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O filósofo militante: não era mais barato fazer terapia?
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Guilherme Boulos, o filósofo militante. Fonte: Folha

O fenômeno “esquerda caviar” não é simples, tanto que listei 20 potenciais origens dele em meu livro sobre o assunto. Uma delas fala não sobre os tradicionais artistas ricos que enaltecem o socialismo, mas de intelectuais de classe média que abraçam ideologias anticapitalistas, muitas vezes com o uso da violência. Escrevi:

Nem todos os membros dessa esquerda caviar são ricos canalhas, herdeiros culpados, madames e jovens entediados, ou preguiçosos, claro. Há uma categoria relevante formada por intelectuais que vivem bem, mas que não são necessariamente abastados. Esses precisam de alguma explicação também. E Raymond Aron forneceu uma boa dica em seu magistral O ópio dos intelectuais.

Para o pensador francês, o marxismo ou o comunismo viraram uma espécie de “religião secular”, prometendo o paraíso terrestre em vez de aquele pós-morte pregado pelo cristianismo. O título já é uma clara provocação ao ditado famoso repetido por Marx, de que a religião é o ópio do povo. Para esses intelectuais, o comunismo era o ópio, a droga capaz de fornecer a fuga para a falta de sentido em suas vidas.

Para o típico intelectual, a reforma é uma coisa chata, enquanto a revolução é emocionante. Uma é prosaica, a outra poética. A revolução fornece ao intelectual uma pausa bem-vinda ao curso diário dos eventos rotineiros e incentiva a crença de que todas as coisas são possíveis. Por que pensar em como melhorar algumas questões do cotidiano, sempre imperfeito, quando se pode abraçar a utopia revolucionária de que todos os males que assolam a humanidade terão finalmente uma solução?

Isso me veio à mente ao ler hoje, na Folha, que há um filósofo entre os líderes dos invasores de terrenos e propriedades em São Paulo:

Há 12 anos, Guilherme Boulos deixou o conforto de casa num bairro de classe média para ajudar a montar barracas em áreas invadidas na Grande São Paulo.

Formado em filosofia, ele ficou conhecido em 2003, quando participou da coordenação da invasão a um terreno da Volkswagem, em São Bernardo do Campo.

[…]

Filho do médico Marcos Boulos, professor da USP e um dos principais especialistas em doenças infecciosas e parasitárias do país, o líder sem-teto não fala de sua vida pessoal. Sempre dá entrevistas, mas só para falar de políticas de moradia, do MTST e da Frente de Resistência Urbana.

No ano passado, Boulos se aproximou dos jovens ligados ao Movimento Passe Livre -responsável pela série de protestos pelo país que resultaram na redução da tarifa de ônibus em várias cidades.

Um misto de alienação, de sensibilidade mal calibrada, de ignorância econômica e de desejo por ação revolucionária talvez explique seu caso. Posso estar fazendo uma “psicologização” barata, mas como explicar algo tão bizarro? A única alternativa que vejo é assumir que o filósofo é apenas um oportunista em busca de fama ou seguidores. Ser líder de movimentos e seitas é um entorpecente e tanto.

Ironia das ironias, seu pai é “um dos principais especialistas em doenças infecciosas e parasitárias do país”. A única doença bastante infecciosa e parasitária que o médico pelo visto não foi capaz de identificar, muito menos curar, é justamente a estupidez ideológica. O sujeito investe na educação do filho, que faz filosofia na universidade, para depois vê-lo virar um militante invasor de propriedades particulares, um parasita do esforço alheio?

Deve ser muito triste para o pai. Se for o caso de uma revolta contra o “sistema”, a Lei, toda forma de autoridade, tudo isso fruto de um problema mal resolvido com o próprio pai, fica aqui a minha pergunta e sugestão: não era mais barato fazer terapia? Ao menos seria muito melhor para aqueles que querem trabalhar e produzir riquezas e empregos e precisam aturar filósofos militantes que lideram grupos de invasores comunistas por aí…

Rodrigo Constantino

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