• Carregando...

A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) acaba de aprovar um “pacote” de benefícios para os seus servidores concursados, os quais já almejavam isso por muitos anos. Evidentemente não se questiona esses direitos, em tese merecidos – merecidos para os concursados e os que efetivamente se dedicam a suas atividades presenciais na Assembleia, e que não se envolvem com costumeiros desvios de condutas jurídicas, políticas, sociais e morais de determinados representantes do Poder Legislativo. Indubitavelmente, do ponto de vista legal está adequado, mas do ponto de vista social é questionável.

O Poder Legislativo não tem arrecadação ou receitas; recebe seu orçamento do governo do Paraná (um “suborçamento estadual”) e tem liberdade de utilizar o dinheiro público dentro dos parâmetros legais. É como se fosse um bolo em que a fatia da Assembleia é um pouco maior na proporção do item “folha de pagamento”, o que não acontece com a “fatia folha de pagamento” do orçamento do Paraná no tocante aos seus servidores estaduais, principalmente os professores.

É lamentável que determinados deputados façam disso uma bandeira ou escada política para vantagens pessoais, aparecendo na mídia para defender interesses, mais precisamente o futuro voto.

Nós, eu e você precisamos ser mais ativos e participativos na vida política e pública do nosso país

Os professores foram prejudicados no seu merecido salário, historicamente baixo. É muito triste que nossos filhos sejam, na média, educados academicamente por heróis professores, principalmente os dedicados ao ensino básico e médio, que recebem contrapartida financeira muito baixa diante do que merecem. Apesar de lecionar no “privilegiado ensino superior”, não me considero professor. Professor é aquele que ensina, educa e forma cidadãos desde a base do ensino básico e médio, ensinando a ler, escrever, calcular, pensar e outras habilidades, incluindo educação básica e valores éticos e morais.

Os benefícios para os servidores concursados da Alep são socialmente inadequados porque a “fatia do bolo financeiro” dos servidores estaduais e professores foi menor agora e tem sido muito pequena ao longo dos anos, prejudicando em muito os mestres acadêmicos.

Nós precisamos ampliar, organizar e principalmente controlar a arrecadação estadual e replanejar o PPA Estadual (orçamento público), elaborado e aprovado por nós, cidadãos, nossos deputados e nosso governador. Sim: nós, eu e você precisamos ser mais ativos e participativos na vida política e pública do nosso país.

Isso também acontece com os professores municipais: nós deveríamos nos envolver mais, participando ativamente da elaboração e aprovação do orçamento municipal em eventos públicos e cobrando dos vereadores e prefeitos.

Por outro lado, infelizmente e culturalmente, no momento de fazer o orçamento público a força política do Legislativo tem sido sempre muito maior que a força política dos professores em troca de apoio político – refiro-me àquele apoio necessário para que o governador possa governar um estado dividido em diferentes forças políticas e interesses pessoais.

Os competentes professores (não aqueles baderneiros) e os servidores públicos (profissionais concursados e efetivos) têm sido muito prejudicados pela histórica falta de conhecimento e vontade política de planejamento estratégico equilibrado nas diferentes temáticas e funções públicas. Como consequência, quem perde com isso são os cidadãos, principalmente os menos privilegiados social e financeiramente.

O pacote de benefícios aos servidores da Alep, portanto, é legal, mas socialmente inadequado, desequilibrado e quase imoral sob a ótica política partidária e oportunista.

Denis Alcides Rezende, pós-doutor em Administração Pública, é professor da PUCPR e consultor em planejamento privado e público.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]