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André Ventura e seu partido, o Chega, serão fundamentais para o futuro político de Portugal
André Ventura e seu partido, o Chega, serão fundamentais para o futuro político de Portugal| Foto: EFE/EPA/MIGUEL A. LOPES

André Ventura já um político de direita popular em Portugal e, durante sua campanha para as eleições legislativas do país, realizadas no último final de semana, também se tornou popular no Brasil por ter afirmado que “barraria” a entrada do presidente Lula em seu país caso o seu partido, o Chega, de direita, conquistasse um número de cadeiras suficientes no Parlamento para torná-lo o novo primeiro-ministro português.

O Chega, fundado por Ventura em 2019, não venceu as eleições legislativas, mas mais que triplicou o seu número de deputados no parlamento, saindo de 12 assentos para 48, se tornando, neste momento, a terceira maior força política do país, e uma peça-chave para o futuro da direita portuguesa, que pode até chegar a governar, mas neste momento vive um período de incerteza após o líder da Aliança Democrática (AD), Luís Montenegro, de centro-direita, afirmar que não “queria fechar um acordo com o Chega” para formar um governo devido as posições fortes adotadas pelo partido contra a imigração ilegal.

Nascido em 15 de janeiro de 1983, Ventura iniciou sua carreira política atuando pelo Partido Social Democrata, o PSD, principal partido da atual coalizão de centro-direita, vencedora do maior número de assentos no parlamento. Ventura chegou a ser eleito vereador por este partido, assumindo o cargo em 2017 e renunciando em 2018, ano em que saiu do PSD por se sentir “traído”. Em 2021, o político de direita foi candidato à Presidência de Portugal, alcançando a terceira colocação e mais de 490 mil votos.

Ventura é formado em direito pela Universidade Nova de Lisboa e possui um doutorado em direito público na Universidade de Cork, da Irlanda.

O político português, que se define como um “liberal na economia e conservador nos costumes”, já foi comparado por diversas vezes com o ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), tendo sido apoiado por Bolsonaro e seus filhos durante as eleições legislativas. Bolsonaro inclusive fez um vídeo pedindo votos e apoio para Ventura e o Chega.

Ventura fundou o Chega em 2019 para disputar as eleições legislativas europeias daquele ano. Ele não obteve sucesso, no entanto, alcançou assentos significativas no parlamento português nas eleições legislativas antecipadas que ocorreram no país em 2022, vencidas pelo Partido Socialista (PS).

Ao agradecer o apoio de Bolsonaro, Ventura realizou críticas contra a esquerda portuguesa, que em tese foi a grande derrotada dessas eleições, ao perder assentos no parlamento e tornar difícil o caminho para a ascensão de um novo premiê socialista, cargo que estava sendo ocupado por um membro desse espectro político desde 2015.

Ventura é um forte apoiador de uma reforma constitucional em Portugal e defende a redução do número de deputados no parlamento, a castração química ou física para condenados por estupro ou violência sexual contra crianças, a prisão perpétua, o aumento da pena para condenados por corrupção, a limitação dos cargos de primeiro-ministro e ministros de governo apenas para cidadãos portugueses e o fim da ideologia de gênero.

Durante seu discurso no domingo (10), Ventura afirmou que o Chega havia sido o “grande vencedor da noite eleitoral” e enfatizou a importância de a AD aceitar negociar com seu partido para que um governo de direita assumisse o poder executivo de Portugal.

"Não sabemos ainda como é que esta noite ficará conhecida na história de Portugal, mas há um dado que já temos a certeza: esta é a noite em que acabou o bipartidarismo em Portugal", disse Ventura em referência as últimas disputas entre o PS e o PSD, partido de Luís Montenegro.

“Só um líder de um partido muito irresponsável deixará o PS governar quando temos na nossa mão a possibilidade de fazer um governo de mudança", declarou ele naquele momento.

Ventura já atuou como professor universitário em Portugal e também como comentarista esportivo em um canal de TV, onde ficou bastante popular. Em sua dissertação de doutorado ele criticou o que chamou de “populismo penal” e a “estigmatização de minorias”.

Por vezes sendo taxado como como um político anti-imigração, Ventura é um forte defensor de um controle maior sobre a as fronteiras portuguesas.

Em um discurso proferido em janeiro, Ventura enfatizou a necessidade de um maior controle fronteiriço em Portugal, para que entrassem no país europeu somente aqueles que o “amavam”.

Ventura é um forte crítico de Lula, e as suas falas proferidas contra o presidente brasileiro de esquerda já ocorrem há bastante tempo. No ano passado, quando o presidente brasileiro visitou o país, Ventura disse: "Lula da Silva deve ser condenado por sua proximidade com a Rússia e pela incapacidade de ver o sofrimento do povo ucraniano, contrário à diplomacia que Portugal tem feito e bem, no âmbito europeu, pela sua proximidade à China, pela sua hesitação em condenar as ditaduras sul-americanas que tanta dor, pobreza e sofrimento têm causado, mas sobretudo e acima de tudo, pelo nível de corrupção que representa".

A ascensão de Ventura e do Chega no cenário político português reflete uma mudança significativa na dinâmica de poder neste momento. O resultado das eleições legislativas de 2024 solidifica o partido de direita como uma força a ser reconhecida e Ventura como um nome importante para o futuro político de Portugal.

“Esta vitória tem de ser ouvida em muitos locais do país”, disse o político português em seu discurso realizado no domingo, onde afirmou que seu partido, por ter ampliado seu número de cadeiras no parlamento, era o grande vencedor das eleições legislativas.

“Tem de ser ouvida no palácio de Belém [residência da Presidência] onde um Presidente da República [falando sobre Marcelo Rebelo de Sousa] tentou condicionar à última hora o voto dos portugueses”, disse ele, acrescentando que “este bom povo português sabia o que queria e que não se deixaria condicionar, e quem escolhe o governo de Portugal são os portugueses e mais ninguém”.

Naquele momento, o político de direito afirmou que seu partido “foi o partido mais perseguido em toda a história” e enfatizou que esperava que a grande mídia e analistas repensassem a partir de agora as “palavras que disseram [sobre o partido] desde há alguns anos”.

O futuro político incerto de Portugal começou a ser discutido nesta semana, com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa realizando consultas com os partidos que irão compor o novo parlamento. Luís Montenegro, líder da AD, já comentou sobre formar um governo minoritário sem o apoio do Chega, com quem, ao que tudo indica, não deve querer negociar.

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