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Reunião da Executiva Nacional do União Brasil sobre afastamento de Luciano Bivar
Reunião da Executiva Nacional do União Brasil sobre afastamento de Luciano Bivar| Foto: Divulgação/União Brasil

Depois de uma sucessão tumultuada na presidência da Executiva Nacional do União Brasil, com direito a denúncias de crimes contra integrantes da legenda, acusações e xingamentos, o partido busca novos rumos para garantir a sobrevivência e se fortalecer no cenário político nacional. Um deles pode ser a formação de uma federação de centro-direita com legendas como o Progressistas e o Republicanos.

A busca de novos caminhos tem sido pensada com foco nas eleições municipais de 2024, na sucessão de Arthur Lira na presidência da Câmara dos Deputados, em 2025, e também no pleito presidencial de 2026.

A legenda nasceu da fusão do antigo Democratas - ex-PFL de figuras tradicionais da política nacional como Antônio Carlos Magalhães e Marco Maciel - com o PSL, que abrigou Jair Bolsonaro quando ele se elegeu para a Presidência da República. Atualmente, a sigla conta com 59 deputados e integra o chamado "blocão", formado na Câmara dos Deputados com Progressistas, PSDB, PDT, Avante, Cidadania, Solidariedade e PRD, mas não vive seu melhor momento.

Para tentar se salvar da crise que acometeu o partido há algumas semanas - com a eleição de Antônio Rueda como novo presidente nacional, e as denúncias de que Luciano Bivar teria supostamente implicações no incêndio que atingiu a casa de Rueda e da sua irmã, no litoral pernambucano -, parlamentares e governadores apresentaram uma representação contra Bivar, que foi destituído da presidência do União Brasil e das funções na legenda até que o Conselho de Ética da Executiva Nacional se pronuncie sobre o caso, e adote as providências cabíveis, que podem ser desde a manutenção da destituição até a expulsão dele.

Enquanto isso, o ex-prefeito de Salvador Antônio Carlos Magalhães Neto, o ACM Neto, que assumiu a vice-presidência do União Brasil, disse que o partido busca se aproximar da sociedade, quer ampliar os quadros nas eleições municipais, fazendo o maior número possível de prefeitos e vereadores nos locais em que puder ter candidatura própria, e apoiando aliados onde não puder "bancar" candidato.

Além disso, nos bastidores da política, parlamentares cogitam que o União irá apostar todas suas fichas na indicação do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, à Presidência da República, em 2026, e até antecipam a formação de uma federação partidária de grande destaque, com a participação do Progressistas, de Arthur Lira; e do Republicanos, de Marcos Pereira - atualmente, presidente e vice-presidente da Câmara dos Deputados.

União Brasil pode formar federação de centro-direita com outras legendas

Integrantes do União Brasil apostam na federação, e acreditam que ela será criada em breve. O deputado Rodrigo Valadares, de Sergipe, é um dos que acredita que uma aliança maior entre partidos de centro-direita deva ser constituída o quanto antes.

"Eu torço muito por essa federação, ficaríamos imbatíveis no Congresso Nacional", disse Valadares à Gazeta do Povo. Na opinião do deputado, a federação seria claramente de centro-direita, alinhada aos anseios da parte da sociedade que demonstra, claramente, estar insatisfeita com a coalizão de esquerda que governa o país, como mostrou a pesquisa Genial/Quaest* que apontou a queda de popularidade de Lula.

Já o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, de São Paulo, que também aparece como suposto integrante da futura federação, nega que isso possa acontecer. "Não estamos discutindo isso", disse. Marcos Pereira é apontado como candidato à sucessão de Arthur Lira na presidência da Câmara, numa disputa direta, ainda que informal, contra o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento, tido como preferido de Lira.

Enquanto isso, o presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira, do Piauí, admitiu que a chance da federação com o União Brasil sair é de "99%". "Acho que é uma tendência muito forte a concentração partidária. Vamos ter o PT, o PL, e uma concentração dos partidos de centro", afirmou o senador.

De acordo com o prazo estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os partidos têm até 6 de abril para a formação da federação partidária, a qual irá valer já para as eleições de 2024 - seis meses antes do pleito. O primeiro turno está marcado para 6 de outubro.

Analistas avaliam que junção de forças da centro-direita pode dar certo

Na avaliação do cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice, essa construção entre os partidos é realmente possível, já que as legendas tem um alinhamento político e pensamento ideológico parecidos, caso do União Brasil, Progressistas e Republicanos.

Mas, para ele, tudo vai depender de fatores como quem será o candidato da federação, ou seja, entre os diversos nomes disponíveis nas legendas, quem terá o maior apoio.

Para Noronha, essa construção também deverá ser analisada pelo ponto de vista da sucessão para a presidência da Câmara dos Deputados, em 2025, que coloca em lados opostos Elmar Nascimento (União) e Marcos Pereira (Republicanos), e que poderia causar algum mal-estar.

Outro problema levantado pelo analista diz respeito ao futuro político do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é apontado como forte candidato da direita à sucessão de Lula, mas que muitos dizem preferir disputar a reeleição ao governo estadual. E ainda, de olho nas eleições gerais de 2026, se Caiado, do União Brasil, também seria aceito por todos os outros membros da federação.

O cientista político Antônio Flávio Testa também disse acreditar que hoje há um movimento forte em torno de uma candidatura de centro-direita para a sucessão presidencial, em 2026, apesar do foco agora estar voltado para as eleições municipais deste ano, com o governador Ronaldo Caiado tendo bom apoio entre os partidos.

Já sobre a participação do Republicanos na federação que está sendo negociada entre União Brasil e Progressistas, Testa afirmou que não acredita que a legenda participe dessa junção de forças. "A Universal [do pastor Marcos Pereira, presidente do Republicanos] jogará com o PT, a não ser que o partido se esvazie. Mas os demais partidos de centro podem se unir para vencer as esquerdas. Essas tendem a rachar muito", avaliou Testa.

Ainda de acordo com o que o cientista político afirmou à Gazeta do Povo, é pouco provável que nesse cenário o União Brasil abra mão de seus projetos políticos para apoiar o PT de alguma forma, num cenário onde o Republicanos parece se aproximar da legenda de Lula.

Metodologia

*O levantamento foi realizado pelos institutos Genial e Quaest e ouviu, em formato presencial, duas mil pessoas, entre os dias 25 a 27 de fevereiro de 2024. As entrevistas foram feitas em 120 cidades de todas as regiões do país. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais e o nível de confiabilidade é de 95%.

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