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Calçados são colocados na grama em frente ao Capitólio dos EUA como um memorial para crianças mortas em massacres desde o episódio na escola Sandy Hook, em 2012 | Melina Mara/The Washington Post
Calçados são colocados na grama em frente ao Capitólio dos EUA como um memorial para crianças mortas em massacres desde o episódio na escola Sandy Hook, em 2012| Foto: Melina Mara/The Washington Post

Uma das tragédias inevitáveis da juventude é a tentação de pensar que o que acontece hoje sempre existiu. Em lugar algum isso é mais perceptível do que em nossas reações ao massacre recente em Parkland, na Flórida.

Parte das reações a esses assassinatos são apelos para elevar a idade mínima em que se pode adquirir uma arma de fogo e pela realização de verificações mais completas dos antecedentes dos compradores de armas – em outras palavras, para dificultar a compra de armas. É uma visão que enxerga a disponibilidade fácil de armas como sendo o problema; logo, a solução seria reduzir a disponibilidade delas. 

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A visão segundo a qual a disponibilidade “fácil” seria um problema ignora a verdade histórica americana de que as armas de fogo eram muito mais disponíveis no passado. Com disponibilidade realmente fácil, havia muito menos anarquia e muito menos homicídios cometidos com armas do que o que vemos acontecer hoje. 

Sinto a tentação de perguntar a quem pensa que as armas são o problema atual se eles pensam que, no passado, elas eram mais “simpáticas”.

O que dizer dos apelos pela proibição do chamado fuzil de assalto AR-15? Na verdade, segundo números de 2016 do FBI, fuzis foram responsáveis por 368 dos 17.250 homicídios cometidos nos EUA nesse ano. Ou seja, restrições à aquisição de fuzis fariam pouca ou nenhuma diferença para o índice de homicídios. 

Os líderes do movimento pelo controle de armas sabem disso. Sua luta por leis mais rigorosas em relação às armas fazem parte de uma estratégia maior que visa tornar a posse de armas ilegal. 

A posse de armas não é nosso problema. Nosso problema é um declínio generalizado dos valores morais, algo que não tem relação alguma com armas. Esse declínio abrange o desrespeito por figuras de autoridade, o desrespeito por si mesmo, pouca responsabilização por comportamentos antissociais e a eliminação de ensinamentos religiosos que reforçavam valores morais. 

Examinemos mais de perto os elementos desse declínio. 

Se algum de nossos bisavós ou mesmo avós que morreram antes de 1960 pudesse voltar à vida, não acreditaria ao ver o tipo de comportamento pessoal que lamentavelmente é tão comum hoje. Não acreditaria que crianças e adolescentes podem xingar e agredir seus professores, sem sofrerem consequências. Não acreditariam que alguns distritos escolares, como o de Filadélfia, empregam mais de 400 policiais. 

Quando fiz meus estudos primários e secundários, de 1942 a 1954, a única ocasião em que víamos um policial na escola era durante uma assembleia geral em que tínhamos que ouvir uma palestra maçante sobre segurança. Nossos ancestrais não acreditariam que hoje estamos discutindo sobre se os professores devem ou não andar armados. 

Valor moral

Há outros tipos de comportamento que teriam sido considerados totalmente imorais no passado. Existem empresas como a National Debt Relief, CuraDebt e LendingTree que anunciam que podem ajudar você a evitar pagar suas dívidas. Assim, depois que você e um vendedor acordam uma venda, se você descumprir sua parte do acordo, há empresas que vão ajudá-lo a dar um golpe no vendedor. 

Existem empresas que orientam idosos, mostrando-os como esconder seus bens das autoridades para que eles próprios não precisem arcar com os custos de um asilo. Por exemplo, um viúvo ou uma viúva podem possuir uma casa própria totalmente quitada que vale US$500 mil. Um asilo de idosos pode sair por US$50 mil ao ano. Se a viúva vendesse sua casa, poderia pagar pelo asilo, mas seus filhos não poderiam herdar a casa. Existem firmas que ocultam os bens dela para que ela possa deixar sua casa para seus herdeiros, obrigando, assim, os contribuintes a pagar a conta do asilo. 

Segundo meu modo de pensar, isso é imoral. Mas é tão comum que a maioria de nós nem se surpreende. 

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Existe uma falha moral que está devastando o futuro de nossa nação. Essa falha, que tem a aceitação ampla do povo americano, é a ideia de que o Congresso possui a autoridade de obrigar um americano para servir aos propósitos de outro americano.  Isso não é nada mais nem menos que roubo legalizado e é responsável por aproximadamente três quartos dos gastos federais. 

Para os cristãos entre nós, devemos considerar que, quando Deus deu a Moisés o mandamento “Não roubarás”, ele provavelmente não quis dizer “não roubarás a não ser que conseguires um voto majoritário no Congresso”. 

*Walter E. Williams é colunista do The Daily Signal e professor de economia na Universidade George Mason.

©2018 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.

Tradução de Clara Allain.
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