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Educomunicação e educação inclusiva
| Foto: Imagem cedida pela professora

A ideia que deu origem a cada um dos projetos desenvolvidos pela professora Janisse Mendes Cordova, que há sete anos se dedica ao ensino de alunos especiais da Escola Municipal Nivaldo Braga, em Curitiba, não vem dos livros didáticos. É a partir de assembleias, realizadas com os próprios alunos, que ela descobre os temas de interesse a serem trabalhados em sala de aula. Segundo a professora, o método tem feito a diferença na recuperação da aprendizagem de grupos de estudantes de 8 a 15 anos, com deficiência intelectual leve, com algum transtorno de autismo, ou Síndrome de Down.

“Eu costumo dizer que eu dou o pontapé inicial nos conteúdos. Depois, eu não sei qual direção o projeto irá tomar, porque o protagonismo vem deles. São eles que trazem as temáticas e, por isso, é tão apaixonante”, relata Janisse.

No início deste ano letivo, o tema apresentado foi o fim do racionamento de água em Curitiba, que se estendeu por quase dois anos, no período que ficou conhecido como “a pior estiagem do Paraná dos últimos 100 anos” - uma excelente oportunidade para trabalhar a questão ambiental, conta. Com o apoio de notícias de jornais, artigos sobre o percurso e a captação da água, além de livros paradidáticos, surgiu o projeto “Gota D’Água”, reconhecido pelo Ler e Pensar como uma ação transformadora.

Através do projeto, a escola instalou dois grandes reservatórios de captação de água da chuva, além de implantar o uso de garrafas pet nas caixas dos vasos sanitários, um jeito simples e criativo de economizar água. Graças a essa “gambiarra”, conseguiu-se reduzir em mais de 30% o consumo de água no local. Durante a feira de ciências, “A Gota d’Água” mobilizou não só as duas turmas de alunos especiais da professora Janisse, como também toda a escola Nivaldo Braga.

“Eu sou muito realizada como professora e realmente acredito no potencial da sala de aula como um laboratório para transformar pessoas. Nossos alunos especiais vêm de um insucesso acadêmico e acabam perdendo os vínculos com a aprendizagem, com os professores e com seus colegas. Com o Ler e Pensar, eu encontrei uma forma de trazer conteúdos que, por fazerem parte da vivência deles, faz com que se interessem e estejam abertos a aprender. Eu consigo trabalhar o português, a matemática e até a sustentabilidade com mais facilidade”, destaca.

Segundo Janisse, os resultados têm sido promissores, já que a rotatividade de alunos em sua classe é alta. Rapidamente, os estudantes que chegam com grande déficit de alfabetização conseguem recuperar a aprendizagem e retornam ao ensino regular. A professora reforça que a escrita se torna espontânea porque eles passam a formar opiniões, o que contribui para o desenvolvimento de um cidadão crítico, consciente e preocupado com o futuro.

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