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Aperto de mão entre o ministro interino de Relações Exteriores de Cuba, Marcelino Medina, e o diplomata-chefe norte americano em Havana, Jeffrey DeLaurentis, marcou o compromisso de reabrir as embaixadas | Alejandro Ernesto/EFE
Aperto de mão entre o ministro interino de Relações Exteriores de Cuba, Marcelino Medina, e o diplomata-chefe norte americano em Havana, Jeffrey DeLaurentis, marcou o compromisso de reabrir as embaixadas| Foto: Alejandro Ernesto/EFE

O presidente Barack Obama anunciou nesta quarta-feira (1º.) a reabertura da embaixada americana em Cuba pela primeira vez em mais de 50 anos e pediu para o Congresso retirar o embargo a Havana. As declarações ocorrem no mesmo dia que a Chancelaria cubana informou que a reabertura ocorrerá em 20 de julho e de os dois líderes trocarem cartas sobre a retomada das relações entre os países.

Esse é o maior passo tomado pelos EUA e Cuba para a formalizar a restauração dos laços diplomáticos, cortados em 1961. Ao mesmo tempo do anúncio de Obama, membros da comunidade cubana em Miami protestaram contra a retomada das relações.

“Nós somos vizinhos, agora podemos ser amigos”, disse Obama. “Americanos e cubanos estão igualmente prontos para avançar. Eu acredito que é hora de o Congresso fazer o mesmo.”

Em Viena, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que “o engajamento é melhor do que se apegar ao passado”. Kerry vai participar da cerimônia em Havana para marcar o momento histórico e levantar a bandeira americana sobre a embaixada em Cuba.

O anúncio foi feito após uma carta de Obama ser entregue a Raúl Castro pelo diplomata-chefe americano, Jeffrey DeLaurentis, ao ministro das Relações Exteriores cubano, Marcelino Medina. O gesto americano foi retribuído pelo chefe da Repartição de Interesses de Cuba em Washington, Jose Ramon Rodriguez Cabañas, que entregou ao número dois do Departamento de Estado dos EUA, Anthony Blinken, uma carta de Raúl para Obama com mensagem semelhante.

Kerry viajará nas próximas semanas a Cuba para abrir embaixada dos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quarta-feira (1º.) que seu secretário de Estado, John Kerry, viajará nas próximas semanas a Havana.

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Desde 1977, os EUA e Cuba têm operado missões diplomáticas chamadas “seções de interesses” nas capitais de cada um sob a proteção legal da Suíça. No entanto, eles não gozam do mesmo estatuto que as embaixadas completas.

As relações entre os dois países tinham sido congeladas desde 1961, quando o governo americano rompeu ligações e impôs um embargo comercial com a ilha comunista. Mas, em dezembro de 2014, EUA e Cuba concordaram em normalizar os laços. Cinco meses depois, em abril, os dois líderes dos países se encontraram na VII Cúpula das Américas e mantiveram conversas históricas.

Na ocasião, Obama e Castro se comprometerem com o pleno restabelecimento das relações bilaterais e o diálogo político construtivo, no que foi classificado por ambos de marco de uma nova era para a região.

Líderes republicanos criticam Obama por legitimar “brutal ditadura” cubana

O presidente da Câmara dos Representantes de EUA, o republicano John Boehner, criticou nesta quarta-feira (1º.) o anúncio do presidente americano, Barack Obama, de restabelecer as relações diplomáticas com Cuba por outorgar “legitimidade” à “brutal ditadura comunista” dos irmãos Raúl e Fidel Castro.

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No entanto, questões importantes em relação à retomada dos laços permanecem sem resolução. Entre elas: discussões sobre direitos humanos; pedidos de compensação por propriedades americanas confiscadas em Havana e danos a Cuba pelo embargo; as possibilidades de cooperação na aplicação da lei, incluindo o tema delicado de fugitivos americanos abrigados em Havana.

Obama também quer que o Congresso revogar o embargo econômico contra Cuba, embora enfrente a resistência dos republicanos e de alguns democratas. Os que se opõem a normalização das relações com Cuba dizem que Obama está recompensando um regime envolvido em graves violações dos direitos humanos.

Histórico

O mais recente marco em um processo de descongelamento entre as relações dos dois países foi iniciado com negociações secretas e anunciada em dezembro do ano passado. Em 17 de dezembro, os dois países afirmaram que a reaproximação era uma maneira de mudar a abordagem de décadas entre os países. No mesmo dia, prisioneiros foram trocados, e foi acordado que outros presos políticos seriam libertados.

Obama adotou medidas executivas para afrouxar as sanções econômicas que pressionam a economia cubana. Havana, por sua vez, se mantém na posição de que ainda é necessário o fim do embargo.

Em maio, os EUA removeram Cuba da lista da lista americana de países que apoiam o terrorismo, abrindo espaço para o governo cubano tomar financiamentos no exterior e expandir negócios e investimentos.

Relações rompidas

Os EUA romperam relações diplomáticas com Cuba em 1959 depois de Fidel Castro e seu irmão Raul liderarem uma revolução para derrubar o presidente Fulgencio Batista e estabelecerem um estado socialista revolucionário com laços estreitos com a União Soviética.

Após uma série de divergências e confrontos diplomáticos após a revolução cubana, os países se viram diante de uma grave crise quando uma força apoiada pela CIA tentou invadir a ilha em 1961, no episódio da Baía dos Porcos, e o presidente Dwight Eisenhower anunciou o fim das relações.

Um ano depois, Cuba decidiu instalar mísseis soviéticos em seu território, dando início à Crise dos Mísseis.

O então presidente John F. Kennedy decidiu impor um embargo econômico e comercial a Havana, que somente aumentou desde então. Sem representação diplomática, as missões de cada país são atualmente intermediadas por embaixadas da Suíça.

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