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Príncipe da Arábia Saudita, príncipe Mohammed bin Salman, cumprimenta o ditador chinês, Xi Jinping, no encontro do G20 de 2016,  em Hangzhou, China.
Príncipe da Arábia Saudita, príncipe Mohammed bin Salman, cumprimenta o ditador chinês, Xi Jinping, no encontro do G20 de 2016, em Hangzhou, China.| Foto: EFE

As relações entre a China e os países árabes começaram 2023 com mais força, depois da visita do ditador chinês, Xi Jinping, à Arábia Saudita, em dezembro. O líder do gigante asiático assinou um acordo de associação estratégica com o príncipe Mohammed bin Salman, e se reuniu com representantes de outras nações árabes.

Através do evento, a China fortaleceu sua posição como principal parceiro comercial da região. O Oriente Médio é especialmente atraente para a China por causa de seu setor de energia: 51% das importações chinesas de petróleo vêm de países árabes, sendo 18% da Arábia Saudita.

Em troca, Pequim oferece desenvolvimento tecnológico, além matérias-primas e incentivo ao ensino da língua chinesa. Os dois países pretendem ainda fazer negócios com a expansão da Rota da Seda, uma série de rotas interconectadas através do sul da Ásia e eram usadas no comércio da seda entre o Oriente e a Europa. Mais de 20 contratos deverão ser assinados entre Riad e Pequim, envolvendo cerca do equivalente a R$ 166 bilhões.

Politicamente, a China adota o princípio de não interferência mútua em assuntos internos como princípio de política externa. Ela também se beneficia disso, pois garante não receber críticas em relação à questão uigure, nem sobre sua intenção imperialista sobre Taiwan.

“Como os dois países são alvos, no cenário internacional, de acusações de descumprimento de normas de direitos humanos, ambos se apoiam em políticas de não-intervenção em assuntos internos”, frisa Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, coronel da reserva do Exército e mestre em estudos de defesa e estratégia na Universidade Nacional de Defesa, em Pequim.

Reações

A expansão do mercado chinês e a consequente diversificação do mercado árabe também apontam para uma reorganização geopolítica. Uma das consequências é que os Estados Unidos perdem espaço na Arábia Saudita e região, apesar de ainda serem o principal escudo do Golfo diante das ameaças regionais, especialmente do Irã.

O príncipe da Arábia Saudita se recusou a aumentar a produção de petróleo bruto sob petição do governo Biden, o que representa uma grande vitória para a China, a maior importadora do produto no mundo.

Por fim, os americanos reagiram à viagem de Xi, através do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional. Washington citou a influência chinesa nos países do Golfo como tendo potencial para "prejudicar a ordem internacional".

O jogo muda também para os iranianos, parceiros dos chineses e antigos rivais dos árabes. China e Irã assinaram, há dois anos, um acordo de parceria estratégica válido por 25 anos.

“O principal ponto a causar irritação em Teerã foi o apoio chinês a uma reivindicação dos Emirados Árabes Unidos de negociar a posse de três pequenas ilhas, controladas pelo Irã e reivindicadas pelos Emirados”, descreve Filho. “Entretanto, a China tenta se equilibrar entre os rivais”, conclui.

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