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O assédio do ator da Globo não pode ser culpa da sociedade
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Estava fora de casa resolvendo assuntos particulares e nem tomei conhecimento da notícia mais relevante do universo, a julgar pelas redes sociais: o assédio do “galã” da TV Globo José Mayer.

Não tenho muito o que acrescentar a comentários de amigos, que publico aqui com o único intuito de reforçar a mensagem de que nossa sociedade precisa abandonar o coletivismo, a transferência de responsabilidade para entes abstratos como “sociedade”, e começar a falar mais em ações individuais com volição.

Gustavo Nogy:

Essa história do José Mayer é muito elucidativa. Vocês sabem: ator da Globo assediou figurinista, figurinista denunciou e a casa caiu. E agora, José? Globo emitiu nota, atrizes protestaram, carnaval em Salvador, garanhão pediu desculpas por meio de carta pública. José Mayer é aquele sujeito que mulher nenhuma consideraria galã se não fosse ator da Globo. Virou ator, ficou bonito. Nos bastidores, quis conhecer biblicamente a figurinista. A figurinista, que não é religiosa, não quis conhecer biblicamente o tipo. Há quem garanta que é o jeitão dele mesmo, que não se trata de assédio de verdade, ele brinca com todo mundo. Não sei, não quero ter Mayer no meu cangote para tirar a prova. Mas o engraçado disso tudo, para além dos arreganhos justiceiros a que já estamos acostumados, é que José Mayer, que tem mulher e filha, disse que sim, errou, que “tristemente, sou sim fruto de uma geração que aprendeu, erradamente, que atitudes machistas, invasivas e abusivas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas. Não podem. Não são”. Vejam só como o tiro ideológico sai pela culatra da realidade. Progressistas e militantes adoram esse argumento: “sou criminoso porque fui levado a isso”. Agora, um machão esperto usou a seu favor: “sou fruto de uma sociedade machista”. Não, José Mayer, você não é fruto. Não é vítima. Você é um senhor já avançado em anos e sabe muito bem o que se pode ou não se pode fazer com as meninas. E, ao não aceitarmos a justificativa dele, não podemos aceitar as justificativas deles: progressistas e militantes. O homem é livre para fazer maldades: homicídio, tráfico de drogas, sequestro, assalto e, que coisa, até mesmo assédio sexual.

Guilherme Macalossi:

Fiquei sabendo por cima do caso de assédio envolvendo o ator José Mayer. Li, entretanto, a cartinha que ele mandou para a VEJA como “pedido de desculpas”. Em determinado momento de seu texto, ele se diz “fruto de uma geração que aprendeu, erradamente, que atitudes machistas, invasivas e abusivas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas”. Na prática, quer socializar sua culpa, colocando ela também na sociedade, que serve de pau para toda obra. A coletividade abstrata sempre surge como co-responsável dos canalhas individuais.

Os criminosos juvenis matam dentistas porque a sociedade os oprimiu. Os tarados apalpam vaginas alheias porque a sociedade é machista e patriarcal. Os corruptos afanam dinheiro público porque a sociedade é corrupta. A sociedade virou um recipiente de culpas para toda sorte de criminosos e vagabundos.

Lucas Berlanza:

1. Para minha surpresa, apareceram na minha timeline comentários repulsivos dando conta de que seria “normal”, produto da interação “espontânea” entre os sexos, adotar certas expansões gestuais – o que, no caso específico, aparentemente envolve tocar as partes íntimas de uma mulher sem o seu consentimento. Uma dica, “amiguinho”: cresça (independente da idade) e aprenda a diferença entre ser contra o politicamente correto e ser um inconveniente boçal.

2. O ator errou duplamente. A primeira quando, a julgar pela sua confissão, efetivamente cometeu o desatino. A segunda ao querer responsabilizar a “cultura” e a “sociedade”, a “geração machista” a que pertence por uma vergonha que é só sua. Geração machista é a pqp, seu covarde! Assuma a responsabilidade pelos seus erros em vez de querer jogar confete para plateia feminista.

Carlos Andreazza:

Não sou da geração de José Mayer. Fica o registro. Aliás, sou de geração nenhuma. Indivíduo responsável exclusivamente pelas próprias desgraças.

Bene Barbosa:

Ao culpar a “sociedade machista” Zé Mayer se esconde no refúgio criado pela própria esquerda. A desculpa dele é tão esfarrapada e mentirosa quanto a do pivete que bota fogo em um dentista durante um roubo ou daquele que atira em sua vítima porque ela “reagiu”. Foi duplamente canalha.

Bernardo Santoro:

Na geração Zé Mayer, os homens cumprimentam as mulheres pegando em suas partes íntimas.

Na geração nutella trans-globo, os homens cumprimentam outros homens pegando em suas partes íntimas.

Leva a mal não, mas a minha geração é a mais legal: o bom e velho beijo no rosto e sorriso na cara pras gatas; e o cumprimento de mão, com tapa nas costas, pros irmãos.

Francisco Razzo:

O assédio machista, a cantada fora de hora, o tom vulgar de um flerte e a piadinha infame sobre mulheres são alguns dos problemas ocultos e diluídos nas relações diárias de trabalho. O fato é que não se cria uma civilização presumindo que o homem é bom, demasiadamente bom e a cultura machista que corrompe. Rousseau estava completamente errado. Quando conservadores — os sérios e, nesse caso, os caricatos — falam em direito de defesa, a esquerda torce o nariz. No entanto, quer condição mais importante do que ensinar mulheres a se defenderem de machistas tarados? Não há. A relação homem e mulher na história sempre foi problemática justamente pela ameaça contra as mulheres. A “rua”, o “trabalho” e a “guerra” eram ambientes hostis e sujos. A casa, pelo contrário, o lugar sagrado e supostamente protegido. Isso é passado. Hoje todos coexistem em espaços não mais diferenciados. Mudou-se os espaços e a coexistência, mas não mudaram as ameaças O humano permanece. Alguma coisa de correta há no politicamente correto. Chamar atenção para a hostilidade machista dos homens, talvez. O problema é que o politicamente correto parece que descobriu ontem que o homem é um ser canalha e miserável. Eu não desrespeito as mulheres porque me sinto pressionado pelo politicamente correto, não desrespeito porque acho coisa de gente troglodita, gente bárbara, porca e nojenta. É com banho de civilização (bom senso) que se construirá o respeito necessário para a coexistência pacífica e não com textão no Facebook exorcizando os demônios da cultura.

Rodrigo Constantino

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