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Narrativa de imprensa é patética ao nivelar Trump e maluco coreano
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Eu confesso ao leitor que estava me sentindo um tanto sozinho com esta coluna na IstoÉ sobre o excelente discurso de Trump na ONU, cobrando clareza moral, ação objetiva e colocando os pingos nos is, ao lembrar que o regime venezuelano é uma catástrofe não por ser o socialismo desvirtuado, e sim sua versão mais fiel.

Mas, apesar de tudo ser bem óbvio para quem não perdeu o juízo, eis que não há nada mais modinha do que demonizar Trump. Tudo que ele diz tem que ser absurdo, caso contrário dá bug no cérebro da turma. E para atender a esta demanda da Beautiful People, os jornalistas parecem dispostos a qualquer papelão.

Foi com grata surpresa, portanto, que li a coluna do editor Carlos Andreazza no Globo de hoje. Não fico surpreso com sua habilidade em analisar o fenômeno, claro, mas feliz por ele ter escolhido isso como pauta, especialmente num veículo que tem liderado o esforço de deturpação de tudo que diz respeito ao presidente americano. Um ato de coragem. Eis os primeiros parágrafos, em que o autor já toca na ferida:

Não é irrelevante que se trate um comunista ditador assassino, que dispara mísseis por sobre territórios alheios, como folclórico, quase fofinho, um gordinho irresponsável, ao passo que tudo quanto feito ou falado por um chefe de Estado legitimamente eleito, regulado pela mais rígida institucionalidade, seja recebido como potencial ataque à humanidade.

O episódio recente que opõe o presidente dos EUA — na verdade, o mundo livre — ao déspota norte-coreano é o último grito da relativização, não raro inversão, de valores que adoentou a sensibilidade crítica mundial, com especial efeito neste país incapaz de ler e analisar. Porque é disto — de uma chaga da compreensão — que se trata, segundo se informa ao povo do Brasil: a ameaça real não vem do tirano que factualmente solta bala, mas do democrata que lembra ter muita bala para reagir.

Como não perceber a gritante diferença entre Trump e Kim Jong-un? Como ignorar o abismo moral intransponível entre ambos e entre seus países? Como forçar uma espécie de equivalência moral, ou tentar colocar a culpa no risco de guerra nuclear naquele que representa o mundo livre e cobra uma reação aos abusos constantes do tirano comunista? Se Churchill desafiasse Hitler no mundo de hoje, seria acusado de “fascista” e perigoso!

Andreazza ironiza o típico “liberal progressista” das redes sociais, dos jornais, do GNT People: “O brasileiro influente, homem do mundo, moderninho informado pela CNN, achou ruim. E assim, sem qualquer reflexão, a coisa se fixou. Porque, se vem de Trump, só pode ser negativo. Né?” E sabemos a resposta: sim, qualquer coisa que Trump diga tem que estar errado. Mesmo se ele constatar que 2 + 2 = 4.

Concluindo, Andreazza mostra o que realmente parece estar em jogo, a ponto de produzir tanta revolta, tanto ódio irracional, justamente daqueles que se dizem tão tolerantes e amorosos: “Mas tudo isso pode ser franja, espuma, coisa menor; e a reação histérica ao discurso de Trump decorrer verdadeiramente de ele haver falado, no plenário da ONU, em pátria, Deus e família. Oh!”

Nada mais a acrescentar.

Rodrigo Constantino

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