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O retrospecto de Ciro Gomes e o risco que ele representa
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Por Jefferson Viana, publicado pelo Instituto Liberal

Com o impeachment da presidente Dilma Rousseff se aproximando, a esquerda brasileira já vem buscar a sua reorganização desde já. A personificação dessa reorganização está na figura do ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes, recém-ingresso em um dos partidos mais fiéis da quase exterminada base governista, o PDT. O paulista radicado no Ceará tem reunido em torno de si praticamente toda a esquerda, da ala social-democrata até os mais ferrenhos governistas petistas com o seu discurso.

Poderia ser a esquerda brasileira procurando um novo nome para renovar o espectro, após o fracasso do governo do PT. Mas, Ciro já é uma figurinha carimbada da política brasileira. Em 1979, o então estudante de direito da Universidade Federal do Ceará, foi vice-presidente da chapa “Maioria” na eleição da União Nacional de Estudantes. Tal chapa era apoiada pelo PDS, partido que dava sustentação ao governo militar e pelo mesmo PDS, Ciro foi eleito deputado estadual no estado nordestino em 1982.

No ano de 1983, Ciro trocava pela primeira vez de partido. Deixava o PDS rumo ao PMDB, partido pelo qual se reelegeu deputado estadual em 1986 e, dois anos mais tarde, Ciro liderou junto com Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso e Tasso Jereissati o racha interno do PMDB, que deu origem nascer o PSDB.

Pelo partido tucano que Ciro começa a ganhar expressão nacional, sendo eleito governador em 1990 e começando a formar uma máquina eleitoral forte no estado, tornando-se o mais novo coronel da política nordestina. Ao final do seu mandato como governador, é convidado pelo presidente Itamar Franco para assumir o Ministério da Fazenda, substituindo Rubens Ricupero pelo chamado “escândalo da parabólica”, ficando na cadeira até a posse de Fernando Henrique Cardoso.

Em 1996, sua máquina política elege seu irmão, Cid Gomes, prefeito da cidade de Sobral, ainda pelo PSDB. Após as eleições municipais de 1996, Ciro é convidado pelo presidente nacional do PPS, Roberto Freire para ingressar nas fileiras do partido. Nos anos de 1998 e 2002, Gomes se lança candidato à presidência pela legenda, ficando em terceiro lugar em 1998 e em quarto em 2002. Ciro consegue, ainda, com sua máquina política, eleger em 2002 sua ex-esposa, Patrícia Saboya ao Senado.

Com a posse de Lula, Ciro é convidado para integrar o Ministério da Integração Nacional, ocupando a pasta de 2003 até 2006, quando se lançou a deputado federal em mais uma troca partidária: Ciro deixava o PPS, que desembarcara da base governista e migrava junto com seu irmão Cid para o PSB. Neste contexto, Ciro elege-se deputado federal e o seu irmão,  governador do estado. Na eleição de 2006 Ciro coloca mais um integrante da família Gomes na máquina administrativa do Ceará, com a eleição de seu irmão Ivo Gomes para o cargo de deputado estadual, enquanto ajuda na reeleição de seus irmãos para os cargos de governador e deputado estadual e articula, no segundo turno, a campanha da candidata Dilma Rousseff à presidência da república pelo PT.

Ciro, então, é nomeado por seu irmão Cid para a Secretaria Estadual de Saúde em 2013, quando realiza mais uma troca partidária. Com o desembarque do PSB da base governista ele, e boa parte dos seus aliados políticos, se mudam para o recém-criado PROS. Em 2014, a máquina da família Gomes ajuda a eleger o petista Camilo Santana ao governo do estado. Tal fidelidade ao governo Dilma fez com que o irmão de Ciro, Cid Gomes, assumisse o Ministério da Educação. Porém, após uma discussão entre Cid e o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, envolvendo até troca de ofensas entre os dois, Cid perde o cargo de ministro.

Ciro Gomes já vinha preparando nos bastidores a sua volta ao cenário, deixando a área de articulação política e, no início desse ano, ele, seu irmão, Ivo e seus aliados deixam o PROS rumo ao PDT. Hoje, Ciro Gomes está sintonizando seu discurso com a militância acadêmica e política de esquerda, carentes de lideranças após os andamentos da Operação Lava-Jato e a queda gradual do ex-presidente Lula e da atual presidente Dilma Rousseff, para ser o candidato a presidência em 2018.

Reunindo em torno de si todos os “órfãos do PT”, Ciro Gomes não significa a renovação do sistema político e, sim, mais um dos políticos profissionais e fisiologistas que a população brasileira se cansou de ver e ouvir. Representa em si tudo que buscamos fugir, que é a fusão entre o socialismo e o fisiologismo, fusão essa que ajudou a deteriorar o país nesses últimos treze anos de governo do PT.

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