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Não há “lado ruim” na prisão de Lula: ela é extremamente necessária para o Brasil
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Com a decisão unânime do STJ de recusar o habeas corpus preventivo, a prisão de Lula ficou mais próxima. Ver Lula sendo preso tem um simbolismo enorme para o país, que convive há décadas com a impunidade dos poderosos. Como Merval Pereira comentou:

Além do fato de que mais uma derrota do ex-presidente Lula na justiça por unanimidade tem um significado político importante, uma das consequências dela é que não se pode mais falar em perseguição. Mas o resultado da votação no STJ comprova que está sendo montado um sistema jurídico para evitar a impunidade. O ministro Ribeiro Dantas mostrou, em seu voto, que a volta da jurisprudência para permitir a prisão em segunda instância faz com que o sistema judicial penal brasileiro fique mais efetivo. A intenção é acabar com uma impunidade que vinha se agravando a cada tempo, porque havia uma infinidade de recursos e muito frequentemente a condenação não saía.

Mas ainda há, no meio jornalístico, muitos que enxergam a eventual prisão com certa tristeza. É o caso de Ascânio Seleme, que foi diretor de redação do GLOBO por vários anos. Em artigo publicado hoje, o jornalista rejeita a tese de perseguição política a Lula, cita vários outros condenados pela Justiça, mas faz uma concessão indevida que trai a narrativa esquerdista por trás da análise:

O fato é que Lula foi condenado e deve ser preso, apesar do “exército” do Stédile e das bravatas de Gleisi e Lindbergh. E, paradoxalmente, esta prisão é ao mesmo tempo muito ruim e muito boa para o país. Muito ruim porque Lula foi o presidente mais popular do Brasil e fez um governo de inclusão que tirou milhões da pobreza. E, claro, porque prender um ex-presidente nos coloca na categoria dos “fujimoris”. No mundo inteiro, há apenas sete ex-presidentes condenados, seis cumprindo pena e um foragido. Para a imagem do Brasil, é péssimo figurar nesta lista. Já nos basta estar entre os mais-mais da corrupção global.

Mas também é bom ver um ex-presidente no cárcere porque a Justiça brasileira finalmente prova que é dura e cega, como deve ser. Dura porque não mitiga suas penas, e cega porque alcança a todos. Não era assim até há bem pouco tempo. Mas hoje, além de Lula, há outros 26 políticos, empresários e executivos condenados pela Lava-Jato. No Mensalão, 24 foram condenados. Alguns, como José Dirceu, são reincidentes e receberam sentenças nos dois escândalos.

Em primeiro lugar, Lula não fez um “governo de inclusão”, e sim um governo populista que surfou na onda chinesa e permitiu crescimento econômico, apesar de sua demagogia. Era, como ficou claro, um crescimento insustentável, que plantava as sementes do fracasso seguinte. Era um crescimento abaixo da média dos países emergentes. Não houve mérito de Lula, como o jornalista alega.

Em segundo lugar, o fato de o Brasil entrar na lista dos países com ex-presidentes presos não necessariamente é algo negativo. Ora, sabendo-se que Lula é culpado, criminoso, a alternativa de não prendê-lo não é manter o Brasil afastado dessa lista lamentável, e sim colocá-lo numa lista ainda pior: a dos países que não prenderam seus governantes corruptos porque vivem na impunidade!

Não prender Lula não vai apagar o fato de que ele foi um bandido no poder; vai apenas enaltecer o fato de que não punimos nossos governantes bandidos! Elementar, meu caro Seleme. Ou vamos embarcar na máxima de que o que os olhos não veem o coração não sente? Vamos jogar para baixo do tapete a realidade, na esperança de que as ilusões possam sobreviver? Vamos viver de aparências, para inglês ver?

Prender Lula, portanto, não tem um “lado ruim”. Só tem vantagens: mostra que o Brasil está finalmente combatendo a impunidade dos poderosos, fazendo a lei valer para todos. Mostra que o crime nem sempre compensa. Sinaliza que populistas demagogos não podem tudo, que o Brasil não é mais uma republiqueta das bananas, que a Venezuela não será nosso destino.

Nossos jornalistas, artistas e “intelectuais” precisam se desprender dessa imagem patética de que Lula foi um “líder popular” preocupado com os mais pobres. Tal narrativa não convence mais ninguém. Todos já sabem que Lula não passa de um oportunista safado, indecente, imoral, cínico, disposto a tudo para se dar bem, enriquecer, acumular poder, permanecer acima das leis. Está disposto inclusive a tacar fogo no país, desprezar nossa democracia, avacalhar a eleição, só para tentar fugir da prisão.

Por isso e muito mais sua prisão é tão necessária para o Brasil. Alguns artistas, jornalistas e “intelectuais” vão chorar, vão lamentar um fim tão melancólico do “operário popular” que só queria “ajudar os pobres”. Podem chorar à vontade: o povo brasileiro estará rindo, pulando de alegria, festejando nas ruas, estourando espumantes e tomando porres de felicidade. Vai ser um Carnaval fora de época. O Brasil merece isso!

Rodrigo Constantino

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