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A cultura do “tudo grátis” na internet dificulta o acesso a bons pensadores independentes
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Com a minha parceria com a Gazeta do Povo, migrando meu blog para dentro de sua plataforma, alguns leitores já perceberam – e reclamaram – que terão de se tornar assinantes do jornal para continuar tendo acesso aos meus textos. É verdade, e por isso já me adianto com esse artigo, argumentando em prol deste modelo.

Muitas pessoas passaram a adotar automaticamente a cultura do “tudo grátis” na era da internet. Música? A turma baixa sem dó nem piedade. Filmes? Alguns assinam a Netflix ou a Amazon Prime, mas tantos outros baixam gratuitamente também, o que é pirataria (e liberais defensores da propriedade privada deveriam condenar isso). Sou “old fashion”: compro minhas músicas, meus livros e meus filmes. Mas entendo que sou a exceção, alguém cada vez mais “obsoleto”.

E por isso mesmo os principais veículos da mídia do mundo todo se debruçam sobre como viabilizar seus negócios, mantendo a qualidade, o jornalismo e a lucratividade. O fato de boa parte dessa imprensa ser “fake news” em nada ajuda, pois o público, cansado de seu viés esquerdista, prefere contar com as redes sociais e blogs autônomos.

Mas há muita porcaria nesse meio também, e mesmo os sérios acabam muitas vezes bebendo de fontes primárias dos grandes grupos. Podem reparar que eu mesmo tenho um blog de opinião, não de jornalismo, e uso quase sempre as notícias dos principais jornais como matéria-prima para meus textos, comentando em cima, fazendo minha análise, tentando agregar valor ao meu leitor.

Surgem dois problemas: como manter a parte jornalística viva, e como remunerar os pensadores independentes, que fazem suas análises com base nessas notícias. Não há resposta fácil aqui. Vários jornais estão deficitários, muitos precisam de seus braços televisivos para sobreviver. Os programas sensacionalistas para o povão bancam o trabalho mais sério (ou infelizmente nem tanto assim) de jornalismo. É o mais comum.

Diante disso, diversos grupos perceberam que é necessário cobrar assinatura, já que a publicidade sozinha não sustenta o negócio. No exterior, para ler as colunas do WSJ ou do Financial Times é preciso ser assinante. O mesmo para inúmeros blogs e sites independentes, que oferecem uma parte gratuita, mas fecham o grosso do conteúdo premium para assinantes.

No Brasil também tem sido assim. Para ler João Pereira Coutinho e Luiz Felipe Pondé tem que ser assinante da Folha, para ler as colunas de O GLOBO, da Veja, do Estadão e da própria Gazeta do Povo, também se faz necessário assinar uma mensalidade. Sinceramente: não vejo outra opção também. Acho que é a única forma de viabilizar o negócio.

Eu, que vivo de informação e notícia, sou assinante de todos esses veículos mencionados, além de ser “patrono” de pensadores independentes, como meus amigos Bruno Garschagen e Alexandre Borges e o Senso Incomum, de Flavio Morgenstern. Entendo que nem todos poderão assinar ou colaborar com esses canais, mas é preciso escolher os melhores e coçar o bolso sim, caso contrário seremos sempre reféns dos piores, dos que dependem de verbas estatais. O jornalista José Maria e Silva, de Goiás, comentou na Rede Liberal, quando surgiu o assunto da necessidade de assinatura para continuar lendo meus textos:

Faço todas assinaturas como um dever. Na prática, passaria tranquilamente sem elas. Como a maioria das notícias são comentadas em tempo real pelos blogs (Reinaldo, Augusto, Moura Brasil, Antagonista, Claudio Humberto, Noblat etc.), quando abro as edições das minhas assinaturas, a maioria das notícias já está velha. Além disso, se eu for ler jornais detidamente, não faço outra coisa na vida, nem leio livros. 

Vi que a Gazeta do Povo, digital, vai custar 24 reais, com acesso ilimitado. Vou considerar a possibilidade de assiná-la. Há muito a Gazeta é o único jornal que abre espaço, sistematicamente, para os conservadores. É um jornal de qualidade, agora reforçado pelo Rodrigo e o Alexandre Borges. Merece uma assinatura, um pouco mais barata do que Globo, Estadão e Folha. O ideal é que todos os liberais e conservadores fizessem uma assinatura da Gazeta para mostrar que nem só da esquerda vive o mercado de ideais.

Concordo com ele: esse seria o ideal. Sei que muitos não pensam assim ou não têm condições de pagar (se bem que acredito mais na parte cultural mesmo, já que o valor é praticamente um lanche do McDonald’s). Mas como ter um time de primeira nos principais veículos sem pagar por isso? Mesmo o modelo calcado só em publicidade, como o de O Antagonista, não aguentou, e o site buscou a parceria com a Empiricus, o que muitos perceberam como prejudicial ao leitor, metralhado com propaganda um tanto forçada de investimentos “milagrosos”.

“Não existe almoço grátis”, disse o grande liberal Milton Friedman. É curioso, portanto, que muitos liberais – logo os liberais! – achem que os formadores de opinião liberais vão cair do céu ou brotar do solo. Do que eles vão viver? Vamos depender apenas do altruísmo? Logo nós, que entendemos com Ayn Rand as vantagens do “egoísmo racional” e sabemos com Adam Smith que não é da benevolência do açougueiro que esperamos nosso jantar?

Falo por mim, mas sei que também por muitos outros. Abandonei minha carreira promissora no mercado financeiro para lutar pelas ideias que acredito, para me dedicar à causa que vejo como correta e a única capaz de colocar o Brasil na rota do progresso. Até aqui, só fui capaz de investir e insistir nisso por conta de alguns apoiadores heróis, mantenedores do Instituto Liberal, e também dos veículos que me deram guarida. É muito fácil criticar tudo, reclamar o tempo todo, e depois não querer fazer sua pequena parte no esforço de mudança. E a verdadeira mudança só virá com a cultura e a mentalidade mudando também, a começar pela ideia equivocada de que a liberdade e a independência não têm um preço. Elas têm sim, e não costuma ser baixo.

No caso em questão, trata-se de uma pechincha, convenhamos! O leitor pode argumentar que não quer bancar junto os jornalistas de esquerda. Compreensível. Mas muita calma nessa hora. Se não temos ainda um canal bem à direita como a Fox News, por outro lado temos alguns veículos com a coragem de apostar em colunistas liberais e conservadores. São canais plurais, que dão espaço ao contraditório, e que ao menos estão respeitando a nossa voz. Podem até ser um embrião da Fox News do Brasil, se ficar claro que esse é o caminho do sucesso. Virar às costas a eles é entregá-los totalmente nos braços da esquerda. Faz sentido?

Espero, então, que muitos dos meus leitores se tornem, sim, assinantes da Gazeta do Povo. Terão acesso não só aos meus textos na íntegra, como aos de vários outros colunistas de primeira, matérias jornalísticas sérias, editoriais impecáveis, e outros produtos que ainda serão criados, como um podcast comigo, o Borges e o Leandro Narloch e vídeos também. Aos que decidirem seguir por esse caminho, peço que o façam por meio desse link, para que a turma da Gazeta saiba direitinho o motivo da assinatura: apoiar essa guinada à direita e a parceria com colunistas como este que vos escreve.

O mecanismo de punição e premiação do próprio mercado é, afinal de contas, o que melhor funciona para a busca da excelência no atendimento aos consumidores. Cancelando as assinaturas dos veículos que “esquerdarem” demais e fazendo uma nova assinatura da Gazeta do Povo, o leitor estará sinalizando aos proprietários desses veículos de imprensa que quer mais colunistas de direita e menos de esquerda. Só assim o recado será dado com chances de efetiva mudança. Tem que pagar, gente, pois “de grátis” vamos continuar consumindo porcaria bancada com nossos impostos, direta ou indiretamente.

Rodrigo Constantino

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