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| Foto: André Gonçalves/ Gazeta do Povo

Traficante é preso após ‘alarme’

No Centro de Cooperação Policial Internacional (foto), em Brasília, o trabalho é diferente: buscar criminosos internacionais graúdos que vieram à Copa para cometer crimes ou apenas para se divertir. Foi o caso do mexicano José Dias Barajas, cujo rosto aparece na foto, ao lado da palavra captured (capturado, em inglês), de 49 anos, preso na noite de terça-feira, no Rio, com a esposa e dois filhos. Procurado pela Justiça dos EUA por fabricação de drogas, Barajas foi detido no aeroporto do Galeão quando embarcava para Fortaleza para assistir a Brasil x México.

"Ele veio só para acompanhar a Copa", disse a delegada da Polícia Federal brasileira, Tânia Fogaça. A prisão ocorreu após um alerta de "difusão vermelha" feito pelos norte-americanos. O sinal funciona como uma espécie de alarme internacional que pede a prisão de criminosos considerados perigosos.

Outro saldo das operações de inteligência integrada foi a deportação de pelo menos 10 torcedores – nove deles argentinos fichados como "barras-bravas" e um norte-americano condenado por pedofilia. Outro turista dos EUA, dois da Nigéria e dois de Angola que vieram ao Brasil foram extraditados por problemas de documentação.

Parecia tudo na paz entre iranianos e nigerianos no primeiro jogo realizado em Curitiba na Copa de 2014. Parecia para quem não fala persa. As informações de policiais do Irã que acompanharam o jogo no estádio são de que por pouco o tempo não fechou entre as torcidas das duas seleções.

Agentes iranianos que integram o Centro de Coo­­peração Policial Inter­­na­­cional, estrutura de segurança com 280 representantes dos 32 países que participam do torneio, apaziguaram os ânimos. Não foi só o princípio de confusão que passou despercebido: havia bandeiras e camisetas com protestos políticos contra o regime dos aiatolás. Apesar de ter acabado em um monótono 0 a 0, o duelo foi o que teve mais relatos de tensão nas arquibancadas até agora, segundo o chefe do escritório da Interpol no Brasil, Luiz Eduardo Navajas.

"Eles [policiais iranianos] deram o apoio de conversar com a torcida, verificar quem eram as lideranças e acalmar a situação. Aí ficou só mesmo no bate-boca de torcida", disse Navajas. Essa e outras ações invisíveis dos policiais estrangeiros têm evitado a causar confusões em quase todos os jogos.

O quadro de policiais integrados divide-se entre os que ficam fixos em Brasília, na sede do Departamento de Polícia Federal, e outros que circulam durante os jogos. Todos trabalham com os uniformes das polícias de seus países. Na linha de frente, eles têm dois diferenciais de abordagem aos paisanos: a língua e a experiência em identificar situações de risco.

"Nossos policiais já trabalham com as torcidas dos clubes em Portugal, sabem identificar comportamentos e antecipar possíveis problemas", diz o agente português Rodrigo Cavaleiro, que trabalhou em esquemas similares montados para a Copa da África do Sul (2010) e para a Eurocopa Polônia/Ucrânia (2012). Nesse sentido, a farda cria mais identificação e ajuda a inibir aqueles que acham que podem fazer qualquer coisa por estarem fora de seu país.

Legado

De acordo com a delegada da Polícia Federal Tânia Fogaça, o legado deixado pelo trabalho de cooperação policial durante a Copa é o banco de dados. "Diariamente temos checado a identificação de 20 a 25 suspeitos. O que demora uma semana para acontecer, dependendo do país, agora é feito na hora", cita.

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