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A ONU lançou nesta quarta-feira (24) um programa que pode se tornar o embrião de um sistema em que os países ricos pagarão para que os pobres protejam e recomponham suas florestas, o que retardaria o aquecimento global.

Numa primeira etapa, o chamado Programa de Emissões Reduzidas pelo Desmatamento e Degradação Florestal (ERDD-ONU) vai ajudar nove países como Bolívia, Indonésia e Zâmbia a monitorarem, avaliarem e documentarem sua cobertura florestal.

"As florestas valem mais vivas do que mortas e os serviços e benefícios de seu ecossistema valem bilhões, senão trilhões de dólares, desde que os capturemos em modelos econômicos", disse Achim Steiner, diretor-executivo do Programa Ambiental da ONU.

A derrubada de bosques pela madeira ou para abrir espaços agrícolas em países do Terceiro Mundo resulta em quase 20 por cento das emissões de gases do efeito estufa, segundo uma comissão científica da ONU. As árvores capturam dióxido de carbono da atmosfera quando estão vivas, mas liberam esse gás quando apodrecem ou queimam.

Países tropicais tentam transformar o ERDD-ONU em um mecanismo do tratado que venha a suceder o Protocolo de Kyoto, que será negociado ao final de 2009 para entrar em vigor depois de 2012.

A idéia é que a proteção a florestas gere créditos de carbono que podem ser vendidos a países e indústrias que excedam suas cotas de emissões de gases. A Indonésia, por exemplo, poderia receber 1 bilhão de dólares por ano se reduzisse o ritmo da devastação em 1 milhão de hectares por ano, segundo estimativa da ONU.

A União Européia já investe na compra de créditos em projetos de energia limpa nos países em desenvolvimento.

Mas nem todos concordam com esse mecanismo. Barry Gardiner, representante do governo britânico para assuntos florestais, disse em entrevista neste mês que esse sistema tem falhas e seria impopular junto ao eleitorado de países ricos.

Na opinião dele, os países ricos deveriam simplesmente pagar aos países tropicais com base no tamanho das florestas existentes, e quem continuasse destruindo suas matas seria expulso do sistema.

Na turbulenta reunião técnica do mês passado em Gana, vários países manifestaram apoio à inclusão de mecanismos contra o desmatamento no novo tratado da ONU. A Noruega, que busca formas de compensar as emissões do seu próspero setor de gás natural para exportação, já doou 35 milhões de dólares para a fase inicial do ERDD-ONU.

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