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 | Luís Macedo/Câmara dos Deputados
| Foto: Luís Macedo/Câmara dos Deputados

O deputado federal Jean Wyllys (PSol-RJ) está sendo acusado de quebra de decoro por ter reagido às agressões verbais praticadas pelos deputados Bolsonaro pai e filho (PSC-RJ e SP). Durante a sessão da Câmara dos Deputados que decidiu pelo impeachment de Dilma Rousseff, Wyllys cuspiu em Jair Bolsonaro, depois de não mais suportar o arsenal de ofensas desse deputado contra sua condição de homossexual.

Jean Wyllys é conhecido pela sua defesa dos direitos da população LGBT, que diariamente resiste à marginalização imposta pelo preconceito. Depois de anos de resistência, a população LGBT aos poucos conquista respeito, com a garantia de direitos básicos, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas ainda há muito a percorrer para que seja reconhecida a plena igualdade entre as pessoas.

O discurso intolerante, que tem em Jair Bolsonaro seu maior representante, ainda tem mostrado sua força

O discurso intolerante e ignorante, que tem em Jair Bolsonaro seu maior representante, ainda tem mostrado sua força. A postura criminosa de desrespeito com a diferença, reiteradamente praticada por Bolsonaro, precisa ser repudiada. Aqueles que sofrem as agressões desse tipo sabem que é insuportável ser desprezado por sua condição humana. É preciso enfrentar essas agressões para que parem de ser naturalizadas.

A naturalização da ofensa contra a população LGBT está na raiz dos crimes praticados contra essas pessoas, como os assassinatos motivados pelo ódio aos gays, a homofobia.

Sem paciência para ouvir os insultos homofóbicos de Bolsonaro, Jean Wyllys reagiu: cuspiu em direção ao deputado que lhe estava dirigindo as ofensas. Agora, a atitude está sendo avaliada, e pode resultar em uma punição contra Jean. Mas toda a situação precisa ser avaliada e, na minha opinião, aquele que provocou a reação também precisa ser julgado.

Em tempos de Natal, o exemplo de Cristo inspira nossa reflexão. Sob esse ponto de vista, Jean Wyllys não teria seguido a máxima cristã de oferecer a outra face diante de uma ofensa. Mas muitos de nós sabemos, em nossa humildade, que também podemos ser incapazes de oferecer a outra face se formos ofendidos na nossa essência. Por isso, não atiro pedras contra quem errou.

Proponho, em defesa de Jean Wyllys, olhar para aquilo que é mais importante: o amor. Enquanto Jean age em defesa do amor à sua condição humana, aqueles que o agridem agem por ódio à essência das pessoas diferentes. E o ódio precisa acabar.

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