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Comunidade haitiana no Brasil teme que conflito seja esquecido durante guerra no Oriente Médio
Comunidade haitiana no Brasil teme que conflito seja esquecido durante guerra no Oriente Médio| Foto: Siffroy Clarens/Agência EFE

A disputa pelas águas do rio Massacre é o capítulo mais recente na crise enfrentada entre Haiti e a República Dominicana que culminou, há um mês, no fechamento das fronteiras terrestres, marítimas e aéreas dominicanas para cidadãos haitianos.

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Segundo o advogado Pierre Bruny, que vive em Maringá, no Noroeste do Paraná, a República Dominicana é destino de milhares de haitianos que optam por deixar o país. O Haiti vive um dos momentos políticos, econômicos e de segurança mais críticos desde o terremoto de 2010 e está sem presidente desde 2021, quando Jovenal Moise foi assassinado em um caso que segue sendo investigado.

Segundo o advogado haitiano, o país está dominado por gangues e pelas milícias e os refugiados migram em debandada para outros destinos na última década. O Brasil é um dos países com maior concentração de haitianos, cerca de 160 mil pessoas, segundo a Agência da ONU para Refugiados (Adnur).

No Paraná, onde existem ao menos 10 mil haitianos, um manifesto foi escrito com o auxílio do advogado, apoiado por outros outros membros da comunidade, referendado pela Embaixada Solidária, uma organização não governamental e sem fins lucrativos, que atua no atendimento de migrantes e refugiados no Oeste do Paraná, onde aproximadamente 6 mil haitianos trabalham em frigoríficos e cooperativas.

Para a coordenadora da Embaixada Solidária, Edna Nunes, que diariamente atende à comunidade haitiana no Oeste do estado, a crise escalonada entre os países caribenhos precisa de atenção diplomática, já que ambos vivem também na iminência de uma guerra.

O advogado Pierre Brunny teme que o conflito entre Haiti e Republicana Dominicana seja negligenciado pela comunidade internacional neste momento de escalada da guerra no Oriente Médio, com a contraofensiva do Exército de Israel em Gaza, após o atentado terrorista do Hamas.

No manifesto, enviado ao governo federal brasileiro, a comunidade pede apoio para uma interferência na situação dos imigrantes haitianos que vivem na República Dominicana por causa do fechamento da fronteira na região caribenha em setembro.

"Levando em consideração que a República Dominicana fechou por tempo indeterminado a fronteira com o Haiti, ampliando o isolamento do país vizinho, que vive uma grande crise. Gangues armadas já controlam a maior parte da capital, Porto Príncipe, situação que leva muitos haitianos a buscar refugio em outros países, como a Republica Dominicana”, afirma o manifesto.

Segundo o documento, os imigrantes haitianos que residem na República Dominicana estão sendo torturados e assassinados "de forma cruel” e que por esta razão, os imigrantes também procuram deixar o país mas acabam mortos com a fronteira fechada.

O documento destaca ainda a necessidade de entidades que trabalham com imigrantes e direitos humanos tomarem conhecimento da situação. “Solicito apoio em caráter institucional para que os cidadãos haitianos possam voltar ao Haiti de forma humana”, reforça a carta.

O presidente da República Dominicana, Luís Abinader, justifica que o fechamento da fronteira aconteceu por causa de uma obra para desviar o curso de um rio comum e posteriormente vender a água a agricultores locais. O Haiti, em sua defesa, diz que tem direitos soberanos para se utilizar dos bens naturais.

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