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O primeiro-ministro do Japão e líder do Partido Liberal Democrata Shinzo Abe, coloca rosetas pelos nomes dos candidatos bem sucedidos na eleição de domingo (22) | TORU YAMANAKA/AFP
O primeiro-ministro do Japão e líder do Partido Liberal Democrata Shinzo Abe, coloca rosetas pelos nomes dos candidatos bem sucedidos na eleição de domingo (22)| Foto: TORU YAMANAKA/AFP

A chuva intensa e os fortes ventos trazidos pela passagem do tufão Lan não atrapalharam os planos da coalizão governamental do primeiro-ministro Shinzo Abe, que conquistou uma vitória ressonante nas eleições legislativas antecipadas de domingo, (22), no Japão.  Com isso, o político conservador no poder desde 2012 deve ganhar um novo mandato de quatro anos e se tornar a pessoa que mais tempo ficou no cargo desde a Segunda Guerra (1939-1945). 

De acordo com as pesquisas de boca de urna feitas pelas principais emissoras de tevê e pelos jornais, o Partido Liberal Democrata (PLD) e o aliado Komeito garantiram dois terços das 465 vagas para a Câmara Baixa, que equivale à Câmara dos Deputados no Brasil. 

A rede de televisão NHK projetou que a aliança ficaria com 312 cadeiras - hoje o grupo tem 321, mas 310 já são suficientes para aprovar qualquer proposta do governo. 

É praticamente certo que Abe conquiste seu terceiro mandato, entrando assim para a história como o líder mais longevo do país no pós-guerra, podendo continuar até o ano de 2021. Antes, Abe teve um rápido e desastroso mandato como premiê em 2006 e 2007. 

Com maioria ampla na Câmara, analistas políticos preveem que o primeiro-ministro deva pôr como pauta prioritária uma ambição antiga, rever a Constituição pacifista do Japão. A Carta só permite que o país, derrotado na Segunda Guerra, tenha forças de defesa, e não de ataque. 

A situação, no entanto, pode não ser tão encorajadora para as forças pró-governo. Pesquisas divulgadas neste domingo pelas mídias japonesas mostraram um paradoxo: grande parte da população tem uma frustração acumulada com o governo do primeiro-ministro justamente por causa da ideia irredutível de Abe de querer mudar o Artigo 9 da Constituição, onde é afirmado que o Japão renuncia à guerra. 

Uma das pesquisas, realizada pelo jornal liberal Asahi, apontou que 51% dos entrevistados não queriam que Abe continuasse à frente do país. O contraste em relação aos resultados das urnas é justificado na pesquisa pela falta de uma melhor opção. 

Rival desinflada 

O Partido da Esperança, legenda de direita criada no final de setembro pela governadora de Tóquio, Yuriko Koike, surgiu como uma grande ameaça no começo da campanha eleitoral. Mas as propostas pouco concretas e a decisão de Koike de não concorrer fizeram o partido perder força e, de acordo com a boca de urna, o partido deve ver sua bancada de 57 lugares, ocupados por candidatos recém-convertidos, cair para 49. 

Koike, que está em Paris em compromisso político, fez uma declaração à TV se desculpando pelo fracasso. "Tentamos por as propostas políticas em primeiro lugar, mas acabamos com um resultado duro. Eu me desculpo profundamente por isso." 

Outra surpresa foi o oposicionista Partido Democrata Constitucional do Japão, de centro-esquerda, que deve avançar de atuais 16 assentos para 54 ou até 58, de acordo com as projeções. 

Este é um notável momento para Abe, cujo controle do poder começou a escorregar de suas mãos no final do primeiro semestre, quando uma série de acusações de favorecimentos, gafes e encobrimentos de erros derrubaram sua popularidade. 

Acusado pela oposição de ignorante para continuar no cargo, o primeiro-ministro conseguiu reverter a situação após assumir uma atitude mais rígida contra as ameaças da Coreia do Norte - que chegou a disparar dois mísseis que sobrevoaram o território japonês em testes nos últimos meses. 

A promessa de usar o dinheiro arrecadado com o imposto sobre o consumo na educação e na previdência, ao invés de pagar a dívida interna como previsto também o ajudou nas urnas. 

"Nós não podemos mais nos deixar enganar pela Coreia do Norte. Não podemos sucumbir às suas ameaças. Temos que garantir que os norte-coreanos não tenham outra opção senão mudar sua política e retornar à mesa de negociações", disse Abe no último discurso político antes das eleições. 

Abstenção 

As eleições legislativas, nas quais cerca de 100 milhões de japoneses estão habilitados a participar, foi baixa devido à passagem do tufão. O voto não é obrigatório no país. 

Classificado como "super forte", muitas cidades emitiram aviso de retirada, e os moradores foram encaminhados para abrigos. 

Pouco antes das 20h locais (9h em Brasília), quando se encerrou o pleito, a participação dos eleitores era de apenas 30% em todo o país. No entanto, não estavam sendo computados os votos antecipados, o que é permitido no Japão alguns dias antes da eleição oficial. Um total de 21,4 milhões de japoneses já haviam depositado seus votos nas urnas. 

Ao todo, estima-se que o comparecimento fique em 53,7%, apenas 0,1 ponto acima do recorde negativo registrado em 2014. Mas a apuração definitiva deve atrasar, segundo o governo, por que em algumas ilhas o serviço de balsas foi suspenso por causa do tufão.

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