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Socialismo, corrupção e bondade
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Por João César de Melo, publicado no Instituto Liberal

Todos nós exercemos a bondade como estratégia de qualificação social. Ser reconhecido como uma pessoa boa nos ajuda a conseguir amigos, amantes, empregos e clientes. Como já disse Joseph P. Kennedy, “não importa o que somos, mas o que as pessoas pensam que somos”. Não há pecado nisso. Os problemas surgem quando a bondade é invocada como ferramenta de manipulação social.

Hitler apresentava-se como uma pessoa boa, que amava e queria o bem dos alemães. Seu grande ato de bondade foi levá-los à guerra, exterminar judeus e destruir os países vizinhos.

Stalin apresentava-se como uma pessoa boa, que amava e queria o bem dos russos. Seu grande ato de bondade foi tirar a liberdade de todos eles, assassinar ou deixar morrer de fome dezenas de milhões de pessoas que não estavam contribuindo com a sua bondade.

Papa Doc era um médico cheio de bondade. Era tão bondoso que foi eleito presidente do Haiti. Era tão bondoso que perseguiu e matou quase todos os opositores ao seu governo, já que eles tentavam impedir o exercício de sua bondade.

Pol Pot era outra pessoa cheia de bondade no coração. Estudou Lenin, Fundou o Partido Comunista Khmer e exterminou uma parte da população do Camboja para oferecer amor e dignidade à outra parte.

Cuba é governada há mais de cinco décadas por pessoas extremamente boas. Fidel Castro, com a ajuda de pessoas tão bondosas quanto ele, tomou o poder para eliminar a ganância e o egoísmo da sociedade cubana. Perseguiu, torturou e matou dezenas de milhares de cidadãos porque toda bondade tem seu preço. Hoje os cubanos vivem exclusivamente da bondade de seus líderes.

A bondade também reina na Coreia do Norte. Kim Jong-um adora crianças e persegue implacavelmente todos que se opõem à sua bondade.

Terroristas são pessoas boas. Explodem bombas invocando o Islã, que é a religião do amor, da tolerância e da bondade.

Na semana passada, em depoimento à Polícia Federal, o senador petista Delcídio do Amaral justificou sua tentativa de corromper um dos condenados pela Operação Lava Jato e de organizar sua fuga do país como sendo uma ação humanitária. Delcídio é uma pessoa boa.

Quando um político confessa sua corrupção, o faz apenas para conseguir algum benefício jurídico, mas o comum é que todos se digam pessoas boas que recorreram a meios “informais” para ajudar outras pessoas.

Qual é a pessoa mais bondosa da história do Brasil? Lula. Ele próprio afirmou isso diversas vezes. Quem ousa contestá-lo? Só quem tem ódio no coração.

Lula liderou o maior exercício de bondade que esse país já viu. Através de seu governo e de seu partido, roubou bilhões de reais de maus brasileiros para distribuir centenas de milhões de reais aos bons brasileiros, os mais pobres, aqueles que são excluídos pelo capitalismo. A moral socialista diz que a diferença entre o que foi tirado de uns e dado a outros é uma compensação pela bondade que foi empenhada.

A política é um exercício de bondade. Políticos são pessoas abnegadas, sem qualquer interesse pessoal, dedicadas a fazer justiça social. Brasília é a maior concentração de pessoas boas do país. O estado é a grande ponte da bondade.

Socialismo é bondade. Todos os movimentos socialistas são liderados por pessoas extremamente boas. A prova está em seus discursos. Nunca conseguiram sequer fazer uma granja funcionar, mas são pessoas boas e é isso o que importa.

A moral socialista diz que existem dois tipos de corrupção, a má e a boa. A primeira visa interesses privados. Eduardo Cunha. A segunda tem função social e por causa isso deixa de ser corrupção e se torna apenas solidariedade. O PT é um partido extremamente solidário.

Os políticos do PMDB e do PSDB têm bondade em seus corações. No coração dos petistas têm mais bondade, mas ninguém questiona que o PSOL é o partido que mais concentra bondade, afinal, entre seus militantes estão muitos artistas, e como sabemos, artistas são pessoas boas. A Rede também representa a bondade, já que sua principal líder veio da floresta. Pessoas das florestas são pessoas boas.

A bondade socialista também se dedica a apontar onde está a maldade. A maldade está nas pessoas que visam obter lucro depois de pagar salários, impostos e fornecedores. A bondade socialista indica que a maldade está em quem ousa decidir o destino de seu próprio lucro. A bondade socialista indica que a maldade está nas pessoas que ousam pensar em si mesmas e em suas famílias, que ousam acumular capital para tornar mais fácil a vida dos filhos, que ousam querer se defender da violência urbana, que ousam rejeitar um governo incompetente, mentiroso e ladrão.

A verdade é que o salto de qualidade de vida da humanidade registrado no último século não se deve a uma única manifestação de bondade. Todos os avanços científicos e tecnológicos que tornaram nossa vida imensuravelmente melhor do que a vida dos nossos antepassados foram produzidos por indivíduos que, em vez de fazer discursos lindinhos, dedicaram-se a transformar ideias em benefícios reais, práticos e acessíveis ao maior número de pessoas.

A sociedade precisa enxergar o mal por trás dos discursos de bondade. Precisa enxergar que os ladrões são aqueles que se apresentam como os promotores da “justiça social”. Precisa enxergar que por trás de todo discurso lindinho há um cretino ou um canalha ou a soma das duas coisas.

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