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A economia em estado de guerra: a última etapa dos intervencionistas
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Mises, o grande economista austríaco, já tinha explicado os passos do intervencionismo ao controle total da economia pelo estado. Funciona basicamente assim: o governo toma medidas intervencionistas que não funcionam. Tenta controlar preços, impor racionamento, distribuir de forma populista alguns produtos e serviços sem ligar para o custo de oportunidade. O mercado, ou seja, a interação espontânea entre os indivíduos, reage. Começa a faltar produtos nas prateleiras, o mercado negro cresce, a inflação dispara. O governo, então, adota mais medidas intervencionistas, até chegar numa escancarada ditadura socialista, em que o governo já detém na prática o controle dos meios de produção.

Foi exatamente o caminho da Venezuela, cujo “presidente” Nicolás Maduro declarou oficialmente o estado de emergência na economia, o que lhe dá poderes para até mesmo confiscar propriedade alheia. É a expropriação comunista como resultado das trapalhadas intervencionistas de seu próprio governo. Em vez de haver uma punição a quem causou o mal, há um prêmio: o trapalhão socialista consegue incrementar ainda mais seus planos socialistas de controle absoluto do país. O discurso para tanto é sempre análogo ao de guerra, pois em situações emergenciais de combate, a população costuma tolerar mais as medidas arbitrárias e autoritárias do governo.

Situação parecida começa a se desenhar no Brasil. O intervencionismo petista destruiu a nossa economia, a inflação disparou, o PIB despencou e o desemprego já chega a mais de 9 milhões de pessoas. Diante desse quadro assustador, o que faz a presidente Dilma? Coloca no aumento de imposto a salvação do país, desmentindo mais uma promessa de campanha. Ou seja, joga o fardo de suas trapalhadas para o ombro do povo trabalhador, demandando mais controle ainda sobre a economia e nossas vidas, tentando extrair ainda mais recursos de quem o produz.

Se a volta da CPMF for mesmo aprovada, a situação vai se deteriorar ainda mais, e como resultado teremos um quadro mais similar ao venezuelano. E qual será a proposta de Dilma e do PT, se ainda estiverem no poder? Ora, ganha uma mariola mordida quem acertar! Será, naturalmente, declarar uma situação de emergência, de guerra econômica culpando os gananciosos empresários pela escassez generalizada e a inflação fora de controle, para exigir aumento de poderes do governo, incluindo o confisco direto de propriedade privada. É tudo tão previsível na esquerda latino-americana…

Demétrio Magnoli, em sua coluna de hoje na Folha, mostra como os petistas ainda estão na fase psicológica da negação, usando como exemplo Jessé de Souza, o presidente do Ipea que chama de “ralé” o andar de baixo. O sujeito, que preside o outrora respeitado instituto de pesquisas, simplesmente culpa o capitalismo pelos problemas criados pelo intervencionismo estatal do próprio governo que defende. É muita inversão mesmo. Demétrio conclui:

O empreendimento da negação atinge um cume paroxístico no diagnóstico sobre o triste outono do modelo lulopetista. Segundo Jessé, a crise em curso decorre da reação do “grande capital especulativo” contra o governo Dilma, que tentou “comprar a briga” contra a “grossa corrupção” universal do capitalismo. “Hoje, fica claro que esse pessoal não a perdoou pela ousadia”, conclui o personagem que denuncia a “tolice pré-fabricada entre nós”. As altas finanças lucraram desmesuradamente na era lulopetista e, na hora aguda da crise, o Bradesco ofereceu a Dilma um ministro da Fazenda. Mas, no estágio da negação, o paciente bloqueia o mundo dos fatos, racionalizando suas próprias emoções.

No fundo, o presidente do Ipea toma emprestado o discurso de Nicolás Maduro, que atribui a implosão do modelo chavista a uma “guerra econômica” promovida pelas elites nacionais e estrangeiras. É Caracas, na “Ilustríssima”.

Exatamente. E Caracas parece cada vez mais perto do Brasil, pois o PT faz de tudo para seguir nas trilhas fracassadas dos companheiros socialistas venezuelanos. O clima de guerra econômica interessa aos socialistas, eis o que precisa ficar claro. É a desculpa que utilizam para investir ainda mais em sua patologia pelo poder, pelo controle de tudo. Eles mesmos vão destruindo a economia com sua ideologia nefasta, e depois oferecem como solução mais do veneno que causou o problema.

Muitos empresários e mesmo alguns liberais não entendem isso, e acham que há uma ligação direta entre economia e eleição, como se ambos andassem pari passu. Cansei de repetir aqui que não há garantia alguma de que a péssima gestão econômica será punida nas urnas, principalmente quando a democracia já não merece mais esse nome e foi dominada pelos “amigos do rei”. A Venezuela é o caso evidente, enquanto a Argentina oferece alguma esperança.

Hoje muita gente, inclusive do PSDB, relaxou na luta pelo impeachment, segura de que o PT será derrotado de qualquer maneira em 2018. Mas essa crença é extremamente arriscada. Até lá, poderemos ter a destruição completa da nossa economia, e a resposta pode não ser a saída do PT, e sim a intensificação do intervencionismo estatal liderado pela quadrilha disfarçada de partido político. Os companheiros de Maduro poderão ficar assanhados com os rumos do país vizinho. Ao menos o senador Ronaldo Caiado parece ciente disso, e escreveu em sua coluna de hoje, após criticar veementemente a volta da CPMF:

Essa conjuntura exigiria um governo com capacidade de condução política, mas os erros negados e o posicionamento ideológico travam qualquer chance de recuperação por solução dos problemas. É um novelo clássico de governo incapaz: é incapaz porque é frágil e é frágil por ser incapaz.

A solução continua sendo, pelo conjunto da obra (e não menos relevante, pelas perspectivas), o impedimento da presidente, visto que o país não suporta mais negações e tampouco fantasias e mentiras.

Essa ainda é a melhor solução, pois esperar até 2018 é muito arriscado, sem falar do enorme custo para o povo. Não nego que nossas instituições sejam mais resistentes, o que até aqui foi o caso. Mas é sempre um risco, principalmente quando analisamos a configuração do STF. A guerra real não é econômica, e sim político-ideológica e também cultural. A desgraça econômica serve para fortalecer muitas vezes o inimigo, eis o que os liberais precisam se dar conta. Economistas costumam dar peso demais à economia, ignorando o restante. O PT é o inimigo número um do Brasil hoje, e precisa ser derrotado. Contar apenas com a economia em frangalhos para isso é muita ingenuidade. Atentem para o que se passa na Venezuela, meus caros!

Rodrigo Constantino

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