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Um dos maiores ícones da História israelense, o ex-presidente e Prêmio Nobel da Paz Shimon Peres morreu na noite de terça-feira, aos 93 anos, informou a agência estatal Israel News Agency. Ele estava hospitalizado desde 13 de setembro depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral no início do mês. Com uma carreira de quase 70 anos, o político ajudou a construir o Estado de Israel, foi várias vezes ministro, duas vezes premier e é tido como um dos artífices das tentativas de paz com a população palestina.

Que descanse em paz! A paz que tanto tentou trazer para a região, para seu povo, mas que encontrou uma barreira quase intransponível no processo: o ódio alimentado pelos líderes muçulmanos. A maior injustiça talvez seja ele ter recebido o Nobel da Paz em conjunto com Arafat, que era um terrorista, e que fez de tudo para impedir a paz com Israel.

Segue, como uma singela homenagem ao povo de Israel, um trecho do meu livro Esquerda Caviar, no qual esclareço vários pontos distorcidos pela propaganda esquerdista mundo afora:

O ódio a Israel

Imagine uma região com um único e pequeno país democrático, próspero e respeitador dos direitos individuais e femininos, em meio a vizinhos que vivem sob regimes autoritários, opressores, e que tratam as mulheres como seres inferiores. Certamente o leitor dirá que esse pequeno símbolo de bom exemplo será destacado pelos intelectuais e pela mídia do Ocidente, certo? Errado.

Israel é vítima de inúmeras calúnias, assim como um perverso julgamento com duplo padrão. O máximo que alguns se permitem, por desconhecimento dos fatos, é evitar qualquer julgamento objetivo, simplesmente colocando palestinos e israelenses no mesmo barco, adotando uma postura “neutra”. Normalmente, Israel é mesmo o grande alvo dos ataques, principalmente por parte da esquerda caviar.

Israel está longe de ser um país perfeito. Aliás, perfeição não existe e jamais existirá, nunca é demais lembrar. Levantar a poeira da desinformação, resgatar o contexto da situação e julgar imparcialmente os envolvidos não é o mesmo que inocentar por completo um dos lados. É somente dar os devidos pesos aos fatos. Israel merece críticas, claro. Mas tem sido vítima de ataques infundados, parciais e injustos, fruto de interesses obscuros ou puro preconceito.

Como prova disso, basta citar que a Assembleia Geral das Nações Unidas no ano de 2012 adotou 22 resoluções específicas condenatórias contra Israel, e apenas quatro sobre o resto do mundo combinado, para Síria, Irã, Coreia do Norte e a Birmânia.

Segundo Dore Gold, em Tower of Babble, a ONU voltou 30% de suas resoluções de Direitos Humanos nos últimos 35 anos para o minúsculo estado de Israel. Como concluiu Osias Wurman, cônsul honorário de Israel no Rio, em um artigo no jornal O Globo: “O ataque desproporcional da ONU contra o Estado Judeu mina totalmente a credibilidade do que seria um órgão imparcial e respeitado internacionalmente”.

Isso ficou mais do que evidente quando um ataque palestino suicida, em janeiro de 2004, matou onze israelenses e feriu quase cinquenta pessoas. Kofi Annan, falando em nome da ONU, adotou a postura covarde de equivalência moral, e apelou em seu comunicado para que ambos os lados tentassem se livrar do ódio e devotar toda a energia pela paz. Compare essa “imparcialidade” com a declaração de Colin Powell, em nome dos americanos: “Uma vez mais, terroristas mataram pessoas inocentes”.

Yasser Arafat, pouco tempo depois de seu grupo praticar atentados terroristas, foi falar na ONU vestindo uniforme militar e carregando uma pistola sob o casaco. Seu discurso foi altamente beligerante, mas ovacionado pelos presentes. Como esperar da ONU alguma imparcialidade quando o assunto é Israel?

A primeira acusação contra aquele país costuma dizer respeito ao próprio direito de a nação judaica existir. Muitos antissemitas se escondem sob o manto do ataque apenas à Israel, e não aos judeus. Alegam ser antissionistas, não antissemitas. Mas isso é balela. Os judeus vivem naquela região há milênios. Desde 1880 que judeus europeus, em números significativos, deslocaram-se e estabeleceram-se no espaço onde hoje é Israel.

Quem aceita a Austrália como nação legítima não pode questionar a legitimidade da presença judaica onde é Israel. Várias nações surgiram por decisões políticas e diplomáticas, mas Israel parece ser a única julgada como não merecedora do direito de existir.

As terras adquiridas pelos judeus no Oriente Médio não foram fruto de colonização, mas sim compradas, muitas vezes de especuladores árabes que viviam no Líbano. Eram terras pobres, e os compradores eram refugiados de regimes opressores, que procuravam uma nova chance em um lugar onde seus ancestrais viveram e de onde foram expulsos.

A Judéia mudou de nome para Palestina no começo da era pós-Cristo, quando os judeus foram expulsos pelos romanos. Mas a região nunca deixou de contar com numeroso contingente judaico. Muitos viviam pacificamente com os árabes, até que Maomé desferiu atrocidades contra seu novo inimigo, chegando a massacrar homens, mulheres e crianças judias.

O ato mais cruel dos muçulmanos liderados por Maomé ocorreu na batalha contra o clã Bani Qurayzah, de judeus árabes. Derrotados os judeus e condenados à morte, valas estreitas foram cavadas, sendo então um por um, dos cerca de setecentos homens, deitados e decapitados com um golpe de espada, com os corpos jogados nos buracos.

O relato consta na biografia do profeta Maomé escrita por Barnaby Rogerson. A carnificina durou o dia todo, tendo sido o último grupo executado à luz de tochas. A brutalidade desse ato espalhou ondas de choque por toda a Arábia. Uma estranha maneira, para dizer o mínimo, de se pregar a palavra de Deus.

Para aqueles que repetem que o Islã prega a paz e o amor, convém voltar às suas origens. As ordens do profeta eram claras: “Jamais podem existir duas religiões na Arábia”. Outras passagens do Alcorão apagam qualquer margem a dúvidas: “Quando enfrentardes os que descreem, golpeai-os no pescoço”; “Se não sairdes para lutar, Deus vos castigará severamente e outros porá no vosso lugar”; “Onde quer que encontreis politeístas, matai-os, sujeitai-os, vencei-os, emboscai-os”.

Ainda assim, Tel Aviv foi uma cidade predominantemente judaica desde a sua fundação, em 1909. O argumento de que Israel é colonizador na origem e não tem sequer o direito à existência é injusto e falso. Não se sustenta pelos fatos históricos.

A Palestina sempre foi dividida em várias partes territoriais, sendo que a maior delas era governada, de Damasco, por um paxá. Mas não se pode dizer que os palestinos habitavam uma “nação” palestina antes da criação de Israel. A edição de 1911 da Encyclopaedia Britannica descreveu a população da Palestina como compreendendo grupos “étnicos” muito diferentes, falando não menos que cinquenta línguas. Eram vastas milhas sem habitação alguma, e tribos de beduínos espalhadas pela região.

Nunca houve uma união em forma de nação, criando uma Palestina única. Os judeus ocuparam, legal e pacificamente, uma pequena parcela desse vasto território, transformada em nação, por medidas de segurança, após a Segunda Guerra, quando ficara evidente a inviabilidade de convivência mútua entre judeus e muçulmanos, cujos líderes haviam apoiado abertamente o nazismo de Hitler.

[…]

Não adianta: qualquer ação que Israel tome para combater o terrorismo e proteger seu povo será vista como condenável. É a sua própria existência que não aceitam. A prova de que os líderes palestinos não querem de fato a paz está na oferta de Ehud Barak feita nas conversas em Camp David, em 2000. Foi recusada por Arafat, que sequer apresentou uma contraproposta.

Os judeus cederam em praticamente todas as demandas, inclusive a de um Estado Palestino com a capital em Jerusalém, o controle do Monte do Templo, a devolução de aproximadamente 95% da margem ocidental e toda a Faixa de Gaza, e um pacote de compensação de 30 bilhões de dólares para os refugiados de 1948.

O príncipe saudita Bandar exortou Arafat a aceitar a generosa oferta, afirmando que rejeitá-la seria um crime. Arafat, entretanto, escolheu o crime, pois seu terrorismo dependia da manutenção do inimigo, do bode expiatório. Como resultado, milhares de inocentes pagaram com suas vidas essa decisão absurda, com a intensificação dos ataques terroristas que se seguiram, tática deliberada do líder palestino.

Rodrigo Constantino

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