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O ditador da China, Xi Jinping, e o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, em encontro em 2016
O ditador da China, Xi Jinping, e o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, em encontro em 2016| Foto: khamenei.ir/Divulgação/Wikimedia Commons

Depois do ataque iraniano com mais de 300 drones e mísseis a Israel no último dia 13 (dos quais 99% foram interceptados e que não deixaram mortos nem feridos com gravidade), os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra Teerã, medida que a União Europeia também vai impor após acordo divulgado nesta segunda-feira (22).

O Irã é alvo de sanções do Ocidente há décadas, mas segue mantendo seu papel desestabilizador no Oriente Médio e patrocinando o terrorismo internacional. Fica a dúvida: não chegou a hora de tentar algo diferente?

Um ponto importante é que o Irã há tempos aprendeu a contornar as sanções do Ocidente, principalmente por meio da China.

Segundo números da empresa de dados britânica Vortexa, o Irã exportou em média 1,56 milhão de barris de petróleo por dia no primeiro trimestre deste ano, o nível mais alto desde o terceiro trimestre de 2018, e quase toda essa produção teve como destino a China.

“Os iranianos dominaram a arte de contornar sanções”, disse Fernando Ferreira, chefe do serviço de risco geopolítico da consultoria americana Rapidan Energy Group, em entrevista ao Financial Times. “Se o governo Biden realmente quiser causar um impacto, terá que mudar o foco para a China.”

A segunda maior economia do mundo é justamente o alvo de um projeto de lei aprovado na semana passada pela Câmara dos Estados Unidos.

A matéria prevê a aplicação de sanções contra bancos chineses envolvidos em transações para compra de petróleo e produtos petrolíferos com instituições financeiras iranianas submetidas a sanções.

O texto do projeto aponta que hoje cerca de 80% das exportações de petróleo do Irã são enviadas para refinarias independentes na China. Os iranianos respondem por 10% do petróleo comprado atualmente pelos chineses.

Entretanto, o projeto de lei tem um destino incerto no Senado, controlado pelos democratas. Analistas apontam que o governo Joe Biden teme que a proposta possa aumentar ainda mais a pressão sobre os preços internacionais do petróleo.

A consultoria ClearView Energy Partners estimou que as sanções aprovadas na Câmara, se aplicadas, poderiam resultar num aumento de até 20 centavos de dólar por galão nos preços da gasolina.

O megapacote de ajudar militar para Ucrânia, Israel e Taiwan aprovado no fim de semana na Câmara também prevê sanções às exportações de petróleo do Irã.

Dependendo da tramitação dos dois projetos no Senado, Biden poderá ter que passar pelo constrangimento de decidir se veta ou não novas sanções contra o petróleo iraniano?

“Eu não espero que o governo reforce medidas em resposta aos ataques com mísseis e drones do Irã contra Israel, principalmente devido a preocupações [de que] poderiam levar a aumentos nos preços do petróleo”, disse Kimberly Donovan, especialista em sanções e combate à lavagem de dinheiro do think tank Atlantic Council, à agência Reuters.

Ela destacou que as sanções relacionadas ao petróleo já impostas pelos Estados Unidos ao Irã (retomadas por Donald Trump em 2018) não foram aplicadas com rigor nos últimos dois anos. Além disso, as novas sanções impostas pela gestão Biden têm foco em outros setores, não o petrolífero.

“O preço do petróleo e, em última instância, os preços da gasolina na bomba são um ponto decisivo durante um ano eleitoral”, afirmou Donovan.

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