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Mais uma na conta de Obama…
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Quer dizer que meus lindos discursos não funcionam?

Ele ganhou o Prêmio Nobel da Paz antes de fazer qualquer coisa prática. Obama era consagrado por sua retórica, não pelo resultado de suas ações. O homem era o messias na Terra, que levava muitos às lágrimas de tanta emoção.

Suas belas palavras eram tomadas como garantia de paz por aquelas crianças crescidas, pelos inocentes úteis, pelos românticos sonhadores e ingênuos, que ignoram a realidade em troca do regozijo pessoal produzido pela sensação de nobreza e superioridade moral que só o pacifismo fornece. Tal efeito pode ser mais poderoso do que muita droga ilegal.

Criticar Obama era tarefa inglória naqueles primeiros anos. Como era difícil clamar por racionalidade no debate! Escrevi vários textos expondo outro ponto de vista, mostrando que aquela linda retórica não produziria os resultados desejados, que o inferno estava cheio de boas intenções (se podemos dizer que havia boas intenções mesmo, algo muito questionável). Agora o custo das medidas “inocentes” de Obama começa a ficar mais claro.

Extremistas islâmicos capturaram duas cidades próximas de Bagdá, e os riscos de guerra civil total no Iraque aumentam a cada dia. O número de pessoas mortas depois que militantes sunitas islamitas invadiram a cidade de Mosul no começo da semana pode chegar a centenas, disse nesta sexta o porta-voz da área de direitos humanos da ONU, Rupert Colville. Ele afirmou que seu gabinete tinha informações de que as matanças incluem a execução de dezessete civis que trabalhavam para a polícia e um empregado do Judiciário no centro de Mosul, segunda maior cidade do Iraque, que fica no norte do país.

A situação no país está claramente fora de controle, e isso representa uma ameaça enorme para a região toda.  O presidente Obama afirmou: “O Iraque vai precisar de mais ajuda dos Estados Unidos e da comunidade internacional. Nossa equipe de segurança nacional estuda todas as opções. Não descarto nada”. É mesmo? Mas não pensou em nada disso quando decidiu, em troca dos aplausos fáceis, cuspir no beligerante Bush e retirar as tropas americanas de lá?

A verdade precisa ser dita: os Estados Unidos com Obama se parecem muito com a própria ONU, que sempre coloca as palavras acima das ações concretas. Só que a relativa paz mundial não depende da ONU, e sim da “polícia mundial”, hoje representada pelo poderio militar americano.

Pax Americana é o resultado dessa ameaça de retaliação da maior potência econômica e militar do planeta, felizmente um país que costuma prezar a liberdade e a democracia. O império britânico já exerceu essa função antes. Não adianta condenar tudo e todos e sonhar com um mundo de pombas brancas que debatem todos os dilemas num chá das cinco. Com Hitler? Com Stalin? Com Kim Jong-un? Com os malucos atômicos do Irã, que querem “varrer Israel do mapa”? Conta outra.

O editorial do GLOBO fala hoje da iminente desintegração do Iraque, e do risco que isso representa ao mundo. Sem ser muito direto, o jornal joga parte da responsabilidade sobre os ombros de Obama, que decidiu deixar o país abandonado à própria sorte:

Facilitou as coisas para o Isis o fato de o Iraque jamais ter conseguido se rearrumar após a a retirada dos EUA, em 2011. O país tem apenas uma região pacificada: a dominada pelos curdos, no Norte. Em Bagdá e em muitas outras regiões, cresceu a intolerância entre xiitas e sunitas. O governo xiita do premier Nuri al-Maliki acentuou o ódio sectário e, mesmo assim, acabou de ser reeleito. Parte do Exército iraquiano, treinado pelos EUA, desertou, deixando caminho livre ao Isis. Os curdos tomaram o importante polo petrolífero de Kirkuk. O Irã, aliado xiita de Malik, logo, inimigo dos militantes sunitas radicais, enviou em seu socorro dois batalhões da Força al-Quds, divisão de elite da Guarda Revolucionária. Forças iraquianas e iranianas retomaram grande parte de Tikrit e evitaram a queda de Samarra, lutando para barrar o progresso dos radicais em direção a Bagdá.

O jornal clama por ações mais firmes por parte do mundo desenvolvido e livre:

O sucesso do Isis representaria a instalação de uma base terrorista no centro da região, disposta a exportar globalmente seu extremismo violento, como se fosse um imenso talibã — o grupo radical islâmico, também sunita, que implantou um Estado retrógrado no Afeganistão de 1996 a 2001, só reconhecido por Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Paquistão.

É hora de todos os governos, no Oriente Médio e fora dele, deixarem de lado diferenças e mesmo o conflito trágico entre sunitas e xiitas para se unir diante de um inimigo maior.

Mas seria bom lembrar que não se combate um “inimigo maior” com belas palavras, nem esfregando em suas caras o Prêmio Nobel da Paz. O buraco é bem mais embaixo cá no mundo real, onde grupos terroristas fanáticos desejam nada menos do que a destruição da civilização ocidental. Obama precisa sair do playground e amadurecer um pouco…

Rodrigo Constantino

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