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Com amigos assim, a Petrobras não precisa de inimigos
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A Petrobras tem, como membro de seu Conselho de Administração, alguém indicado pelos trabalhadores da estatal. No caso, trata-se de Zé Maria, “um guerreiro no Conselho de Administração”, como o próprio se define.

O leitor poderia pensar que o Conselho de Administração da empresa deve buscar a maximização de seu resultado, sempre dentro das leis e da ética. Mas o leitor estaria equivocado, cometendo um deslize “pequeno-burguês”. Zé Maria é do Conselho da Petrobras, mas ele luta para que a estatal tenha… menos lucro!

Em seu artigo “Conselho de Administração da Petrobras não se curva ao mercado”, Zé Maria deixa transparecer seu ranço ideológico que fede a naftalina. É do tempo de Lênin esse discurso vazio. Vejam que pérolas (em vermelho):

Durante semanas os veículos de comunicação do país, demonstraram uma preocupação contagiante com a Petrobrás. Só para os desavisados.
O debate sobre o reajuste dos combustíveis e uma metodologia de precificação para os derivados tomou as páginas de jornal e o tempo de rádios e telejornais. Qual o verdadeiro interesse dos inimigos da maior empresa do país no reajuste dos combustíveis? Na nossa visão queriam utilizar a Petrobrás para alimentar a inflação, aumentar os juros, fazer os especuladores ganhar cada vez mais, indexar a economia e no final das contas quem pagaria esta conta seriam os trabalhadores. Matemática simples, maior inflação = menor salário.

Resta saber quem são o “nós” do “nossa visão”. Mas vejamos: a Petrobras tem um agressivo programa de investimentos a cumprir. Seu endividamento sobe sem parar e está em patamar astronômico, a ponto de a empresa correr sérios riscos de ser cada vez mais rebaixada pelas agências de risco.

Como o crescimento da produção tem sido bem aquém do prometido e necessário, e a autossuficiência não passou de um engodo criado pelo ex-presidente Lula, a Petrobras precisa gastar bilhões todo ano para importar derivados de petróleo.

Se a coisa continuar assim, a estatal pode até falir, ou precisar de nova injeção de capital do governo. Suas ações em bolsa acusaram o golpe, e perderam dezenas de bilhões de valor. Mas o Zé Maria acha que tudo não passa de uma conspiração do “mercado” e da “zelite” para aumentar o ganho dos especuladores!

Será que o camarada não sabe que a inflação tem sido produzida pelo próprio governo? Será que ele não sabe que os “especuladores” têm perdido muito dinheiro carregando ações da estatal? Será que ele não sabe que o próprio governo tem aumentado a taxa de juros, atrasado, para conter a inflação alta que ele mesmo criou?

Pelo visto não sabe de nada disso. Mas repete os slogans marxistas do século passado. E está no Conselho de Administração da maior empresa do país!

O controle da inflação ainda é algo muito recente na história do nosso país, a classe trabalhadora conquistou isso a duras penas e ainda temos péssimas lembranças de um tempo em que tudo era reajustado diariamente correndo o nosso salário.

Sim, o controle da inflação é muito recente, veio com o Plano Real, com a equipe de economistas mais ortodoxos, sempre condenados e criticados pelo PT. Não é uma conquista da “classe trabalhadora”, muito menos daqueles que repetem baboseiras do tipo “inflação é culpa da ganância de empresários” ou “os especuladores são os responsáveis por ela”. Quem está deixando a inflação subir, não custa lembrar, é o governo dos “trabalhadores”…

Reafirmamos na reunião do Conselho de Administração do último dia 29-11, que a política de reajustes de preços dos combustíveis, deve ser uma política de ESTADO e não de mercado.

Tipo ocorre na Venezuela? O próximo passo será prender empresários que ousam praticar preços diferentes daqueles determinados arbitrariamente pelo estado? Será que o companheiro não sabe que preço de mercado nada mais é do que aquele gerado pelo encontro da oferta e da procura? Lei básica de economia. Deve ter faltado essa aula. Mas é do Conselho de Administração da Petrobras…

Como esquecer que durante a grande crise mundial de 2008-2009, quando o todo poderoso “mercado” não oferecia crédito para ninguém, foi o governo federal através da CEF, BB e BNDES que financiou os investimentos da Petrobrás? Portanto não podemos simplesmente reajustar os combustíveis sem compromisso de como isso vai rebater na vida das pessoas, com a irresponsabilidade que quer o “mercado”.

De fato, como esquecer que foi o governo que fomentou a bolha de crédito brasileira? Como esquecer que foram os bancos públicos que, seguindo critérios apenas políticos, inflaram o endividamento do povo brasileiro ao ponto de quase estourar sua capacidade de pagamento?

A “irresponsabilidade” que quer o “mercado” é justamente aquela de evitar esse tipo de miopia política, como se não houvesse amanhã. Porque guess what? Existe amanhã! O hoje, aliás, já é o amanhã de ontem, quando o governo achou que a conta jamais chegaria. A economia não cresce, a inflação continua alta. Parabéns, governo do PT!

Agora pergunto: com um conselheiro desses lutando pelos “interesses” da Petrobras, a estatal precisa de inimigos?

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