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A esquerda imoral de Bresser-Pereira
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Em seu artigo de hoje na Folha, o professor emérito (!) da FGV, Luiz Carlos Bresser-Pereira, ataca a “direita” moralista. Não me perguntem como ainda consigo ler seus artigos, mesmo com a ajuda de um Engov e um Plasil. Precisamos conhecer o discurso de lá, não é mesmo? Vamos por partes:

Lula terminou seu governo com aprovação popular recorde, e com a direita brasileira sem discurso. Deixou, porém, para sua sucessora, a presidente Dilma, uma taxa de câmbio incrivelmente sobreapreciada, que, depois de haver roubado das empresas brasileiras o mercado externo, agora (desde 2011) negava-lhes acesso ao próprio mercado interno.

Sem surpresa, os resultados econômicos dos dois primeiros anos de governo foram decepcionantes. E, no seu segundo ano, foram combinados com o julgamento do mensalão pelo STF, transformado em grande evento político e midiático.

Sem surpresa para quem, cara pálida? Para os liberais da tal “direita” moralista, sim, foi sem surpresa a mediocridade do governo Dilma. Eu mesmo cheguei a apontar que viveríamos uma estagflação (e estamos praticamente lá). Mas para a esquerda? Haja cara de pau!

Esses desenvolvimentistas estavam celebrando a gestão de Dilma, ridicularizando os alertas dos liberais, soltando fogos de artifício com as marretadas na taxa de juros. E agora eles vêm falar, assim como quem não tem nada com isso, que o resultado medíocre era esperado? Mais um Engov!

Com isto o governo se enfraqueceu, e a direita brasileira recuperou a voz. Mas uma voz vazia, liberal e moralista. Liberal porque pretende que a solução dos problemas é liberalizar os mercados ainda mais, não obstante os maus resultados que geraram. Moralista porque adotou um discurso de condenação moral de todos os políticos, tratando-os de forma desrespeitosa, ao mesmo tempo que continuava a apoiar em voz baixa os partidos de direita.

Como é que é? A liberalização dos mercados (qual?) gerou resultados ruins? Onde? Quando? Do que esse senhor está falando, meu Deus?! Será que ele poderia citar um único exemplo concreto? Será que as privatizações foram ruins? Será que a abertura comercial da era Collor foi a causa de nossos problemas? Sério?

Outra coisa: discurso moralista? Quer dizer que condenar moralmente os políticos corruptos, “tratando-os de forma desrespeitosa”, é errado? Como é que alguém consegue publicar no maior jornal do país um texto desses? Se repudiar o mensalão é ser moralista, sou moralista com o maior orgulho! Triste é quem tenta relativizar a bandidagem, não é mesmo?

Quando o deputado José Genoino (condenado nesse processo porque era presidente do PT quando as irregularidades aconteceram) manifestou o quanto vinha sofrendo com tudo isso -ele que, de fato, sempre dedicou a sua vida ao país, e hoje é um homem pobre-, essa direita limitou-se a gritar que o Brasil era o reino da impunidade, em vez de perceber que o castigo que Genoino já teve foi provavelmente maior do que sua culpa.

Um: não foi condenado só por ser o presidente do PT na época, mas porque o presidente do partido tinha que autorizar a safadeza. Dois: Genoino dedicou sua vida ao comunismo, regime nefasto responsável pela morte e escravidão de milhões de inocentes; não ao país, como afirma Bresser-Pereira. Três: é pobre mas frequenta o hospital Sírio Libanês, o mais caro do país? Explica isso. Quarto: o castigo que o deputado merece é a punição legal, pois deveríamos viver sob o império das leis, igualmente válidas para todos (bandeira liberal e “moralista”, segundo o economista).

Os países democráticos precisam de uma direita conservadora e de uma esquerda progressista. Mas cada uma deve ter um discurso que faça sentido, em vez do mero moralismo que a direita vem exibindo.

Os países democráticos precisam de uma direita liberal e conservadora, algo que não existe no Brasil, com plena hegemonia de esquerda. E o discurso que faz sentido passa pelo moralismo, ao contrário do que pensa o economista. Ética é fundamental, afinal de contas.

O que o país não precisa é de economistas responsáveis por planos fracassados usando espaço no maior jornal do país para defender a corrupção e um modelo econômico decadente.

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