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Esquerda sensacionalista acha que temos medo do "outro", não da sua arma!
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Para Brum, você tem medo do “garoto marrom” pois ele representa o “outro”, não porque ele tem essa arma apontada para sua cabeça!

Alguns leitores acham que sou masoquista, e talvez tenham um ponto. É que acompanho as baboseiras que o lado de lá escreve. Algumas, pois é impossível acompanhar todas. Não é bem masoquismo. São os ossos do ofício: é preciso saber que tipo de ladainha a esquerda sensacionalista anda inventando para rebatê-la, para expor o absurdo, a hipocrisia, o sensacionalismo. O que mais tem por aí é pseudo-intelectual que, em troca do estudo sério, repete chavões que conquistam pelas emoções, não pela razão.

Um caso claro pode ser encontrado nos textos de Eliane Brum. Queridinha dos pseudo-intelectuais, ela repete a mesma cantilena de sempre, culpando as elites pelos problemas, apontando para os ricos “insensíveis” como culpados pela miséria alheia, e vitimizando bandidos, o esporte preferido da esquerda brasileira na atualidade. Em um artigo de junho, em que ela usa a “tese” de Christian Dunker já rebatida por mim aqui, Brum apela ao emocional para fazer seus próprios leitores de elite se sentirem culpados por viverem em condomínios com muros, fugindo do “outro”.

Papo de “psicólogo sakamotiano”, bullshitagem pura, “lacanagem”, como diria Merquior. Esses adeptos de Zizek não aguentam dois segundos de debate sério com um liberal, pois é mais fácil desmascarar suas besteiras do que tirar doce de criança. Então Brum, repetindo Dunker, acha que o brasileiro se fecha em muros e não sai tranquilo na rua, no espaço público, por medo do confronto com o “outro”? “O outro é aquele com quem ela não pode conviver, tanto que não deve nem enxergá-la”, escreve a “pensadora”. Por isso o insufilm, o carro blindado, o condomínio murado. Sério?

E eu que jurava que o “outro” que assustava a “elite” brasileira fosse o bandido armado, o pivete com a faca, o marginal que deseja te ameaçar, te machucar, para tomar o que é seu por direito! Mas não. Descubro que não é nada disso. Que a “elite”, inclusive aquela que frequenta o BRT, tem medo não das balas e facas, mas do “outro”, desse encontro com a “alteridade”, do “menino de pele marrom” (nada como a cartada racial, bem ao gosto dos sensacionalistas). O negro e o mulato que são cidadãos ordeiros e também morrem de medo dos marginais simplesmente desaparecem na narrativa dicotômica da “socióloga de botequim”, que acrescenta doses fortes de perfídia:

Até mesmo contatos visuais devem ser evitados, encontros de olhares também são perigosos. Qualquer permeabilidade entre o dentro e o fora, entre a rua e o muro, seja na casa, na escola, no shopping ou no carro, ela já aprendeu a decodificar como intrusão. O outro é o intruso, aquele que, se entrar, vai tirar dela alguma coisa. Se a tocar, vai contaminá-la. Se a enxergar, vai ameaçá-la.

E eu aqui, achando que a visão de uma faca é que ameaça tanta gente séria nesse país! Mas não! É a visão do “outro”, da cor da pele diferente. E aí vem o absurdo, a completa inversão dos fatos, a canalhice sensacionalista elevada à enésima potência: “A rua, o espaço público, é onde ela não pode estar. E por quê? Porque lá está o outro, o diferente. E ela só pode estar segura entre seus iguais, no lado de dentro dos muros”.

Como muitos sabem, estou morando na Flórida, em Weston. As casas aqui não têm muros. A rua é tranquila. Todos param os carros no sinal vermelho sem medo, inclusive de noite. Passeiam pelo centrinho com os filhos pequenos. Ninguém aqui parece temer o “outro”. E só tem latino-americano por aqui, muitos venezuelanos, muitos brasileiros. O que acontece? Por que nós perdemos o medo do “outro” na Flórida, mas no Brasil nos cercamos de muros, seguranças, carros blindados ou insufilm?

Brum e Dunker acham que é porque a elite brasileira não quer o confronto com a “diferença”. Qualquer pessoa razoável, honesta e com bom senso sabe que é porque todos os brasileiros, da elite e do povo, morrem de medo do “outro” ser um bandido, um assassino, um marginal que vai tirar nossa vida por um par de tênis, protegido depois pela mesma esquerda pseudo-intelectual que irá tratá-lo como “vítima da sociedade” e dar um jeito de responsabilizar a vítima real pelo crime.

Claro, todo esse sensacionalismo foi para chegar no cerne da questão: demonizar a redução da maioridade penal. Aqui nos Estados Unidos, marginal de 16 anos vai em cana mesmo, como adulto, pois tem consciência de seus atos. Se praticar assalto a mão armada, está ferrado, vai pegar vários anos. Por isso é tão pouco comum ser abordado por um desses delinquentes armados, e o furto é a modalidade de crime mais frequente. Mas Brum e Dunker acham absurdo prender galalau de 16 anos que mata, sequestra, estupra. São vítimas! Merecem, quem sabe?, umas horas “gratuitas” (pagas pelo estado) no divã de algum praticante de lacanagem…

A vitimização do marginal é absoluta:

Mais preocupados devemos ficar quando a resposta da Câmara dos Deputados à violência se encaminha para a redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos, nos crimes considerados mais graves. O que estão tentando fazer, estes que manipulam o medo? Querem garantir que esses outros, adolescentes que não tiveram educação nem saneamento nem saúde nem lazer nem acesso a nenhum de seus direitos garantidos pela Constituição, esses outros que tiveram as leis que os protegem violadas desde o nascimento, crianças dessas “pessoas marrons” que o menino não sabe para onde vão à noite nem quem cuida dos filhos delas, sejam encarcerados mais cedo porque já decretaram que, para elas, não há solução.

Há solução para um moleque de 16 anos que mata e estupra, “marrom” ou não? Se Brum acha que sim, então sugiro que ela leve para sua casa um desses delinquentes, e coloque para cuidar de seus filhos, como babá. Que tal? Dá “carinho” e “amor” para ele, um brinquedo da Lego, e veja se o monstro sairá um bom samaritano do outro lado. É muita cara de pau mesmo, muito sensacionalismo tosco no “país dos coitadinhos”.

Cena que trava o cérebro de um esquerdista: policiais negros prendendo bandidos brancos! Cena que trava o cérebro de um esquerdista: policiais negros prendendo bandidos brancos!

Mas, não satisfeita, Brum compara o que quase 90% da população brasileira quer, que é punir os marginais, aplicar a Justiça e o império das leis, com o… nazismo! Isso mesmo: essa turma não tem limites: “A História já nos mostrou o que acontece quando o Estado determina que um tipo de outro encarna a ameaça e deve, portanto, ser separado e confinado. E depois, qual é o próximo passo ou qual é a solução final? Pena de morte, extermínio? Cuidado”. Cuidado com os socialistas, tanto os nacionalistas como os bolcheviques e bolivarianos, isso sim! Cuidado com a demagogia da esquerda!

Por fim, a inversão total da realidade:

Uma sociedade de muros sempre vai precisar forjar monstros para seguir justificando a desumanização e o sistema não oficial de castas. Aqueles que tentam se sentir seguros e criar seus filhos em segurança não estão inseguros porque há um outro ameaçador do lado de fora. Essa é só a aparência que mantém tudo como está. O que precisamos não é erguer muros cada vez mais altos, mas derrubá-los e nos misturarmos nas ruas da cidade.

Reparem no surrealismo do troço: para Brum, a sociedade primeiro ergue muros, do nada, para não ver o “outro”, e depois cria monstros inexistentes, para justificar a segregação “racial”. A insegurança não vem antes, para ela. Não nos sentimos inseguros nas ruas e em casa porque há muitos bandidos por aí, porque o Brasil é o país da impunidade, porque marginais matam por sadismo seguros de que não serão presos. Não! Ela acha que se derrubarmos os muros e nos misturarmos nas ruas da cidade, os “monstros” desaparecem!

Claro, ela escreve essa quantidade incrível de besteira provavelmente segura num condomínio, protegida pelos seguranças, e não no meio da favela, ao lado do traficante. A esquerda, sem a hipocrisia, não seria nada!

Até mesmo os “rolezinhos” ela defende, e acha que é por preconceito que os outros condenam os “arrastões” dentro dos shoppings, por aqueles que não respeitam o próximo. Mais inversão: quem quer frequentar um shopping em paz, pobre ou rico, é o preconceituoso que não suporta o “outro”, enquanto os bandos que invadem o local e levam o transtorno e o caos são apenas as vítimas de preconceito, não os que desrespeitam de fato os outros.

É tudo muito ridículo, patético, de embrulhar o estômago. Mas são dezenas de milhares de “curtidas”, por uma elite culpada, por pseudo-intelectuais que também adoram responsabilizar as elites por tudo, por gente covarde que se recusa a enxergar a realidade como ela é, preferindo o caminho fácil do sensacionalismo para se sentir “moralmente superior”. Esquerdismo é, definitivamente, questão de caráter. De falta dele!

Rodrigo Constantino

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