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Hillary Clinton comemora “conquista histórica” com cartada do sexo enquanto Trump tenta atrair eleitores de Sanders
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“Depois de todo o nosso trabalho duro e de lutas difíceis – e um compromisso inabalável com o amor, a bondade, o nosso país, e uns aos outros – nós quebramos um dos mais altos, mais difíceis tetos de vidro na América. Juntos, asseguramos a indicação democrata. Pela primeira vez na história, uma mulher será a nomeada de um grande partido para se tornar presidente dos Estados Unidos”.

Eis a mensagem que Hillary Clinton mandou por email para seus seguidores nessa terça, após a vitória nas primárias da Califórnia, Nova Jersey e outros estados, o que garantiu sua candidatura pelo Partido Democrata. Clinton elogiou Bernie Sanders, seu concorrente socialista, mas Sanders, que passou sua lua de mel na União Soviética, disse que não vai abandonar a corrida ainda.

Afinal, ele está em busca de um movimento político, não apenas de uma candidatura. Pretende transformar a política na América, e já conseguiu mudar o Partido Democrata. Hillary teve que migrar bem para a esquerda para compensar as promessas utópicas e irresponsáveis de seu adversário. Sanders e seus apoiadores se sentem lesados pelo “sistema”, principalmente pelo mecanismo dos superdelegados, que existem justamente para impedir que aventureiros sem o perfil do partido vençam.

Mas enquanto Hillary usa e abusa da “cartada sexual”, reforçando a “importância” de uma mulher chegar na disputa final pela primeira vez – como se Obama já não tivesse feito uso excessivo da “cartada racial” antes, sem os resultados esperados por tantos sonhos despertados à época, Donald Trump aproveita para tentar seduzir os eleitores de Sanders, irritados com o establishment, com os políticos tradicionais, como a própria Hillary.

Trump, que sabe ser demagogo como um típico esquerdista, disse: “Para todos esses eleitores de Bernie Sanders, que foram deixados de fora no frio por um sistema fraudulento de superdelegados, vamos recebê- los de braços abertos. E, aliás, os terríveis acordos comerciais que Bernie era tão veementemente contra – e ele está certo sobre isso – vão ser cuidados de forma melhor do que qualquer um jamais imaginou ser possível, e é isso que eu faço”. 

O candidato Republicano acrescentou: “Para aqueles que votaram em alguma outra pessoa – de ambos os partidos – vou trabalhar duro para ganhar seu apoio, e vou trabalhar muito para ganhar esse apoio”. Será que vai conseguir? O típico eleitor de Sanders é jovem e desiludido com a política americana, insatisfeito com as injustiças do sistema, e de olho em vantagens prometidas pelo socialista. Talvez Trump tenha um perfil mais próximo deles do que Clinton.

O tempo dirá, e agora a disputa entre os dois finalistas começa para valer. O presidente Obama deve entrar logo em campo para apoiar Clinton, mas há dúvidas se seu apoio fará tanta diferença. O “primeiro presidente afrodescendente”, que tem um impacto bem maior do que “a primeira presidente mulher”, ou “presidenta”, como diriam os petistas, não goza de tanta aprovação assim, pois a economia não decola e o Obamacare é mais belo na teoria do que na prática.

Enfim, os aliados de Hillary estão preocupados, pois sabem que vão enfrentar alguém fora dos padrões Republicanos. Os “progressistas” sabem como derrotar conservadores limitados por uma ética rígida e na defensiva após os ataques esquerdistas. Mas não sabem enfrentar direito um Trump da vida, que não age dentro do cerco politicamente correto criado pela esquerda, que não aceita ser pautado pela mídia “mainstream”, de esquerda.

Hillary vai usar a cartada sexual o tempo todo? Demonstra, na largada, que sim. E acha mesmo que Trump vai permitir, vai deixar barato? Está redondamente enganada. O que importa não é o gênero de Clinton, e sim sua capacidade de “fazer a América grande novamente”. O bordão de Trump, que seduz tanta gente, é um fardo para os “progressistas”, que sempre monopolizaram as esperanças na política, deixando os conservadores só com o medo a seu favor.

Trump mexe com o medo (“vamos construir o muro”), e também com a esperança (“vamos fazer a América grande novamente”). E Hillary acha que só por repetir que é mulher vai levar?

Rodrigo Constantino

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