brasileiros.

O que fará de mais da metade dos estádios elefantes brancos após o Mundial?

O maior problema no aspecto dos estádios é a falta de participação da iniciativa privada e os altos custos das arenas (que inviabilizam a participação privada). Especialmente, em mercados pouco desenvolvidos do futebol. Para que a Copa de 2014 gere o impacto necessário para deixar um legado de longo prazo para o Brasil, o setor privado deve participar ativamente, e realmente há amplo espaço para sua participação. Esse investimento na execução de projetos em megaeventos mostrou, em diferentes países, ser essencial para gerar um efeito multiplicador dos investimentos realizados na economia, especialmente nos estádios.

Leia a entrevista completa.

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O cálculo parece relativamente simples. Primeiro, despeja-se di­­nheiro (bilhões) em estádios e obras de infraestrutura de todo o tipo. Depois, aguarda-se o retorno, normalmente extremamente vantajoso, de todo esse investimento. Finalizada a Copa do Mundo na África do Sul, chega o momento de começarmos a ver, no Brasil, onde essa conta vai parar.

Para o momento, os números do Mundial de 2014 são os seguintes: em um período de 10 anos (2010 a 2019) a competição irá gerar R$ 138 bilhões para a economia brasileira, incluídos neste valor os R$ 33 bilhões bancados pelo país para erguer todo aparato necessário – os resultados foram obtidos por uma consultoria contratada pelo Ministério do Esporte.

A consultoria Ernst & Young, em parceria com a Faculdade Ge­­túlio Vargas, também promoveu uma análise sobre os impactos so­­cioeconômicos da Copa no país. Segundo o estudo, os investimentos relacionados à competição injetarão R$ 142,3 bilhões na economia, apenas entre 2010 e 2014, gerando 3,63 milhões de empregos-ano e R$ 63,4 bilhões de renda para a população.

Não entram nesse cálculo os benefícios chamados de "intangíveis", como uma provável "injeção de auto-estima" no povo brasileiro, visibilidade internacional, consolidação da imagem do país no exterior, etc.

Cenário muito animador, não fosse, digamos, uma "tradição" de empregar mal (ou desviar) recursos públicos no Brasil. Em algumas sedes, já pipocam problemas. Co­mo, por exemplo, em Natal (RN), no projeto do Estádio das Dunas, que será erguido onde atualmente é o Machadão.

O governo local destinou R$ 27 milhões para a empresa Populous (multinacional de arquitetura) e o Grupo Stadia (escritório paulista responsável pelos projetos complementares) sob a justificativa, única, de "notório saber". Manobra que tornou o negócio alvo do Ministério Público do Rio Grande do Norte.

O temor fica ainda maior considerando que não temos ainda sequer a definição dos palcos dos jogos. O Morumbi, em São Paulo (vetado pela Fifa, mas que continua como primeiro plano dos governos municipal e estadual) e a Arena da Baixada, em Curitiba, seguem com a participação na Co­­pa sob suspense. Para piorar, o que foi acertado ainda está muito longe de sair do papel.

Por exemplo, a demolição da Fonte Nova, na Bahia, teve início somente no final do mês passado – sem data para terminar. Nas demais praças em que a bola irá rolar, os trabalhos também estão muito próximos da estaca zero.

Mesmo assim, Ricardo Tei­­­­xeira, presidente da Confede­­­ração Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador da Copa do Mundo no Brasil, tem outra preocupação. "Os três grandes [desafios] que temos são: aeroporto em primeiro lugar, aeroporto em segundo lugar, e aeroporto em terceiro lugar", disse o dirigente, em entrevista coletiva da Fifa, concedida na semana passada, em Johan­­nes­­burgo.

O que ninguém quer é ver a repetição do que aconteceu do Pan-Americano no Rio de Janeiro, quando planos e projetos foram ficando pelo caminho, e o legado foi, basicamente, o desperdício.

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