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Thomas Bach (segundo a partir da direita) tira foto à beira-mar com jogadores da seleção brasileira de rúgbi. | Sérgio Moraes/Reuters
Thomas Bach (segundo a partir da direita) tira foto à beira-mar com jogadores da seleção brasileira de rúgbi.| Foto: Sérgio Moraes/Reuters

Aos 62 anos, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) é um otimista convicto. E esgrimista nato, especialmente quando aborda os temas mais espinhosos que envolvem a organização do maior evento esportivo do planeta. Thomas Bach responde às perguntas sempre mirando um horizonte de sucesso, e aposta todas as fichas no empenho dos organizadores para que nenhum parafuso esteja solto quando o fogo olímpico alcançar a pira no Maracanã. Bach falou por telefone, na semana passada, de Kuala Lumpur, na Malásia, dois dias antes de anunciar Pequim como a sede dos Jogos de Inverno de 2022.

O Pan de Toronto serviu como experiência para a organização dos Jogos do Rio?

Em primeiro lugar, o Pan e os Jogos Olímpicos têm algumas diferenças importantes. Em segundo lugar, cada edição dos Jogos Olímpicos precisa ser autêntica. Nós esperamos, no Rio, Jogos Olímpicos à brasileira, com grande atenção e entusiasmo dos brasileiros, com sua eficiência. O que nós podemos esperar dos Jogos do Rio é que sejam autênticos Jogos brasileiros.

O que são autênticas Olimpíadas do Brasil?

A primeira coisa que eu espero é uma organização excelente. E, em segundo lugar, um público entusiasmado para receber os atletas de 205 comitês olímpicos nacionais. Os atletas estrangeiros já sabem da fama da hospitalidade brasileira.

Faltando um ano para o começo dos Jogos, o que realmente o preocupa?
Thomas Bach chuta de bico nas areias da Barra.Sérgio Moraes/Reuters

O Comitê Organizador sabe muito bem que não há tempo a perder na preparação. Eles devem manter a velocidade e o dinamismo das ações. Eles sabem disso. Eles conhecem o tamanho do desafio. O Brasil já empreendeu os primeiros passos para superar este desafio. E, justamente porque o Comitê Organizador sabe disso, eu estou confiante que, no final, a gente consiga ter excelentes Jogos no Brasil.

Alguns compromissos importantes, como o aumento da limpeza da Baía de Guanabara, estão atrasados. E o estado do Rio passa por dificuldades de caixa. O senhor teme que compromissos olímpicos sejam afetados pelo mal momento da economia brasileira?

A gente sabe que os tempos de crises econômicas são os melhores momentos para tentar acelerar a economia por meio de investimentos em infraestrutura. Portanto, todos esses investimentos em infraestrutura previstos com os Jogos no Rio, no transporte público e em turismo, vão ajudar a economia. E nós vamos deixar um bom legado para o futuro do Rio e do Brasil. Além disso, o COI está aportando US$ 1,5 bilhão para garantir o sucesso dos Jogos. Em relação à limpeza da Baía, a saúde dos atletas e a competição justa são nossas prioridades máximas. Esta é a razão pela qual nós estamos acompanhando este assunto muito de perto e com grande atenção. Nossa comissão de coordenação está em contato quase diário com a organização no Brasil e com as autoridades competentes para certificar que as medidas para assegurar a saúde dos atletas e a competição justa sejam adotadas.

Mas, faltando um ano para os Jogos, a principal obra para aumentar o nível de esgoto tratado da Baía, a chamada galaria de cintura, ainda está longe do fim.

Este é um dos temas importantes que estamos acompanhando. O estado do Rio é o responsável por isso e sabe muito bem que não há tempo a perder! Eles precisam trabalhar muito, muito duro nesta questão para garantir boas condições aos atletas. Nós teremos agora em agosto o evento-teste. A partir deste evento-teste, e dos desdobramentos dele, nós poderemos ter a nossa conclusão para a competição olímpica.

A prova de vela pode mudar de local?

Eu não vou especular agora. Neste momento, nós estamos confiantes que o Comitê Organizador e o estado do Rio vão proporcionar as condições adequadas para a prova.

Como o senhor avalia o volume de gastos com os Jogos do Rio? Estão muito elevados?
Bach: “A maior parte do dinheiro dos Jogos é para o futuro da cidade”Reuters

Você precisa compreender que a maior parte do dinheiro sobre o qual falamos é para o futuro da cidade. Não são gastos com os Jogos Olímpicos, mas, sim, investimentos no futuro do Rio e do Brasil. Você percebe que, no Rio, por muitos e muitos anos, houve uma carência de investimentos em transporte público, por exemplo. O mesmo se aplica à infraestrutura de telecomunicações. Agora, os Jogos Olímpicos servem de catalisador para finalmente ter estes investimentos. Então, em um ano, contado a partir de agora, você terá um Rio, depois das Olimpíadas, melhor do que a cidade que existe hoje. Então, tanto os cariocas quanto a própria economia da cidade terão grandes benefícios a partir desses investimentos. Também são importantes os investimentos em novas áreas para a prática de esportes. O Brasil vai se transformar em um centro esportivo não só do Brasil, mas também da América do Sul. Os brasileiros podem ficar muito orgulhosos não apenas por sediar pela primeira vez os Jogos na América do Sul, mas também pelo legado para os atletas de todos os países do continente.

Mas nem mesmo o legado das arenas de alto rendimento está definido. Ainda não se sabe quais recursos vão garantir a operação das arenas de alto rendimento depois dos Jogos.

Eu estou confiante que essas arenas vão servir aos atletas do Brasil e de outros países (depois dos Jogos). Tenho certeza que tanto a cidade quanto os demais entes vão apresentar um plano de legado que ilustre o quanto estas áreas destinadas à prática de esportes de alto rendimento são importantes.

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