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Terrance Smith # 48, Eric Fisher # 72, Demetrius Harris # 84 e Cameron Erving # 75, dos Kansas City Chiefs, são vistos se ajoelhando antes do jogo contra os Los Angeles Charges no StubHub Center, em 24 de setembro de 2017, em Carson, Califórnia | Sean M. Haffey/AFP
Terrance Smith # 48, Eric Fisher # 72, Demetrius Harris # 84 e Cameron Erving # 75, dos Kansas City Chiefs, são vistos se ajoelhando antes do jogo contra os Los Angeles Charges no StubHub Center, em 24 de setembro de 2017, em Carson, Califórnia| Foto: Sean M. Haffey/AFP

Neste fim de semana, os mais de 100 jogadores da NFL (a Liga Nacional de Futebol Americano) que se recusaram a ficar em posição de respeito à bandeira durante o hino nacional foram recebidos com vaias de multidões em estádios ao redor do país – de forma merecida. 

Jogando em Londres, os jogadores do Baltimore Ravens e do Jacksonville Jaguars não ficaram em posição de respeito para o hino nacional americano mas ficaram para “God Save the Queen” no território do país contra o qual lutamos para ganhar nossa independência. 

Pior ainda, os jogadores realizaram seu lamentável protesto no National Gold Star Mother’s Day, o dia em que nosso país honra as mães que perderam seus filhos na guerra. Uma mãe Gold Star que teve seu filho morto no Afeganistão disse à CNN no ano passado que quando ela viu pela primeira vez os jogadores se ajoelhando, “meu coração quase parou e eu perdi o fôlego porque a bandeira que eu vejo é a bandeira que envolveu o caixão do meu filho”. Imagine o que ela e outras mães Gold Star sentiram vendo 100 jogadores fazerem o mesmo exatamente no dia em que nosso país escolheu para homenageá-las. 

Muito bem, NFL. 

Em Pittsburgh, apenas um jogador – Alejandro Villanueva – um ex-Ranger do Exército que perdeu irmãos de armas lutando sob aquela bandeira – saiu do vestiário para ouvir o hino em posição. Ele foi criticado pelo seu treinador por fazer isso. A resposta dos torcedores? As vendas da camiseta de Villanueva foram às alturas. 

O que esses jogadores não parecem entender é que americanos deram suas vidas para que eles pudessem ter a liberdade de jogar um jogo de criança como seu ganha-pão. Quando jogadores desrespeitam a bandeira, eles desrespeitam este sacrifício. E não importaria se eles o tivessem feito para protestar contra Donald Trump ou Barack Obama – suas ações seriam igualmente ofensivas. 

Se os jogadores da NFL querem protestar contra o presidente, há muitas outras maneiras de fazer isso. Vá a uma manifestação. Fale no Twitter. Fale à imprensa após o jogo, “Eu defendi os Estados Unidos, mas sou contra Donald Trump”. Mas não mostre desdém pela bandeira. 

Os comentários do presidente Trump estimulando os donos de jogadores a demiti-los caso eles se recusassem a ficar em posição de respeito foram incendiários? Sim. Eles eram politicamente calculados? Sem dúvida. Mas isso não muda o fato de que ele está certo. E não foi ele a iniciar esta briga. Colin Kaepernick e diversos outros jogadores começaram. 

Nas eleições presidenciais de 1988, o republicano George H. W. Bush criticou duramente seu oponente democrata Michael Dukakis por ter vetado um projeto de lei que requeria que professores do estado de Massachusetts liderassem seus alunos no juramento à bandeira. Como presidente, ele propôs uma emenda constitucional proibindo a profanação da bandeira. 

Sim, os atletas têm o direito constitucional de se engajarem em um discurso que é ofensivo a milhões de americanos. Mas a Primeira Emenda não os protege das consequências de seus discursos ofensivos. Não há um direito constitucional de se jogar futebol profissional. Se um jogador da NFL ficasse nas linhas laterais e gritasse insultos racistas, seu discurso seria protegido pela Primeira Emenda. Mas ele também seria demitido. 

O manual de operações da NFL diz que “todos os jogadores devem ficar nas linhas laterais para o hino nacional” e devem “ficar em posição de atenção, olhar para a bandeira, segurar seus capacetes em suas mãos esquerdas e parar de falar” ou enfrentarão punições “como multas, suspensões e/ou a perda de escolha no draft (no caso, uma punição à equipe: o “draft”, que ocorre antes de cada temporada, é a seleção de novos jogadores que se profissionalizam ao sair das equipes universitárias)”. A Liga regularmente penaliza os jogadores por dançarem na end zone (a parte do campo em que se marca o touchdown, pontuação mais alta do jogo), mas permite que eles violem as regras sobre o hino nacional com impunidade. 

A NFL também é seletiva quando se trata do tipo de discurso que ela protege. Em setembro do ano passado, os jogadores dos Dallas Cowboys pediram permissão para usarem adesivos em seus capacetes em homenagem aos policiais massacrados no início daquele ano. A Liga recusou o pedido. Então a NFL não permite que os jogadores expressem seu apoio à polícia com um pequeno decalque, mas os deixa desrespeitar a bandeira distorcendo o trabalho de policiais ao redor do país? 

O comportamento dos jogadores está prejudicando a Liga. A audiência da NFL está em seu ponto mais baixo desde 1998 e a ESPN relata que “os protestos ao hino nacional foram a maior razão pela qual os torcedores assistiram menos jogos na temporada passada, de acordo com uma nova pesquisa divulgada por J. D. Power”. De fato, o “Sunday Night Football” teve seus piores níveis de audiência da temporada neste fim de semana, quando milhões de americanos desligaram seus televisores como repúdio. 

Se a NFL não impedir que seus jogadores desrespeitem a bandeira, então talvez o Congresso devesse fazer uma segunda leitura de alguns dos benefícios federais que a NFL possui. Por Exemplo, a NFL recebe uma isenção especial na lei americana antitruste. Democratas no Congresso têm debatido se a liga deveria ter esta isenção removida por conta de sua fraca resposta às alegações de violência doméstica cometidas por seus jogadores. Talvez republicanos irritados com os protestos ao hino nacional poderiam agora juntar-se a eles? E essa poderia ser também uma boa hora para que ocorressem algumas audiências públicas sobre os esforços da NFL em interferir nas pesquisas dos Institutos Nacionais de Saúde sobre concussões de jogadores. 

No ano passado, o treinador John Tortorella da Liga Nacional de Hóquei (NHL) declarou: “se algum dos meus jogadores sentasse no banco para o hino nacional, eles ficariam sentados lá durante o resto do jogo”. 

Ei NFL, inspire-se na NHL. Todo treinador e dono deveria dizer o mesmo aos seus jogadores.

*Thiessen é ex-redator de discursos do presidente George W. Bush.

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