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Mulheres formam cordão na frente do prédio da Câmara do Rio para receber caixões com corpos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. | Mauro Pimentel/AFP
Mulheres formam cordão na frente do prédio da Câmara do Rio para receber caixões com corpos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.| Foto: Mauro Pimentel/AFP

Uma multidão acompanhou, na tarde desta quinta-feira (15), o sepultamento da vereadora Marielle Franco (PSOL) no cemitério do Caju, no Rio de Janeiro. A cerimônia ocorreu sob gritos e aplausos de políticos, amigos e familiares. A família não permitiu que a imprensa acompanhasse o enterro, que aconteceu por volta das 18 horas. No início da cerimônia, um padre fez uma breve fala e disse que há uma “matança de pobres”.

O velório de Marielle e do motorista Anderson Gomes ocorreu na Câmara Municipal. Muito aplaudidos, os caixões chegaram ao palácio por volta das 14h30, carregados por colegas e políticos, como Chico Alencar e o deputado estadual Marcelo Freixo. Mulheres formaram um cordão na frente do prédio para recebê-los. A cerimônia foi fechada.

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Um ato foi realizado na praça da Cinelândia, em frente à Câmara do Rio. Uma multidão de manifestantes levou flores e cartazes contra a intervenção federal na cidade. Eles também fizeram coro contra a Polícia Militar.

Políticos e colegas da Câmara também estiveram no local. Uma das principais lideranças do PSOL, o deputado federal Chico Alencar fez um discurso na escadaria do Palácio e disse que as famílias pediram uma cerimônia reservada. Ele disse que há “opressão” e pediu uma vigília em memória à vereadora, com “serenidade”.

Os organizadores do ato se revezaram em discursos na frente da Câmara, nos quais repetiram o lema “Marielle, presente”, e na leitura de notas de pesar de movimentos de todo o país. A cantora Zelia Duncan esteve no ato e disse que o momento é de luto e pediu mobilizações de rua. Manifestantes colaram cartazes em memória à vereadora e jogaram tinta vermelha em um monumento e na fachada do prédio da Câmara.

Líderes religiosos participaram do ato e pediram orações. Roberto Cavalcanti, da Assembleia de Deus, disse que o crime representa a morte “da esperança”. “Crime bárbaro, que revela o estado em que a nossa sociedade está. É preciso repensar a necessidade de PM, de proibição das drogas, dessa guerra desnecessária”, disse o ator Caio Blat.

Para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), Marielle lutava contra o “discurso de ódio que diz que bandido bom é bandido morto”. Além do ato na Cinelândia, uma multidão protestou também em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

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Em coro, as pessoas pediam justiça e o fim da Polícia Militar. Na escadaria da Assembleia, carregavam faixas que diziam “Quem matou Marielle Franco?” e “Não Recuaremos, Marielle vive”. Os manifestantes também pediram a saída do presidente Michel Temer e do governador Luiz Fernando Pezão, além do fim da intervenção federal no Rio.

“Sinto uma perda da fé, da crença nas instituições com o que aconteceu”, afirmou Tainá de Paula, 29 anos. “A população negra continua sendo assassinada sem haver consequências”.

Manifestantes vão às ruas do País após morte de Marielle

Milhares de pessoas participam de ato em São Paulo contra a violência que vitimou a vereadora do PSOL.Foto: Miguel Schincariol/AFP

Movimentos sociais e grupos ligados ao PSOL realizam uma série de manifestações em razão da morte da vereadora Marielle Franco. Em São Paulo, de 3 a 5 mil pessoas participem de um ato que começou no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), por volta das 16 horas, para protestar contra o crime. “Marielle, presente!”, gritam os manifestantes.

Estão presentes militantes do PSOL, com bandeiras que representam o feminismo, coletivos feministas, integrantes do sindicato dos professores do Estado, a Apeoesp, entre outros apoiadores. Policiais militares acompanham o ato a distância.

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Não havia bloqueios na via até as 16h30. “Este ato é para mostrar que não vamos desistir da luta de Marielle. Não vão calar a nossa voz. A luta da Marielle se faz presente”, disse um dos manifestantes, no microfone.

Em Salvador, cerca de 2 mil pessoas entre estudantes, professores, representantes partidários ligados à esquerda e participantes do Fórum Social Mundial realizaram na manhã desta quinta-feira um ato de protesto na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Com gritos contra a intervenção federal e pela luta dos negros no Brasil, os manifestantes seguiram pelas ruas com cartazes e faixas.

A representante da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa (Amped) Maria Luiza Süsssekind disse que “é triste ver como se matam pessoas”. “Precisam investigar o que aconteceu com clareza. Estamos aqui por Marielle e pelo motorista.” O professor da UFBA Francisco Pereira destacou a importância de se esclarecer o crime.

“Não se pode sair matando pessoas que lutam pelas causas justas. Que tem coragem de expor o lado em que estão.” Os organizadores do ato são representantes do grupo Povo Sem Medo, que surgiu em 2016.

“Que fique claro que não estamos aqui somente por Marielle, mas pelos negros lutadores e batalhadores, pelas perdas dos trabalhadores neste regime, pelo motorista também assassinado e contra essa farsa da intervenção no Rio de Janeiro”, afirmou Vitor Aicau, membro do movimento Povo sem Medo. Também participaram da passeata a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o vereador de Salvador Hilton Coelho (PSOL). No Facebook, atos foram confirmados para o Rio de Janeiro, Brasília e outras seis capitais.

Violência

Marielle Franco, 38 anos, foi morta na noite de quarta-feira (14), junto do motorista Anderson Pedro Gomes, 39 anos, quando voltavam de uma roda de conversa intitulada “Jovens Negras Movendo Estruturas”. O carro em que estavam foi atingido por oito tiros. A polícia trabalha com a hipótese de execução. Uma assessora que estava no banco de trás, Fernanda Chaves, sobreviveu.

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