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 | Gilberto Abelha (JL)/Arquivo
| Foto: Gilberto Abelha (JL)/Arquivo

Eugênio Bucci é professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, é diretor do curso de Pós-Graduação em Jornalismo com Ênfase em Direção Editorial da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Bucci é também autor dos livros Em Brasília, 19 Horas (Record, sobre a Radiobrás) e A Imprensa e o Dever da Liberdade (Contexto, acerca do compromisso do jornalista com a sociedade), entre outros.

Na entrevista a seguir, feita por e-mail, ele fala da principal mudança ocorrida na imprensa desde 1970 e sobre os núcleos de jornalismo que não visam o lucro.

Qual o legado do escândalo de Watergate para os jornalistas?

São muitos. Eu destacaria um deles: o valor do trabalho investigativo – busca, leitura detalhada e checagem de documentos, numa apuração que envolve conversas com fontes especializadas e um trabalho de reportagem que se estende por meses e anos. Esse valor foi reforçado pelo caso e a democracia aprendeu que precisa de jornalistas aptos a esse tipo de tarefa.

Qual é a maior dificuldade que os jornalistas encontram para fazer esse tipo de apuração hoje?

Temos visto outros trabalhos com essas mesmas características. A maior dificuldade talvez seja o tempo. Além disso, é preciso que as redações tenham fôlego para financiar o trabalho longo e que tenham independência política para bancá-lo.

O que mudou na atuação do jornalista hoje, se compararmos com a profissão no início dos anos 1970?

Principalmente o advento dos computadores conectados à internet, o que desafia os jornalistas, que precisam dominar muito mais a tecnologia.

O escândalo Watergate é um dos grandes casos investigativos da imprensa. Temos algum exemplo semelhante no Brasil?

Temos alguns, é claro, mas com muitos traços distintivos. Cito o exemplo das diversas investigações que culminaram com o fim do governo Collor, mas há outros.

O meio modifica o jornalismo investigativo? A queda nas vendas dos jornais impressos pode alterar o futuro dessa prática na imprensa?

Tudo está mudando nesse campo. E, no bojo dessas mudanças, surgem núcleos dedicados ao jornalismo investigativo que têm um modelo de negócio diferente, que não visam lucro. É o caso do ProPublica, nos Estados Unidos.

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