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| Foto: Nelson Almeida/AFP

Grupos pequenos apareciam de repente e faziam uma barricada, ateando fogo a pneus e madeiras. Quando a polícia se aproxima, em vez de resistência, a retirada rápida. Não muito longe, em outro ponto, novo bloqueio, levando à dispersão e divisão das forças da ordem, uma verdadeira “greve de guerrilha”. É assim que o comando da polícia de São Paulo viu a tática adotada pelos movimentos populares e sindicatos a fim de bloquear avenidas e impedir o tráfego no estado na greve geral de sexta-feira.

Para o comando da PM, “doutrinariamente”, a tática de ontem “é de guerrilha urbana”, com a “inquietação, intervenção e dispersão”. Os bloqueios feitos por manifestantes envolveram sem-teto que vivem em prédios tomados no Centro. Cada grupo organizou uma ação.

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Até as 19 horas, a PM havia registrado 22 prisões na Grande São Paulo – 16 na capital e cinco em Osasco. Três policiais foram feridos em confrontos, um dos quais atingido por uma garrafada no rosto. A Coordenação Operacional da PM colocou, desde as 5 horas, todas as forças táticas da PM nas ruas. A Tropa de Choque foi dividida entre a Marginal Pinheiros e Guarulhos, por causa do aeroporto internacional.

Em todo o estado, houve cerca de 50 pontos de bloqueio de vias, 30 dos quais na Grande São Paulo. O protestos das centrais provocaram outro efeito: o mapa da lentidão do trânsito na cidade feito pela Companhia de Engenharia de Tráfego ficou próximo de zero das 10h30 às 16 horas, mais de 80% abaixo da média inferior de congestionamento registrado nas sextas-feiras. Esse efeito da greve foi sentido até pelo comandante-geral da PM, coronel Nivaldo Restivo. Ele planejou sair com uma hora e meia de antecedência para ir a um evento pela manhã em Pirituba, na zona oeste, e chegou uma hora adiantado. O trânsito também ajudou as forças de segurança, diminuindo o tempo de reposta da PM. “O resultado foi bom. Tínhamos como objetivo impedir o fechamento das ruas em São Paulo e não se manteve fechada nenhuma rua. Era o tempo de a unidade de serviço chegar, requisitar apoio, quando necessário, e desobstruir a pista”, disse.

A greve contou ainda com uma estratégia inédita neste tipo de manifestação: a parceria entre sindicatos e movimentos sociais. Enquanto sindicatos mobilizaram trabalhadores para fazer piquetes em portas de fábrica e demais locais de trabalho, movimentos como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Central de Movimentos Populares (CMP) travaram vias importantes das cidades, dificultando a chegada das pessoas aos locais de trabalho. “É a primeira vez que tem uma greve com unidade entre o movimento sindical e movimentos sociais, fazendo com que a população sentisse que não tinha como chegar ao local de trabalho”, disse Raimundo Bonfim, da CMP, que fez 22 ações em vias em São Paulo. A lógica era, segundo o líder do MTST, Guilherme Boulos, “dificultar o transporte”.

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