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O desejo natural de enriquecer
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“O problema com o catolicismo brasileiro é que entende de menos o Mercado e reverencia demais o Estado. Seu desamor aos ricos excede seu amor aos pobres. Gosta de distribuir riquezas mas não se esforça por facilitar a criação delas.” – Roberto Campos

Escrevi um texto sobre a primeira exortação apostólica do Papa Francisco, criticando alguns trechos sobre sistema político e econômico, e recebi críticas de alguns católicos, principalmente por conta desta passagem:

Depois a Igreja Católica fica perplexa ao constatar que perde cada vez mais espaço para os protestantes, que adotam discurso menos agressivo contra o capitalismo e o desejo natural que temos de enriquecer

Alguns leitores usaram essa frase para me criticar e me rotular como alguém que só pensa em dinheiro. Para eles, se falo em “desejo natural de enriquecer”, só posso ter em mente um Tio Patinhas da vida, alguém tomado pelo desejo febril de acumular mais e mais bens materiais, completamente seduzido pelo bezerro de ouro. Projeção freudiana?

Não é nada disso, gente. O desejo natural de enriquecer é o óbvio ululante: 99,99% das pessoas preferem melhorar suas condições de vida do ponto de vista de conforto material, sair de uma situação de menos recursos para mais recursos. Os 0,01% devem sofrer de alguma patologia, diga-se de passagem.

Claro que isso não é análogo a dizer que o dinheiro é tudo, que devemos ser extremamente gananciosos, que esse desejo deve ser desmedido, a nossa única prioridade, nada assim. Há muito mais que dinheiro na vida, não resta dúvida. Mas o dinheiro ajuda, não é mesmo?

Quem discorda da frase só pode concordar com a bandeira do “pobrismo”, ou seja, enaltecer a miséria em si. Teria de afirmar que as pessoas preferem ter menos bens materiais, tudo mais constante. Sério mesmo? E na hora que a saúde do filho apertar, não seria bom ter condições de pagar pelos melhores tratamentos? Ou o SUS é o ideal de todo católico agora?

Menos… Essa predileção pelo “pobrismo” é típica da esquerda caviar, que adora viver no luxo enquanto prega as maravilhas da vida simples na “comunidade”. Ser pobre não é o máximo. Logo, claro que temos um desejo natural de enriquecer, o que é diferente de desejar fortunas custe o que custar.

Quem interpretou meu texto dessa forma, sem se dar conta, mostra mais sobre sua verdadeira personalidade do que a minha, pois eu não tinha Bill Gates em mente ao escrever isso. A miséria não é chique. E apreciar a vida espiritual costuma ser melhor com a barriga cheia e os filhos em segurança. Alguém vai negar isso?

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