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Tese do "clube do cartel" perde força
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O PT tentou se defender do “petrolão” fazendo o que sempre fez: bancando a vítima. Os diretores da Petrobras, indicados pelo partido, seriam pobres coitados corrompidos por um “clube do cartel”, formado por empreiteiras malvadas e gananciosas que apareciam com malas irresistíveis de dinheiro.

No Brasil, país cuja mentalidade predominante costuma associar automaticamente lucro ao crime, a tese quase pegou. Até porque, convenhamos, as empreiteiras não são santas. O desejo de condenar ricos empresários e aliviar políticos é forte, e os executivos das empreiteiras é que foram parar atrás das grades.

Ocorre que os empreiteiros ficaram com medo de pagar o pato sozinhos, pois tinham fresco na memória o resultado do mensalão, com publicitário e banqueira ainda presos, e políticos do PT em casa. Começaram, então, a fazer denúncias que apontavam para algo bem diferente, e muito mais provável: era o PT que havia montado uma quadrilha na estatal e o esquema de propina era a única forma de fazer negócios com a empresa gigante.

A tese, bem mais factível, ganhou bastante força agora, na nova fase da Operação Lava-Jato, que mostra que o propinoduto tinha alcance internacional, que os tentáculos corruptos do PT atravessavam fronteiras e chegavam até a Ásia:

A nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira em São Paulo, Bahia, Santa Catarina e Rio de Janeiro, que leva o nome de My Way, revela um detalhado esquema de pagamento de propina de duas multinacionais da indústria naval, Keppel Fels e Jurong, para diretores da Petrobras e para o PT, por intermédio de seu tesoureiro João Vaccari Neto.

As duas multinacionais também pagaram propina a diretores da Sete Brasil, a empresa de afretamento de sondas do pré-sal, as chamadas plataformas FPSO (sigla para o termo em inglês floating production storage and offloading), nome técnico das sondas flutuantes que perfuram, armazenam e descarregam o petróleo retirado em alto mar. Segundo o documento de delação premiada do ex-diretor da Sete Brasil Pedro Barusco, Vaccari abocanhava em nome do PT dois terços da dinheiro pago por cada um dos estaleiros para levar o contrato de construção das sondas. A “comissão” equivalia a 1% sobre cada contrato firmado com a Petrobras e a Sete — porcentual que, por vezes, recuava para 0,9%, para que o montante total do contrato, inflado pelo dinheiro sujo, não “destoasse” dos preços internacionais.

A cada dia que passa a situação do PT fica mais complicada. A de seu tesoureiro, então, já está completamente insustentável. O ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, afirmou à Justiça, em acordo de delação premiada, que João Vaccari Neto recebeu de 150 milhões a 200 milhões de dólares em propina de 2003 a 2013, por meio de desvios e fraudes em contratos com a Petrobras. 

O PT é guloso. Muito guloso. Faz o “diabo” pelo poder. Mas só mesmo acreditando numa infindável estupidez do povo brasileiro o partido poderia tentar vender uma versão de que os diretores da estatal foram corrompidos por empresas malvadas. Pelo visto, esse “clube do cartel” é mesmo enorme e poderoso, e controla empresas até em Cingapura…

Rodrigo Constantino

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